Edição 549 | 10 Agosto 2021

Editorial - Caetano Veloso. Arte, política e poética da diversidade

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Mais do que um expoente da música brasileira, Caetano Veloso é um dos mais profícuos e inclassificáveis tradutores da multiplicidade estética e política do Brasil. Manteve-se, sempre que pôde, longe dos rótulos e de um militantismo rasteiro, mas fez do compromisso com sua arte um caleidoscópio que reflete o Brasil em sua absoluta riqueza. Nesta edição da IHU On-Line apresentamos esse caráter multifacetado de Caetano Veloso em uma série de entrevistas.

Aproveitamos o ensejo para anunciar a parceria entre o Instituto Humanitas Unisinos – IHU e Pedro Teixeira na realização desta edição da revista e do curso livre Transcaetanos. Tempo, tempo, tempo, tempo. O evento se inicia no dia 12 de agosto e segue até 9 de setembro de 2021 e é gratuito. As atividades ocorrem às quintas-feiras, das 14h às 16h, por meio de videoconferências, nas plataformas digitais do IHU. Saiba mais em bit.ly/curso-transcaetanos.

 

capa da revista IHU On-Line

 

Júlio Diniz, Decano do Centro de Teologia e Ciências Humanas – CTCH da PUC-Rio, é um dos entrevistados desta edição e aborda os múltiplos encontros de Caetano Veloso com os muitos brasis quem compõem o Brasil. “Ele [Caetano] é um dos vagalumes de que falava Pasolini, uma espécie de criatura pequena, delicada, potente, que sobrevive às luzes poderosas que nos querem cegar na contemporaneidade”, propõe.

Para Frederico Coelho, professor do Departamento de Letras da Pontifícia Universidade Católica – PUC-Rio, a obra de Caetano é perpassada por uma articulação de diferentes dimensões da complexa história cultural do Brasil. “É conhecida a veia sebastianista de Caetano nesse período, e ‘Tropicália’ liga Pero Vaz de Caminha a Brasília, projeta justamente o paradoxo que nos impede de atingir um horizonte que podemos chamar de ‘primeiro mundo’”, avalia.

Acauam Oliveira, professor da Universidade de Pernambuco - UPE, faz uma minuciosa leitura sobre como Caetano Veloso vê o mundo desde si mesmo, mas de uma maneira rica. “Não é só análise de personagem nem exposição subjetiva, mas a defesa de algum ponto de vista crítico. É sempre um olhar que olha para si olhando para o mundo, como aparece de forma explícita em canções como Sampa”, sugere.

A análise de Pedro Teixeira, professor na Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF, passa por pensar a trajetória musical de Caetano Veloso em sua perspectiva vanguardista. “[Caetano] Pensava no ridículo muro que separava a MPB, ‘politizada’, da Jovem Guarda, ‘alienada’, e em como destruí-lo, para que os eflúvios de um Roberto Carlos pudessem confluir em um mesmo grande e vigoroso rio da música popular brasileira”, frisa.

Guilherme Wisnik, crítico e curador de arte e professor na Universidade de São Paulo – USP, fala sobre como Caetano aborda nossas alegrias e nossos fracassos de forma poética. “É um olhar, como diz o próprio Caetano, um olhar barroquizante, que ostenta as nossas próprias falências e com isso inverte toda a perspectiva do desenvolvimentismo”, destaca.

Miguel Jost, mestre e doutor em Estudos de Literatura pela PUC Rio, traça um panorama da história de Caetano Veloso em perspectiva política e estética com o Brasil. “A alegria como manifestação da potência de estar vivo, mas sempre como a percepção clara de que ‘tudo é perigoso, tudo é divino e maravilhoso’ é uma espécie de bússola para essa linha que conecta tantos artistas brasileiros”, afirma.

Adalberto Müller, escritor e professor da Universidade Federal Fluminense – UFF, analisa como a obra de Caetano Veloso oferece saídas aos dilemas do Brasil. “Existem pessoas que apontam para problemas do Brasil, como, por exemplo, em termos de arte, é o caso de Machado de Assis, de Graciliano Ramos, mas outras apontam para saídas, como é o caso de Guimarães Rosa, de Clarice Lispector e de Caetano Veloso”, explica.

A edição ainda conta, na seção Minha tese em quatro perguntas, com a apresentação da tese de Ricardo Machado intitulada Semiofagias canibais, inspirada pelo pensamento nativo do Brasil. Apresentamos ainda os Cadernos IHU ideias Pindó Poty é Guarani!, de Aloir Pacini e Roberto Liebgott, e Indígenas nas cidades: memórias “esquecidas” e direitos violados, de Alenice Baeta, além dos Cadernos Teologia Pública A Igreja e a união de pessoas do mesmo sexo: O Responsum e a possibilidade de novas abordagens de Andrea Grillo e A Igreja e as uniões do mesmo sexo: O Responsum e suas implicações pastorais de Michael G. Lawler e Todd A. Salzman.

A todas e a todos desejamos uma boa leitura!

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