De acordo com o biólogo Leonardo Colombo Fleck, pesquisas recentes demonstram que “o processo de desmatamento da Amazônia está reduzindo a umidade do ar a tal ponto que chegará um momento em que a região sofrerá um processo continuado e irreversível de savanização”. E sentencia: “considerando o avanço atual do desmatamento, poderemos ainda ter a oportunidade de vivenciar esse processo em nossa própria geração, até a metade desse século". O motivo dessa catástrofe tem explicação: “Ao longo dos últimos 40 anos, 20% da floresta amazônica foram derrubados. Isso é mais do que nos 450 anos anteriores de colonização do país. Estima-se que outros 20% serão derrubados nas duas próximas décadas”.
De acordo com o pesquisador Paulo Maurício Lima de Alencastro Graça, integrante do Departamento de Ecologia, Divisão de Bioecologia, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), “a cultura da soja na Amazônia teve um impacto muito grande na floresta Amazônica, principalmente em Mato Grosso, ao longo da rodovia BR-163, no final dos anos 1990, quando ocorreu o boom da soja em conseqüência do seu preço no mercado internacional, que era bastante compensador na época. Porém, o grande vilão da floresta continua sendo a pecuária extensiva, ou seja, a conversão de florestas em pastos para gado bovino. Pode-se dizer que 80% do desmatamento da Amazônia deve-se à pecuária”.
Há uma relação direta entre desmatamento e flutuações climáticas na Amazônia, disse por telefone o meteorologista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Luiz Augusto Toledo Machado. “No momento em que temos uma floresta, nós temos um ciclo da água, um ciclo de energia, em função de se ter uma floresta que retém bastante água. Quando retiramos a floresta, e tiramos a cobertura vegetal, mudamos esse ciclo. Certamente vai se criar outro cenário climático na região. O balanço da água e de energia serão totalmente modificados”, afirmou Machado.
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