Edição 219 | 14 Mai 2007

Rômulo José Escouto

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Natural de Cachoeira do Sul, Rômulo Escouto é um advogado dedicado à causa trabalhista. Bacharel em Direito pela PUCRS, obteve mestrado em Ciência Sociais Aplicadas na Unisinos, onde leciona na graduação em Direito. Aos 47 anos, além de professor, é presidente da Associação de Docentes da Unisinos e tem um escritório de advocacia. Casado há vinte anos, com duas filhas, aproveita as horas vagas com a família e ainda pratica o automobilismo. Conheça um pouco mais deste professor na entrevista a seguir.

Origens - Nasci em Cachoeira do Sul, município a 200 quilômetros de Porto Alegre. Tenho 47 anos. Nasci nessa cidade de um modo um pouco acidental. Meu pai era agricultor e nós vivíamos no campo, onde conseguíamos plantar. Na época em que eu nasci, estávamos próximos a Cachoeira do Sul. Passado mais algum tempo, aconteceram alguns problemas na lavoura, e meu pai acabou indo trabalhar na cidade e viemos para Porto Alegre.

Mudança - Quando nós chegamos a Porto Alegre, em 1966, meu pai começou a trabalhar como guarda em uma obra de construção. Toda a família foi morar com ele nesta obra. Posteriormente, moramos em um lugar extremamente retirado na época, no bairro Teresópolis, em Porto Alegre, que em 1966 era muito calmo. Era uma chácara, com uma casa de pátio grande. Lá, tínhamos contato com a terra e podíamos jogar futebol na rua, pois não havia nem calçada na época. Havia uma lomba enorme, onde andávamos de carrinho de lomba. As pandorgas também faziam sucesso entre meus amigos.

Estudos - Estudei até a universidade em escolas públicas. Quando converso com colegas da área da educação, eles afirmam que eu sou uma exceção. Eles falam que os registros apontam que a educação pública já se deteriorava nessa época. Estudei na primeira turma depois da reforma do ensino. Fiz o primário em uma escola anexa ao Instituto de Educação Flores da Cunha, onde os professores eram supervisionados. Era uma escola padrão na época. Quando nos mudamos para o bairro Menino Deus, estudei na Escola Experimental Presidente Roosevelt e no Colégio Estadual Infante Dom Henrique, onde concluí o Ensino Médio, com curso técnico em Publicidade e Propaganda.

Direito - A escolha pelo curso de Direito veio de uma sugestão do meu pai. Na verdade, quando estava no momento de prestar o vestibular, eu ainda era um pouco imaturo, não tinha certeza do que fazer. Prestei vestibular na PUCRS e passei. Eu fiz o curso de Direito nos anos 1980, quando o País atravessava um momento de ebulição. Durante o curso, o mundo do trabalho despertou-me o interesse. Envolvi-me com o movimento sindical, o que me levou, depois de formado, a optar pelo direito do trabalho.

Trabalho - Comecei a trabalhar aos 15 anos, em um estabelecimento comercial muito importante no País, que é parte da memória afetiva do Rio Grande do Sul: a Casa Masson. Meu primeiro cargo era o de aprendiz de comércio. Nos sete anos que fiquei lá, exerci diversas funções no departamento de compras. Durante muito tempo recebi as mercadorias, etiquetei, desencaixotei. Os funcionários da Casa Masson se reúnem há quatro anos em jantares que chegam a ter 300 pessoas. Saí da empresa quando consegui o emprego na PUCRS, onde estudava. Como a Casa Masson ficava no bairro Navegantes, eu chegava a pegar seis ônibus por dia para me deslocar até a faculdade e minha casa. Na PUC, trabalhei no setor de registros, onde fiquei até me formar.

Começo - Logo que me formei fui advogar. Com dois colegas de curso, montei um escritório, que durou em torno de um ano. Então, consegui um emprego como advogado em uma federação de trabalhadores, onde fiquei por um ano. Nessa época, montei o meu próprio escritório. Foi difícil, pois estava sozinho. Ainda assim, estava satisfeito porque estava vivendo da advocacia. Mais tarde, fui convidado para ser sócio de um escritório de advocacia, onde se tinha uma estrutura melhor, pois funcionava há mais tempo. Fechei o meu escritório e aceitei a proposta. Com o tempo, foram saindo os funcionários, e esse escritório acabou se tornando meu, onde estou até hoje.

Professor - Tornei-me professor dois anos depois da minha formatura. Estava envolvido no movimento sindical de trabalhadores e conhecia pessoas ligadas ao sindicato de professores. Na época, a Universidade admitia professores através de um processo de seleção público. Através deles, em 1988, participei do processo de seleção da Unisinos e fui admitido. Hoje, além de lecionar no curso de graduação de Direito, sou presidente da Associação de Docentes da Unisinos.

Família - Sou casado há vinte anos com a Berenice, e temos duas filhas, de 19 e 17 anos.

Horas Livres - Demorou muitos anos para eu ter horas livres. Quando não estou trabalhando, aproveito com a minha família, passeando na serra ou indo à praia.

Esporte - Eu pratico esporte a motor: o automobilismo. Participo de corridas no estado, no Campeonato Gaúcho. Aos 40 anos, entrei em uma escola de pilotagem, comprei um carro de corrida e me envolvi, de forma amadora, com o esporte.

Autor - Quando era mais jovem gostava de ler Luis Fernando Verissimo. Hoje, o livro que me chama mais atenção é o Germinal, de Émile Zola, que também se relaciona com o meu campo, pois fala do trabalho.

Filme – Não assisto a muitos filmes. O filme de que mais gosto é Hair.

Futuro - Meu plano é continuar vivendo e ajudar minhas filhas em sua formação.

Unisinos - Para mim, a Unisinos é extremamente importante. Foi o único lugar onde lecionei. Tenho um vínculo maior com a Unisinos do que com a universidade onde fiz minha graduação. Ao longo desses 20 anos, lecionar aqui tem me proporcionado experiências muito gratificantes. Considero extremamente importante lecionar em um curso de Direito, convivendo com os jovens que serão meus colegas daqui a alguns meses ou anos.

IHU - Eu acompanho as publicações do Instituto Humanitas, sobretudo a revista IHU On-Line, que leio sempre quando tenho a oportunidade. Penso que é um espaço interessante da Universidade, importante pelos assuntos que trata. Participei de alguns eventos do IHU e acho interessante este tipo de instituição.

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