Edição 337 | 09 Agosto 2010

Uma aposta decidida pelo trabalho com os mais pobres e excluídos

close

FECHAR

Enviar o link deste por e-mail a um(a) amigo(a).

Graziela Wolfart

Para o jesuíta Alfredo Ferro, coordenador do setor do apostolado social da Conferência de Provinciais Jesuítas na América Latina – CPAL, há claramente uma aposta decidida pelo trabalho com os mais pobres e excluídos e com uma clara consciência de trabalho em redes

A concepção de trabalho social para os jesuítas do século XXI, na visão de Alfredo Ferro, é “visão e horizonte amplo, com um olhar crítico da sociedade e do modelo neoliberal imperante, onde é necessário que se dêem transformações significativas nos campos social, político, econômico e ambiental, respondendo ao ‘grito’ das grandes maiorias por uma vida digna”. A declaração foi feita na entrevista que segue, concedida por e-mail à IHU On-Line, onde também afirmou que “talvez tenha sido no período do generalato do Pe. Arrupe que o apostolado social na Companhia de Jesus teve maior impulso e criatividade, devido às diversas iniciativas empreendidas e ao contexto que se vivia, como aos desafios que a realidade apresentava, onde tanto a sociedade como a Igreja (Concilio Vaticano II) sofriam grandes mudanças e onde certamente se ventilavam ares revolucionários”.

Alfredo Ferro Medina, padre jesuíta, colombiano, é delegado e coordenador do setor do apostolado social da Conferencia de Provinciais Jesuítas na América Latina – CPAL, com sede no Rio de Janeiro.

Confira a entrevista.

IHU On-Line - Como o senhor avalia o trabalho social dos jesuítas na América Latina desde a criação dos CIAS até os dias atuais? O que mais mudou ao longo desta trajetória?

Alfredo Ferro - Difícil responder a esta pergunta em poucas linhas, pois são 60 anos. No entanto, poderia dizer que talvez tenha sido no período do generalato do Pe. Arrupe , que o apostolado social na Companhia de Jesus teve maior impulso e criatividade, devido às diversas iniciativas empreendidas e ao contexto que se vivia, como aos desafios que a realidade apresentava, onde tanto a sociedade como a Igreja (Concilio Vaticano II) sofriam grandes mudanças e onde certamente se ventilavam ares revolucionários. O 4º decreto da Congregação Geral número 32, do ano de 1975, marcou a Companhia ao definir a missão institucional como: serviço da fé e promoção da justiça. Dentro desta perspectiva, o Pe. Arrupe confirmou e animou aos CIAS (Centros de Investigação e Ação Social) e posteriormente eles foram confirmados e apoiados pelo governo geral do Pe. Kolvenbach , mediante o estímulo que foi dado ao Secretariado de Justiça Social por Roma, que acompanhou e animou o processo destes centros sociais e em geral da ação social da Companhia. Nestes anos mudaram muitas coisas. Talvez o mais significativo tenha sido o compromisso que a Companhia assumiu, por inspiração também do Pe. Arrupe, com o Serviço Jesuíta aos Refugiados - SJR , que atende não só a refugiados, como também a deslocados internos e migrantes e que está presente em todos os continentes, sendo hoje uma das ações prioritárias não só do apostolado social, como de todo o corpo da Companhia Universal.

IHU On-Line - Como o trabalho da CPAL se enquadra na proposta dos CIAS?

Alfredo Ferro - Creio que hoje não poderíamos falar propriamente de CIAS. No atual contexto latino-americano e da Companhia de Jesus na América Latina e no Caribe falamos de centros sociais, já que esses CIAS iniciais foram adquirindo, em cada país, características diferentes e, por isso mesmo, mudaram de nome. Reconhecendo as diferenças e as particularidades, eu diria que os centros sociais atuais têm quatro características fundamentais em suas práticas: 1-. Reflexão e pesquisa 2-. Formação e capacitação 3-. Ação social e 4-. Incidência política. Corresponde à CPAL e concretamente à coordenação do setor social: animar, dinamizar, criar sinergias, impulsionar projetos e acompanhar as ações dos quase 40 centros sociais que temos. No entanto, mais que ao setor social da CPAL propriamente, tal responsabilidade é do corpo da Companhia e dos superiores maiores que devem impulsionar em cada província o fortalecimento e consolidação dos centros sociais.

Últimas edições

  • Edição 552

    Zooliteratura. A virada animal e vegetal contra o antropocentrismo

    Ver edição
  • Edição 551

    Modernismos. A fratura entre a modernidade artística e social no Brasil

    Ver edição
  • Edição 550

    Metaverso. A experiência humana sob outros horizontes

    Ver edição