Segundo o frei dominicano Carlos Josaphat, na encíclica Mater et Magistra, João XXIII oferece aos fiéis e a todos os cidadãos uma mensagem grandemente original e com rara felicidade: uma síntese de ética social, essencialmente humana, elevada e movida por um notável elã evangélico

A Doutrina Social da Igreja busca o equilíbrio entre o “princípio da reciprocidade” e o “princípio da gratuidade”. “O dom e a comunhão requerem uma compreensão metafísica da pessoa enquanto ‘ser para a doação’”, afirma o jesuíta peruano Ricardo Antoncich

A encíclica de João XXIII, “sem fazer condenações, sem entrar em polêmicas, propõe uma síntese entre comunismo e capitalismo, uma alternativa entre os dois modelos, não excluindo um e outro, mas buscando o melhor, o mais permanente”, explica o advogado mineiro Patrus Ananias

Ar, água, solo, saúde, conhecimento, segurança, trabalho, memória etc.: os “bens comuns” são o principal instrumento do ser e do viver juntos. E são centrais à realização do Bem Comum, representado pela existência do outro, defende o economista e cientista político italiano Riccardo Petrella

Para o economista italiano Stefano Zamagni, o exercício do dom é o pressuposto indispensável para que Estado e mercado possam funcionar, tendo como objetivo o bem comum. Sem práticas ampliadas do dom, é possível ter um mercado eficiente e um Estado competente e até justo, mas as pessoas não poderão realizar a alegria de viver