Edição 520 | 23 Abril 2018

Da anomia ética a um novo pacto social

close

FECHAR

Enviar o link deste por e-mail a um(a) amigo(a).

Ricardo Machado

Pedro Gilberto Gomes analisa o problema das fake news em perspectiva com a nova ambiência das sociedades em midiatização

Do princípio da comunicação humana, na pré-história, ao salto quântico comunicacional contemporâneo, os desafios éticos relacionados à comunicação foram ganhando proporções cada vez mais exponenciais. “No nosso caso, com toda essa ambiência de digitalização, devemos trabalhar e discutir o que é fundamental para a existência humana e os tipos de valores que devemos afirmar. Mais do que isso, a questão é como devemos reinterpretar alguns valores capazes de criar uma estrutura para que a ação das pessoas seja por elas balizada”, destaca o professor e pesquisador Pedro Gilberto Gomes, em entrevista concedida pessoalmente à IHU On-Line.

Essa construção de um novo paradigma ético nas novas ambiências digitais precisa encontrar sintonia com a multiplicidade de nossas sociedades. “O que deve ser trabalhado são as coisas fundamentais em termos de respeito à diferença, respeito às opções de cada um, à dignidade humana, aos direitos humanos, a questão da sustentabilidade e, a partir disso, em comunidade, construir um arcabouço novo de paradigmas que nos ajudem a trabalhar essa dimensão para que não seja essa anomia ética que estamos vivendo”, reitera.

“Nós temos que fazer o trabalho nesta dimensão com as pessoas para o desenvolvimento de princípios universais autoescolhidos. Trata-se do respeito à diferença, ao diálogo, o respeito à vida, o direito à educação, à alimentação, à saúde, enfim, o direito de ser respeitado como tal. Aí, nesse tipo de trabalho, é que vamos fazer com que a ação de fake news seja diminuída, porque a censura não resolve”, pontua Gomes. “É importante discutir as fake news, colocar em pauta, conversar para ver o que fazer. A solução não é censurar, mas educar, compreender, articular dentro dos saberes, tendo a percepção de que a midiatização das sociedades veio para ficar”, complementa.

Pedro Gilberto Gomes é vice-reitor da Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos. Possui graduação em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, especialização em Teologia pela Pontificia Universidad Católica de Santiago, mestrado e doutorado em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo - USP. Atualmente atua, também, como professor titular da Unisinos. É autor e organizador de diversos livros, dos quais destacamos 10 Perguntas para a produção de conhecimento em comunicação (São Leopoldo: Editora Unisinos, 2013), Da Igreja Eletrônica à sociedade em midiatização (São Paulo: Edições Paulinas, 2010) e Filosofia e ética da comunicação na midiatização da sociedade (São Leopoldo: Editora Unisinos, 2006).

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Como pensar a relação das fake news em perspectiva com as sociedades em midiatização?
Pedro Gilberto Gomes – Evidentemente as fake news são notícias falsas, manipulações para levar alguma vantagem financeira ou para diminuir o outro. Esse tipo de jornalismo marrom sempre existiu. A diferença é que quando os Estados Unidos estavam com o problema do jornalismo marrom houve toda uma reformulação nas práticas e criou-se a pirâmide invertida para dar credibilidade ao jornalista. Atualmente, com a sociedade em midiatização em que as pessoas interagem e, inclusive, com um celular na mão podendo produzir conteúdo em rede com o mundo todo, a dimensão das fake news se agudizou. Como estamos em um tempo onde há uma espécie de anonimato na rede, as pessoas não têm mais nenhum compromisso com a verdade, essas pessoas são a revista na rede. Esse mundo que estamos vivendo hoje, de uma ambiência em midiatização, onde as crianças desde pequenas têm contato com o celular, de hiperconectividade, transforma ações que antes eram apenas do mundo do jornalismo em algo exponencial de cada indivíduo, que é anônimo e pode colocar o que quiser.

Ainda tem a dimensão de que a pessoa diz coisas na rede que não diria ao vivo, pois baseado no anonimato o que se diz na rede é muito forte. Hoje a prática de manipular notícias e buscar escândalos, que sempre existiu mas tinha uma certa limitação porque as pessoas liam e não praticavam, inverteu-se, de modo que as pessoas nem leem, apenas compartilham conteúdo manipulado. Resumindo, aquilo que sempre existiu é potencializado em uma sociedade hiperconectada.

IHU On-Line – As redes sociais parecem ter dado materialidade à “película pensante” de Teilhard de Chardin . O que significa esse salto quântico comunicacional?
Pedro Gilberto Gomes – A questão da película pensante, que McLuhan vai trabalhar depois nos seus próprios termos, diz respeito à ideia de que existe uma película que envolve toda a terra. Teilhard vai falar que as coisas são cada vez mais complexas, então quanto mais contraído está o mundo em uma rede inconsútil, dirá McLuhan sobre o tema, mais relativizamos certos paradigmas, como, por exemplo, espaço-tempo, porque posso estar aqui no Brasil e falar com alguém na Coreia sem nenhum problema, rompendo com a interpretação linear destas duas dimensões. As redes sociais são a expressão desta dimensão em escala global.

O salto quântico diz respeito à física. Mas a analogia que faço é no seguinte sentido: a espécie humana vem em um nível e em determinado momento faz um salto, subindo de patamar para outra realidade. Este salto tem a característica de ser irreversível e, muito embora pareça uma novidade absoluta, ele é consequência do caminho trilhado até então. Na história da humanidade houve um momento em que os hominídeos começaram a desenvolver a linguagem, até por conta de sua característica gregária e pela necessidade de defesa comum no ambiente. Em outro momento aconteceu o primeiro salto quântico, que foi a escrita. A partir dela a humanidade foi desenvolvendo vários ciclos de aperfeiçoamento de comunicação e com isso teve consequências que o próprio McLuhan chamou de destribalização. Isto é, de uma vida em tribo e tradição oral para uma sociedade em que, com a escrita, não se precisa mais dos anciãos para contar histórias. No caso dos hieróglifos egípcios, que não são outra coisa senão sinais sagrados, quem podia lê-los eram os sacerdotes. Então, a humanidade foi se desenvolvendo e mais tarde criou o alfabeto, que é uma simplificação, mas que deu origem à possibilidade do pensamento lógico.

No século XV houve a invenção dos tipos móveis, que foi o que completou esse primeiro salto quântico. Depois a passagem do vapor para a eletricidade nos levou a outro patamar. Foi a eletricidade que permitiu uma série de desenvolvimentos significantes, inclusive com os meios analógicos, mas com a digitalidade temos mais um salto quântico. Essa película pensante é a materialização dessa interconectividade e dentro do processo de evolução ocorrido ela não regressa, do mesmo modo como não podemos nos lembrar de como era quando éramos analfabetos. Nós não voltaremos atrás nesta digitalidade, a menos que ocorra um cataclismo, a tendência é ela se agudizar. Todo este desenvolvimento, segundo Teilhard, está ligado ao desenvolvimento do homem em busca do ponto ômega, o noético.

IHU On-Line – Qual a necessidade e como estruturar um projeto de ética, no sentido de “maneira de ser”, alinhado com os desafios contemporâneos das sociedades tecnocientíficas?
Pedro Gilberto Gomes – Um dos capítulos do meu último livro – Dos meios à midiatização (São Leopoldo: Editora Unisinos, 2017) – trata da questão de uma nova ética, uma nova moral. Como faço uma distinção entre ética (ética comunitária) e a moral social vigente, explico que nossas sociedades vêm num modo de agir, que é o nosso cotidiano, em que apenas reproduzimos sem raciocinar muito. Contudo, existe uma dimensão maior e mais universal que permanentemente está julgando esse novo modo de estar no mundo e que pode, por meio de uma perspectiva crítica, expressar uma nova maneira de agir, que se transformará em uma nova moral social vigente.

No nosso caso, com toda essa ambiência de digitalização, devemos trabalhar e discutir o que é fundamental para a existência humana e os tipos de valores que devemos afirmar. Mais do que isso, a questão é como devemos reinterpretar alguns valores capazes de criar uma estrutura para que a ação das pessoas seja por elas balizada. Por exemplo, no caso das fake news, se a pessoa tem acesso ilimitado à rede e não tem nenhum compromisso com a verdade, o respeito e a responsabilidade, isso produz um novo modo de agir e perceber que tipos de valores estão sendo construídos, porque certos paradigmas que tínhamos no passado não funcionam mais hoje.

O que deve ser trabalhado são as coisas fundamentais em termos de respeito à diferença, respeito às opções de cada um, à dignidade humana, aos direitos humanos, a questão da sustentabilidade e, a partir disso, em comunidade, construir um arcabouço novo de paradigmas que nos ajudem a trabalhar essa dimensão para que não seja essa anomia ética que estamos vivendo.

Dentro de uma visão da humanidade, ousaria dizer que hoje o grande passo a ser dado pelas pessoas que estão trabalhando questões sobre as redes digitais, incluídas aí as fake news, é o desenvolvimento de uma consciência moral. Isso porque sequer superamos a fase da anomia, quanto mais chegar à heteronomia, de modo que a autonomia é um ponto distante no horizonte. A autonomia entendida como o agir de acordo com os princípios éticos universais autoescolhidos, enquanto a anomia é a ação de acordo com as consequências imediatas de uma determinada ação.

IHU On-Line – Como as sociedades em midiatização agenciam um novo modo de ser? Até que ponto as fake news são, também, efeito desse novo ethos?
Pedro Gilberto Gomes – É efeito de novo ethos, mas não se trata de pensar que foi esse novo ethos que criou as fake news. No momento em que se colocam notícias falsas para ganhar algo ou mesmo para desfazer o outro que é meu inimigo, há a possibilidade de fazer isso em nossas sociedades hipermidiatizadas sem depender de ninguém, muito menos de instituições e com o agravante do anonimato. Por exemplo, o sujeito tem um desafeto e tem a chance de colocar uma foto comprometedora na rede e dizer qualquer coisa. Contudo, se a pessoa tem princípios e autonomia, ela recua caso as informações que pretende publicar não sejam verdadeiras.

É curioso, porque existem pessoas que no dia a dia são decentes no trato pessoal e quando se colocam diante de um computador soltam todas as suas amarras, seus complexos e jogam na rede. É isso que está acontecendo no Brasil do ponto de vista político. O que disseram de mentira a respeito, por exemplo, da Dilma e do Lula ou mesmo do Gilmar Mendes, da Cármen Lúcia, do Aécio Neves e do Sérgio Moro é um absurdo. Inclusive fizeram uma matéria dizendo que a ex-mulher do Lula, a Marisa, não tinha morrido e que estava na Itália, cortando a foto em que ela aparecia com o papa para aparecer somente ela.

Essas coisas ocorrem por causa do anonimato e esse é o grande problema pelo qual a humanidade deve passar. Hoje a humanidade, e em nosso caso particular o Brasil, precisa de um novo pacto social, democrático e republicano para podermos construir um novo país. O nosso tecido social está esgarçado, as pessoas fazem o que querem, e as redes sociais são as grandes possibilitadoras, pois as pessoas “podem” dizer o que querem.

IHU On-Line – A nova ambiência produzida pelas tecnologias digitais de comunicação estão produzindo um “humanismo sem transcendência” ou seria uma nova ordem de transcendência manifestada no alargamento da noção de presença?
Pedro Gilberto Gomes – Eu não diria que são as redes sociais que produzem um humanismo sem transcendência. Hoje na Europa, principalmente na França, há alguns filósofos que estão pensando em uma religião sem deus. A transcendência não é função das redes sociais, elas apenas expressam e acolhem todo esse modo de viver. Como os paradigmas antigos não dão mais conta do que está acontecendo, esse novo modo de ser no mundo da instantaneidade, da interconexão, está fazendo com que as pessoas questionem uma série de valores que eram estabelecidos, no que toca à religião e à transcendência.

No que corresponde ao tipo de sociedade que criamos, a questão da transcendência será sempre um problema para a humanidade. Porque a transcendência vai dar um referente para além da história, que, segundo acreditamos, oferece uma saída para nossas limitações e finitude. A transcendência está presente e será sempre um ponto de referência, mas o que pode mudar é a referência à transcendência.

Até agora, para grande parte da humanidade, trata-se de uma entidade transcendente que nós tematizamos como Deus. Hoje, por exemplo, a esquerda é vista como uma religião, mas não tem transcendência. Por outro lado, tem quem diga que a verdadeira religião é o capitalismo, de novo sem transcendência. Os marxistas diziam que o comunismo era a etapa final do capitalismo em que a pessoa do campo passava pelo capitalismo, mas ia em direção ao comunismo. E o comunismo era colocado como uma religião, porque a pessoa estava vivendo em determinado momento, mas tinha que acreditar na promessa que estava sendo feita de que lá adiante haveria a sociedade perfeita do comunismo, no entanto nós vimos que não aconteceu. Esta é uma ideia que está muito presente na vida em sociedade, mas a questão é o tipo de transcendência que estamos construindo, que tipo de visão de transcendência está surgindo hoje na ambiência que estamos vivendo.

Enquanto eu dava esta resposta lembrei de um personagem de Albert Camus , no livro A peste (Rio de Janeiro: Record, 1997), que se passa na cidade de Orã (na Argélia), que foi cercada. Dentre os protagonistas, havia um que era ateu e cujo grande projeto de vida era ser santo. Os companheiros dele perguntaram como ele poderia ser santo, já que era ateu. “Esse é o meu problema, como ser santo sem Deus”, era a resposta do personagem. Esse é, de novo, o grande questionamento da humanidade hoje, qual a transcendência que será construída, mas isso, repito, não é criado pelas redes sociais.

IHU On-Line – Como pensar o enfrentamento às fake news sem cair na censura?
Pedro Gilberto Gomes – [risos seguidos de silêncio] A censura nunca é a melhor solução. O grande enfrentamento para a realidade das fake news é, justamente, um problema de educação, do desenvolvimento de uma consciência moral constituída em que valores fundamentais da vida sejam explicitados e observados. Trata-se daquilo que comentei no início, de um novo pacto republicano em que há coisas que não devemos fazer não porque são legalmente proibidas, mas porque temos valores. Assim como existem coisas proibidas que são feitas em busca de um bem maior.

Nós temos que fazer o trabalho nesta dimensão com as pessoas para o desenvolvimento de princípios universais autoescolhidos. Esses princípios também deverão ser relidos e reestruturados a partir dessa nova ambiência, porque existe uma dupla face. Não se trata, simplesmente, de resgatar um princípio do século XVIII e fazer valer em nossa realidade, o que as religiões fazem às vezes. Trata-se do respeito à diferença, ao diálogo, o respeito à vida, o direito à educação, à alimentação, à saúde, enfim, o direito de ser respeitado como tal. Aí, nesse tipo de trabalho, é que vamos fazer com que a ação de fake news seja diminuída, porque a censura não resolve.

O que não podemos compactuar é com a impunidade, de modo que cada um é responsável pelos seus atos. Cada um faz o que quer, mas quem pratica atos ilegais deve ser responsabilizado. Não censurar não é sinônimo de impunidade, mas deverá ser sempre uma ação por consequência de uma ação anterior. Hoje, estamos claudicando nessa tarefa porque queremos que nossos direitos sejam respeitados, mas, ao mesmo tempo, não queremos ser punidos e nem respeitar os direitos do outro. Essa é a ideia de uma formação para combater ou minimizar o problema das fake news.

Com o jornalismo marrom nos Estados Unidos não houve censura, inclusive alguns jornais continuam praticando esse tipo de jornalismo até hoje, como no caso da Inglaterra, em que há jornais que perseguem sistematicamente a família real inglesa. Se esses jornais ultrapassarem os limites, são processados. Mas, voltando aos Estados Unidos, o combate a esse jornalismo foi feito por meio de educação na formação do jornalista, desenvolvendo a questão da objetividade da notícia, o famoso “quem fez o quê como aonde e por quê” e a redação de notícias em pirâmide invertida. Esse tipo de jornalismo causou influências no mundo todo e a origem foi a emergência do jornalismo marrom, que causou uma relação tremendamente complicada para o campo porque as pessoas o estavam rejeitando. Estamos no mesmo dilema, de modo que ou criamos alguma coisa ou as pessoas acabarão rejeitando. Essa é a grande discussão da fake news hoje. Daí a necessidade de um novo pacto social e republicano para podermos conviver, que permita sermos pessoas humanas e honestas.

IHU On-Line – No fundo o que está acontecendo é uma reorganização da economia política da comunicação...
Pedro Gilberto Gomes – Exatamente. Há toda uma reorganização, inclusive ela é uma nova ambiência, um novo modo de ser e viver em sociedade. Sabemos como está o cenário? Sabemos somente como está começando, mas não temos ideia de como vai terminar. Eu certamente não verei esse processo na plenitude, talvez os netos das gerações que estão entrando na universidade agora poderão ver.

É importante discutir as fake news, colocar em pauta, conversar para ver o que fazer. A solução não é censurar, mas educar, compreender, articular dentro dos saberes, tendo a percepção de que a midiatização das sociedades veio para ficar. No fundo, não é uma questão binária de sociedade e midiatização, é uma coisa só, está mudando tudo.■

Leia mais

- Um projeto para o nosso tempo. Artigo de Pedro Gilberto Gomes publicado nas Notícias do Dia, de 19-3-2011, no sítio do Instituto Humanitas Unisinos - IHU.

- A nova versão do meio como mensagem. Entrevista especial como Pedro Gilberto Gomes publicada na revista IHU On-Line, nº 357, de 11-4-2011.

- A tecnologia digital está colocando a humanidade num patamar distinto. Entrevista especial como Pedro Gilberto Gomes publicada na revista IHU On-Line, nº 289, de 13-4-2009.

- O impacto da midiatização na sociedade latino-americana. Entrevista especial com Pedro Gilberto Gomes publicada nas Notícias do Dia, de 30-8-2008, no sítio do Instituto Humanitas Unisinos - IHU.

- Processo de midiatização: da sociedade à Igreja. Entrevista especial com Pedro Gilberto Gomes publicada nas Notícias do Dia, de 18-11-2007, no sítio do Instituto Humanitas Unisinos - IHU.

- Processos Midiáticos e Construção de Novas Religiosidades. Cadernos IHU ideias, edição nº 8.

- Teologia e Comunicação: reflexões sobre o tema. Cadernos IHU ideias, edição nº 12.

Últimas edições

  • Edição 552

    Zooliteratura. A virada animal e vegetal contra o antropocentrismo

    Ver edição
  • Edição 551

    Modernismos. A fratura entre a modernidade artística e social no Brasil

    Ver edição
  • Edição 550

    Metaverso. A experiência humana sob outros horizontes

    Ver edição