Edição 496 | 31 Outubro 2016

Morte. Uma experiência cada vez mais hermética e pasteurizada

close

FECHAR

Enviar o link deste por e-mail a um(a) amigo(a).

Redação

No filme O Sétimo Selo (1957), de Ingmar Bergman, em meio ao cenário de dor e devastação causadas pela peste negra, um cavaleiro trava um embate com a morte. A partir desse enfrentamento, ele reelabora o sentido da vida. Essa perspectiva de Bergman suscita reflexões sobre a importância de se pensar na morte como caminho para entendimento sobre a vida. O contraditório é que nos tempos atuais a morte parece cada vez mais silenciada. Luto e ritos fúnebres e de memória são abreviados. Estes são alguns aspectos em debate na edição desta semana da revista IHU On-Line.
Imagem da capa: cena do filme “O sétimo selo”, de Ingmar Bergman | Foto: Divulgação/Versátil Home Vídeo

Para o teólogo Leonardo Boff, a vida se estende para além da morte.  Assim, apresenta a ideia da transfiguração e conclusão de algo iniciado na irrupção do parto.

 

O psicólogo e teólogo Thomas Heimann analisa como o fim da vida é invisibilizado nos dias de hoje através de uma morte hermética, breve e pasteurizada.

 

David Le Breton, antropólogo e sociólogo francês, discute a corporeidade da morte e como o ser humano, em alguns casos, precisa caminhar sobre a linha do perecimento para dar sentido a sua existência.

 

Ao longo da edição, diversos pesquisadores e pesquisadoras analisam as inúmeras faces e representações da morte. O mexicano Rafael Lopez Villasenor, doutor em Ciências Sociais e mestre em Ciências da Religião, analisa as peculiaridades das celebrações dirigidas aos finados no México. 

 

Diego Irarrazaval, escritor e teólogo chileno, reflete sobre o fim da vida a partir da cosmologia dos povos originais, essencialmente os latino-americanos. 

 

Bárbara Rossin Costa, mestranda em Antropologia Social pelo Museu Nacional – UFRJ, atualmente pesquisa a gestão da morte conduzida por aparelhos jurídicos e saberes médicos. Assim, observa a importância de se humanizar o fim da vida para então melhor conjugar noções de individualismo, naturalismo e hedonismo.

 

Sandra Stoll, doutora em Antropologia Social e professora aposentada do Departamento de Antropologia da Universidade Federal do Paraná, observa como a morte hoje é representada de forma banal, através da espetacularização da morte na imprensa.

 

O psicanalista Mário Corso analisa a importância de se construir uma espécie de cemitério interno, vivenciando todos os passos para a elaboração das perdas.

 

Em tempos de redes sociais, a presença da morte nesses dispositivos tecnológicos é inevitável. As sociólogas estadunidenses Jennifer Branstad e Nina Cesare analisam de que forma o tema emerge nesse contexto.

 

A morte também se perfaz na face da perda. É nesse sentido que a célebre Pietà, de Michelangelo, sintetiza esse momento. O jornalista e professor Vitor Necchi analisa a influência dessa imagem e suas releituras no cinema.

 

A música tem um papel importante na ressignificação da morte. É nesse sentido que José Reinaldo Felipe Martins Filho, professor no Instituto de Filosofia e Teologia de Goiás, no Instituto de Filosofia e Teologia Santa Cruz e na PUC-Goiás, analisa composições que preparam o silêncio do luto. E o tom da morte emerge em diversos gêneros da música. Fernando Lewis de Mattos, professor do Departamento de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, observa que são diversas as canções que exprimem a despedida da vida.

 

Maria Helena Pereira Franco, professora titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP, fundadora e coordenadora do Laboratório de Estudos e Intervenções sobre o Luto – LELu, da PUC-SP, vê o luto como peça fundamental na montagem da ideia de morte.

 

A importância da comemoração dos 500 anos da Reforma que inicia nesta segunda-feira, 31 de outubro, e seus significados, amplamente debatidos nas Notícias do Dia, atualizadas diariamente e publicadas na página eletrônica do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, é tema de destaque nesta edição.

 

Contribuem no debate Ricardo Willy Rieth, doutor em História da Igreja e vice-reitor da Universidade Luterana do Brasil – Ulbra, Vítor Westhelle, professor de Teologia na Escola Superior de Teologia – EST e na Lutheran School of Theology at Chicago – LSTC, Wanda Deifelt, teóloga, professora  e coordenadora do departamento de Religião da Luther College, na cidade de Decorah, estado de Iowa, EUA e Bernhard Sydow, bacharel em Música e mestre em Educação.

 

“Quatro projetos de Brasil e suas relações com a América Latina” é o artigo de Bruno Lima Rocha, professor no curso de Relações Internacionais da Unisinos.

 

A todas e todos, uma boa leitura e uma ótima semana.

Últimas edições

  • Edição 552

    Zooliteratura. A virada animal e vegetal contra o antropocentrismo

    Ver edição
  • Edição 551

    Modernismos. A fratura entre a modernidade artística e social no Brasil

    Ver edição
  • Edição 550

    Metaverso. A experiência humana sob outros horizontes

    Ver edição