Edição 335 | 28 Junho 2010

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Suzana Kilpp - Professora da Unidade de Ciências da Comunicação

“Um dia, numa livraria de aeroporto, comprei do nada o livro Dance, dance, dance, de um escritor japonês do qual nunca ouvira falar. Comecei a ler na sala de embarque e até hoje não parei de ler, sempre que encontro, é claro, esse cidadão do mundo cujo nome não consigo lembrar, embora seja fácil de pronunciar: Haruki Murakami. Dance, dance, dance é uma espécie de Neuromancer (que virou Matrix no cinema) sem tecnologia: é pura fabulação imaginadora. No terceiro que li, Kafka à beira-mar, a fabulação é perpassada o tempo inteiro pelo vasto e eclético repertório do autor, que vai citando e misturando em múltiplas tramas - situadas num Japão para sempre marcado pelas bombas atômicas - obras e personagens da literatura, cinema, música, filosofia (com destaque para Bergson) e história com os quais tenho grande empatia. Em seu relato sobre como o adolescente japonês Kafka foge de seu pai para encontrar-se freudianamente com a mãe, Murakami tece um rizoma com infindáveis linhas de fuga, e acaba dando a ver a complexidade da vida e da imaginação contemporânea, onde até um velho fala com uma pedra que se abre e fecha para mundos indiscerníveis e ouve gatos que fogem de um caçador de almas chamado Johnie Walker, meu uísque preferido. É uma fabulação bergsoniana no melhor sentido memorial e literário. Como eu podia não ter sido capturada? Recomendo tudo”.

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