Edição 549 | 10 Agosto 2021

Ricardo Machado - Minha tese em quatro perguntas

close

FECHAR

Enviar o link deste por e-mail a um(a) amigo(a).

Ricardo de Jesus Machado é doutor em Cultura e Significação pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Jornalista de formação, mestre em Comunicação, na Linha de Pesquisa Audiovisualidades das Mídias, pela Unisinos, onde também realizou Especialização em Filosofia. É jornalista no Instituto Humanitas Unisinos – IHU e editor do site Antropofagias. Sua tese é intitulada Semiofagias canibais. O ponto de vista da alteridade a partir de uma abordagem semiósica multinaturalista da cultura.

Qual o tema de sua tese?

A tese inter-relaciona três campos do conhecimento correlatos, mas pouco explorados de forma conjunta no campo da Comunicação: semiótica, teoria e crítica literária e antropologia. A proposta consiste em pensar um certo tipo de semiótica de matriz indígena a partir da mediação da análise Semiótica da Cultura, da Antropofagia e do Multinaturalismo, cuja articulação resultou no que denominamos “semiofagias canibais”, como um modo de produção de sentido inspirado pelo pensamento nativo do Brasil.

Qual o problema que discute?

Sem recorrer a um discurso demasiadamente acadêmico, em linhas gerais, o problema versa sobre a descrição de um tipo de produção de sentido, isto é, de como se produz significação diante do mundo, a partir das lógicas (melhor dizendo “cosmológicas”) dos povos indígenas. Trata-se de algo relevante no contexto contemporâneo em que os modelos Modernos de pensamento tendem a ser insuficientes diante dos desafios contemporâneos, o que passa por uma certa crise da significação como crise de suas categorias de mediação.

Quais foram os resultados?

De algum modo, a tese produz uma síntese arquitetônica de conceitos e princípios das teorias estudadas: Semiótica da Cultura, Antropofagia e Multinaturalismo. Tal articulação indisciplinar não deve, porém, ser compreendida como uma teoria com “T” maiúsculo, senão como mais um componente da nuvem de conceitos e teorias que inauguraram um certo clima intelectual do pensamento do e no Brasil. Concretamente, são construídos seis princípios: humanidade relacional, modelização, inimizade, equivocidade, semioses canibais e diferOnça.

Quais seus interesses de pesquisa?

Interesso-me especialmente em um tipo de pensamento marginal, ou seja, um pensamento às margens da racionalização moderna hegemonizada. Nesse sentido as três teorias que servem de base para a tese sempre cumpriram um certo papel marginal em seus campos, mas que, por outro lado, sempre foram muito potentes em colocar em causa as ideias da moda. Isso passa pela semiótica dos perseguidos pelo regime soviético, pelo modernismo antropófago de Oswald, pelo Multinaturalismo de Viveiros de Castro em meio ao oceano do multiculturalismo. Em suma, é o contra-hegemônico que me interessa.

Últimas edições

  • Edição 552

    Zooliteratura. A virada animal e vegetal contra o antropocentrismo

    Ver edição
  • Edição 551

    Modernismos. A fratura entre a modernidade artística e social no Brasil

    Ver edição
  • Edição 550

    Metaverso. A experiência humana sob outros horizontes

    Ver edição