Com base nas questões propostas pela equipe da IHU On-Line, a pesquisadora Karen Lebacqz, ex-professora de Ética Teológica da Pacific School of Religion, em Berkeley, Califórnia, produziu o seguinte artigo, enviado com exclusividade, à revista. Favorável às pesquisas com células-tronco embrionárias, a pesquisadora afirma que é possível realizar tais pesquisas com respeito ao embrião. “Se respeito significa valorar a vida e existência de uma entidade em si mesma e não simplesmente por seu uso instrumental para meus fins, então certamente um embrião pode realmente ser respeitado. Eu entendo o respeito neste sentido mais amplo e creio que ele se aplica aos embriões e não simplesmente aos seres autônomos”. Confira mais detalhes no artigo a seguir:

Com a reprogramação celular, é possível gerar outros tipos de células e tecidos que viabilizam a cura de algumas doenças. Esses experimentos, explica o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) José Garcia Abreu Júnior, “ainda têm baixa reprodutibilidade, mas são muito promissores”. Questionado sobre a necessidade de utilizar células-tronco embrionárias para a elaboração de pesquisas, o professor argumentou que esse tipo de estudo ainda é indispensável, pois atua como fonte comparativa nos experimentos de reprogramação de células-tronco somáticas. “Estes estudos demonstrarão até que ponto uma célula reprogramada assemelha-se a uma célula-tronco embrionária”, disse o pesquisador, em entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line.  Sobre as discussões éticas que permeiam o debate das células-tronco embrionárias, ele salientou que os estudos estão sendo “desenvolvidos com o objetivo final de preservar a vida ou melhorar a qualidade dela”.

“Eu concordo com a idéia de que os embriões excedentes, que foram criados para fertilização in vitro, poderiam ser doados, com consentimento, e ser usados para a pesquisa que poderia conduzir às novas terapias médicas.” A declaração é de James Edgar Till, Ph.D. em Biomedicina, pela Universidade de Yale, em entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line. Ele fala também sobre os princípios das diretrizes que regem as pesquisas com células-tronco no Canadá e sobre a importância das pesquisas encontrarem maneiras de ajudar as pessoas que estão doentes, e não "controlar a natureza humana".

O professor titular e coordenador da Cátedra Unesco de Bioética da Universidade de Brasília (UnB) Volnei Garrafa está entre aquelas pessoas que não considera o embrião como uma pessoa. Em entrevista concedida por e-mail para a IHU On-Line, ele explica sua posição: “Por mais argumentos que cada um dos lados – favorável ou contrário à interpretação de que um embrião de alguns dias seja já uma pessoa -, acredito que jamais chegaremos a um consenso a respeito, por absoluta falta de elementos factuais capazes de provar de modo irrefutável uma ou outra teoria”. Doutor em Ciências e pós-doutor em Bioética, Volnei Garrafa é editor da Revista Brasileira de Bioética, e presidente do Conselho Diretor da Rede Latino-Americana e do Caribe de Bioética da Unesco (Redbioética). 

 “As nanopartículas de óxidos de ferro sintetizadas para marcação celular possuem diâmetros da ordem de 5-15 nm, o que possibilita sua incorporação pelas células. Além disso, por possuírem propriedades magnéticas, elas podem ser visualizadas em imagens de ressonância magnética. Assim, com a injeção em seres vivos de células-tronco marcadas com as nanopartículas, é possível acompanhar o seu percurso de modo não-invasivo.” A afirmação é da física Tatiana Midori, autora da dissertação Síntese e caracterização de nanopartículas para aplicações biomédicas, desenvolvida no Instituto de Física “Gleb Wataghin” (IFGW) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Os testes biomédicos deste trabalho foram realizados pelo médico Li Li Min e pela doutora Lília de Souza Li, da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), da Unicamp. Para Midori, “a colaboração entre as áreas da física e da medicina tem gerado linhas de pesquisa cada vez mais interessantes e inovadoras, e a nanotecnologia é apenas uma delas”.