“Um dos eixos norteadores da Economia Solidária é a autogestão, a cooperação e a solidariedade”, afirma a Irmã Lourdes Dill. Ela aponta as pequenas iniciativas como importantes contribuições na geração de trabalho e renda nas cidades, e diz que a Economia Solidária “cresceu muito nos últimos anos no Rio Grande do Sul, no Brasil e no mundo inteiro”.

Há 17 anos, Roque Spies  trabalha em grupos de reciclagem, e conta que geralmente “as pessoas procuram a reciclagem como último recurso de obter alguma renda”. Entretanto, ressalta que muitas pessoas tiveram a oportunidade de melhorar de vida, através desse trabalho. Ao longo de sua profissão, ele aprendeu que, para obter uma renda satisfatória, é necessário ter “disposição para o trabalho coletivo”. Mas pontua que o trabalho com reciclagem gera muita cobrança da sociedade, que exige trabalhadores “ambientalmente corretos”. Sobre essa questão, ele dispara: “Adquirir esta consciência demanda muita reflexão que é dificultada pela busca do pão”.

Para a economista Maria Nezilda Culti, “as universidades brasileiras têm as melhores condições para ajudar no desenvolvimento da Economia Solidária. Ela o faz por dois caminhos: o da pesquisa e o da extensão. As atividades de extensão abrem campo para a pesquisa, que, por sua vez, retorna o conhecimento e os resultados, ajudando a elaborar e reelaborar concretamente as ações na extensão. Ou seja, estamos falando de um processo de construção e reconstrução de conhecimento por meio da práxis”. As declarações foram dadas na entrevista a seguir, concedida por e-mail à IHU On-Line.

De acordo com o sociólogo uruguaio, Pablo Guerra, a economia de seu país está sendo construída pelos setores populares, “muitas vezes excluídos do mercado capitalista de trabalho”. Ele afirma que o Governo Nacional do Uruguai ainda “não conta com políticas específicas dirigidas ao setor”.Ao lado da Economia Solidária, o sociólogo considera as questões ambientais fundamentais para o auto-sustentabilidade do planeta e pondera: “Se não mudamos a forma de fazer economia em todas suas variantes (desde a produção até o consumo), então as conseqüências ecológicas serão terríveis para toda a humanidade”.

A Economia Solidária, explica Vera Regina Schmitz, coordenadora da Fase III do mapeamento no Rio Grande do Sul, “significa um novo jeito de se fazer economia e uma nova cultura do trabalho”. Nesta terceira fase do mapeamento, afirma ela, o Rio Grande do Sul já mapeou 450 empreendimentos até o final do mês de maio, que foram somados aos 1.634 que já faziam parte do Banco de Dados do SIES.