O mundo moderno é o mundo sem política: Hannah Arendt

Por e-mail, a filósofa espanhola Fina Birulés afirmou, com exclusividade à IHU On-Line, que, na obra de Hannah Arendt, pode ser localizada uma « crítica radical da política representativa », bem como uma « aposta pela participação. Mostra disso são tanto sua aposta pelo movimento dos conselhos de operários como sua distinção entre o contrato social e o contrato mútuo”. Entretanto, Birulés alerta: “a obra de Arendt não nos proporciona um “manual de instruções” sobre como deveríamos proceder”, além de “não se limitar a contar com o já pensado e atrever-se a pensar o novo de nosso tempo”.

“O indivíduo que não pensa e se torna cúmplice dos crimes: essa é a banalidade do mal diagnosticada por Hannah Arendt como a conseqüência dessa tradição filosófica que quase mumificou a estrutura do ser e nos marginalizou. Por isso, Arendt vai iniciar o projeto sobre a política no contexto da diferença ontológica de Heidegger. Política faz a diferença, política cria a ontologia, a possibilidade do Novo. Arendt ainda tem o otimismo pensando a dignidade da política”, disse o filósofo iugoslavo, radicado no Brasil, Miroslav Milovic, em entrevista exclusiva, concedida por e-mail à IHU On-Line.

Ao refletir sobre o significado da banalidade do mal, fórmula com a qual Hannah Arendt descreveu o comportamento do carrasco alemão Adolf Eichmann, a filósofa francesa Françoise Collin, do Centre Parisien D’Études Critiques, afirma: “A banalidade do mal é o mal da covardia, que faz nos afastarmos do assassinato dos próprios vizinhos como se não nos dissesse respeito. E, mais geralmente, que se ‘deixe fazer’, fechando-se sobre o único cuidado de si”. A declaração foi concedida com exclusividade, à IHU On-Line, por e-mail.