“O mundo do trabalho, hoje, não permite relações fortes e estáveis”, afirma a psicóloga Beatriz Gang Mizrahi, em entrevista por e-mail à IHU On-Line. Para ela, os pais estão expostos a uma sociabilidade frágil, e por isso estão com dificuldades em estabelecer vínculos de confiança com os filhos.

Para a psicóloga e professora da PUC-Rio, Andréa Seixas Magalhães, na contemporaneidade, a “paternidade tem sido permanentemente desafiada”. Ela explica que os diferentes arranjos familiares, constituídos nos últimos anos, estão contribuindo para as transformações no exercício da paternidade. Ela  também destaca que as vivências atuais, entre pai e filhos, influenciarão e “moldarão os modelos paternos futuros”.

“Na família contemporânea, ter pai e mãe não deixou de ser importante. O que mudou é a consciência de que esta não é a única maneira de constituir uma família. O que importa é que, nas mais diversas configurações familiares, possa existir alguém que assegure a existência de um vínculo afetivo que dê conta das necessidades básicas para um desenvolvimento saudável da criança. Na psicologia, chamamos isso de função paterna e função materna, as quais, necessariamente, não precisam ser exercidas por um homem e uma mulher, unidos legalmente pelo matrimônio, como antigamente se acreditava.”

As estruturas familiares estão em constante mudança, afirma o psicólogo Marcelo Spalding Verdi, em entrevista à IHU On-Line. De acordo com o psicólogo, as transformações sociais contribuíram para que as famílias do mundo ocidental se tornassem “agrupamentos mais complexos no que se refere aos vínculos e às relações econômicas entre seus membros”. 

Na cultura ocidental, a função paterna sempre esteve atribuída ao pai. No entanto, Jacques Lacan, em seus estudos, sinaliza que “a figura do pai está desgastada, em declínio”, explicam as psicólogas Marilene Marodin e Tânia Vanoni Polanczick, na entrevista concedida, por e-mail, à IHU On-Line.