Edição 500 | 13 Março 2017

Preservar a Mata Atlântica é melhorar a qualidade de vida da população

close

FECHAR

Enviar o link deste por e-mail a um(a) amigo(a).

João Vitor Santos e Vitor Necchi

O geógrafo e ambientalista Mário Mantovani destaca que cerca de 60% dos brasileiros vivem na área onde originalmente o bioma se estendia

A Mata Atlântica – uma das maiores biodiversidades do planeta – é um bioma brasileiro que se estende do Piauí até o Rio Grande do Sul, abrangendo 3.429 municípios, cerca de 60% da população e a maior parte do PIB brasileiro. “Ou seja, pressão total em cima dessa floresta”, avalia o geógrafo e ambientalista Mário Mantovani, da Fundação SOS Mata Atlântica. Quando perceberam que o Brasil perdia em floresta o equivalente a um campo de futebol a cada quatro minutos, e que havia apenas 8% da área original, “começamos a perceber que era preciso estancar a hemorragia”, lembra em entrevista concedida por telefone para a IHU On-Line.

Para compreender a importância do bioma, Mantovani destaca um dos principais benefícios da floresta: “A água que a gente bebe vem da floresta”. Sem a mata, não se cumpre o ciclo da água. A cobertura florestal também interfere diretamente na temperatura dos microclimas. Para conscientizar as pessoas acerca da necessidade de preservar a mata e de restaurar áreas degradadas, Mantovani aposta no relacionamento das florestas com qualidade de vida. “Este é o grande esforço que temos para a sociedade entender, foi por isso que evitamos o colapso.”

Mário Mantovani é geógrafo e diretor de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica, criada em 1986, primeira organização não governamental destinada a defender os últimos remanescentes de Mata Atlântica no país. Ele é um dos mais importantes militantes pela preservação ambiental do país, em atuação desde 1973.

No dia 13 de junho, das 19h30min às 22h, ele profere a conferência Mata Atlântica e seus ecossistemas. Desmatamento, conflitos e políticas ambientais, dentro da programação do evento Os biomas brasileiros e a teia da vida, promovido pelo IHU. Veja a programação completa.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – A Mata Atlântica cobre o Brasil do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul...
Mário Mantovani – Na verdade, do Piauí até o Rio Grande do Sul. Antigamente, até os anos 80, havia o mapa do IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística]. O último mapa, quando se definiu os biomas, no final dos anos 2000, depois da Lei da Mata Atlântica , define que vai do Piauí, passa pelo Ceará e desce até o Rio Grande do Sul, e também pega parte da Argentina – na região de Foz do Iguaçu, no canal do rio Paraná – e praticamente o Paraguai todo.

IHU On-Line – Quais as especificidades desse bioma, que abrange regiões tão distintas, e seus ecossistemas?
Mário Mantovani – É uma das maiores biodiversidades do planeta. Na região de Itacaré, na Bahia, por exemplo, foram encontradas 456 espécies vegetais de porto arbóreo por hectare. Na Europa, são 20. Não há como comparar. Há muita biodiversidade. Tem uma área contínua entre São Paulo e Paraná. Santa Catarina ainda tem muita cobertura florestal. Outra característica é a grande ameaça que houve contra este bioma, por isso a importância da Lei da Mata Atlântica. Quando começamos o SOS Mata Atlântica, tínhamos uma marca: estão tirando o verde de nossa terra. Era praticamente intuitivo, porque imaginávamos que estava tendo um desmatamento muito grande. Quando fizemos os dados do atlas que apresentamos na ECO 92 – quando o [José] Lutzenberger ainda era ministro do Collor , e talvez tenha sido a reunião sobre meio ambiente mais importante do mundo –, nós perdíamos de floresta, naquele momento, o equivalente a um campo de futebol a cada quatro minutos. E nós apuramos que tínhamos apenas 8% da área original da Mata Atlântica. Tínhamos uma floresta que estava sobre onde se localizam 3.429 municípios. Cerca de 60% da população brasileira vive onde um dia teve Mata Atlântica no seu quintal. A maior parte do PIB brasileiro está nessa região. Ou seja, pressão total em cima dessa floresta. Começamos a perceber que era preciso estancar a hemorragia. A mata era como alguém em uma UTI com 8% de chance de viver e, em vez de colocar soro e sangue, continuavam drenando. Estancar a hemorragia é algo muito importante e característico dessa floresta. É o único bioma do Brasil que tem uma regulamentação. Impressiona que, na Constituição de 1988, quando se definiu os patrimônios nacionais – Mata Atlântica, Amazônia, Pantanal –, não colocaram nem Cerrado e nem Caatinga.

IHU On-Line – Nem o Pampa.
Mário Mantovani – O Pampa também não. Era uma visão muito ruim que se tinha de bioma até pouco tempo atrás. Havia mais informação da Mata Atlântica com os botânicos de Nova York e da Europa do que com os daqui. Isso fez com que o Brasil tivesse um imenso problema com relação aos biomas. Nos anos 70, da Amazônia se falava “integrar para não entregar” , então se destruía sem saber o que se estava destruindo, a Transamazônica , essa coisa toda. Nós, da Mata Atlântica, também vivíamos essa destruição por total desconhecimento. No Vale do Rio Doce – que teve recentemente esta tragédia em Mariana –, a floresta foi destruída em menos de cem anos. Devastada totalmente, e hoje é uma das realidades mais complexas, porque virou praticamente um deserto, o rio sumiu de tanta erosão.

A questão da biodiversidade é muito importante. Outra questão é a definição dos biomas e a importância de se ter uma legislação. A legislação da Mata Atlântica foi construída pela sociedade. Isso é muito legal. Houve um debate nacional, uma mobilização muito grande para entender o que era bioma, para estancar a hemorragia. Artistas, universidades – principalmente universidades, que definiram biomas –, organizações não governamentais, sociedade civil, o que se puder imaginar aconteceu de mobilização. Nós conseguimos fazer uma legislação que fosse uma lei muito interessante, porque a palavra não inexiste nela. Não é aquele esquema não pode, não faz, não acontece. É uma lei que diz o que pode. No seu caput, é dito que a lei garante o uso e a proteção da floresta. Não imobiliza.

Em 1992, o Lutzenberger – quando viu este dado que se perdia da floresta o equivalente a um campo de futebol a cada quatro minutos, e que só havia ainda 8% – fez o Decreto 750 , que foi promulgado no ano seguinte. O texto dizia não pode, não pode, não pode, e na dúvida, não pode também. Isso foi muito ruim, todo mundo passou a odiar a floresta, porque estava todo mundo incriminado. A Lei da Mata Atlântica, que foi construída por todo mundo, tira essa coisa do não pode e apresenta o como pode se fazer. Aí aconteceu algo muito legal. Como todo mundo estava ligado nisso, ou amava ou odiava, conseguimos que cada um dos 17 estados onde há Mata Atlântica regulamentasse o que ela é. Não é aquela lei de Brasília, que nunca vai se cumprir. Cada região definiu conforme suas especificidades. Por exemplo, a definição de uma floresta secundária em estágio médio no Rio Grande do Sul é diferente da elaborada em Santa Catarina ou no Paraná. Isso garantiu uma atenção maior do poder público em relação à floresta e suas especificidades. É um bioma que, do ponto de vista institucional, está totalmente regulamentado da Constituição até chegar ao município. E hoje os municípios – e talvez esta seja a questão mais importante – podem fazer valer a Lei da Mata Atlântica com os planos municipais . Isso foi muito bom, porque o município, além da regulamentação feita pelos estados, pode agir se tiver alguma questão própria. Como fez Caxias do Sul, o caso que eu mais gosto no Brasil, onde há um dos melhores trabalhos em meio ambiente do país. Lá fizeram o plano municipal, provando que as pequenas propriedades não destroem a Mata Atlântica – pelo contrário, elas garantem.

IHU On-Line – Como compreender a função desse bioma no grande conjunto dos ecossistemas brasileiros e sua relação com o Oceano Atlântico, já que é o primeiro bioma para quem entra no continente vindo do mar?
Mário Mantovani – A melhor forma de falar disso é falar dos benefícios da floresta. Por exemplo, a água que a gente bebe vem da floresta. Se não tiver árvores, se não houver infiltração no solo da água da chuva, se não houver evapotranspiração, se não tiver uma condição boa de umidade, não haverá agricultura, não haverá água para beber na cidade. A questão de ter cobertura florestal interfere diretamente, por exemplo, na temperatura do microclima. Em São Paulo, a SOS Mata Atlântica apoiou um estudo que mostra que há até oito graus de diferença na temperatura entre bairros mais verdes e menos verdes. Isso pode ser aplicado em qualquer cidade. Um outro ponto importante tem a ver com a fertilidade dos solos. Todos os benefícios que pudermos imaginar, a floresta tem.

Com relação a outros biomas, na Mata Atlântica está a maioria da população brasileira e das cidades. Isso é muito importante: reconhecer que essa floresta está no nosso quintal e como poder recuperá-la. O Brasil assumiu agora uma meta de restauração florestal, por meio do Acordo de Paris , de restaurar 12 milhões de hectares e pastos. Hoje, onde há mais mata degradada é na Mata Atlântica. Do ponto de vista dos biomas, a Mata Atlântica é o que tem mais impacto direto na vida dos brasileiros. Por isso há muita pressão, até por conta do tamanho dela. Temos o calor extremo no Piauí e o frio extremo no Rio Grande do Sul. É uma floresta de grande diversidade de espécies, porque vai do nível do mar até as montanhas de Minas Gerais. A floresta tem uma característica muito diferenciada, muito distinta do Cerrado, por exemplo, onde há tanta diversidade, mas há uma homogeneidade. A Amazônia é muito homogênea. A Mata Atlântica, ao contrário, tem mangues, restingas, araucária, entre outras fisionomias florestais. Esta riqueza é diferente. Todo esse conjunto que forma o bioma interage com a Amazônia e com o Cerrado nas zonas de transição. Por exemplo, no meio do estado de São Paulo, tem Cerrado, mas com cara de Mata Atlântica, porque tem uma mistura. Esta é a característica mais marcante da Mata Atlântica.

IHU On-Line – Qual a atual situação do bioma Mata Atlântica? Em que regiões do Brasil é mais degradado e em que lugares é mais preservado?
Mário Mantovani – Desde 1985, a SOS Mata Atlântica monitora isso todo ano, através de imagens de satélite. Antigamente com uma escala maior, porque os satélites não tinham tanta capacidade. Hoje, conseguimos ver qualquer alteração de três hectares, o equivalente a três campos de futebol. O monitoramento da SOS revelou que o lugar que mais teve pressão nos últimos anos foi Minas Gerais, em função da siderurgia, que estava em alta, e fazia carvão da floresta. Havia registro de crianças trabalhando nos fornos, todos os problemas decorrentes do desmatamento. Agora, a maior pressão sobre a Mata Atlântica não é de conversão de área de mata para agricultura, mas a questão urbana, a expansão das cidades. É incrível, porque o mercado imobiliário aproveita a mata como atrativo para vendas, “compre seu lote, compre sua casa com vista para a mata, perto da mata”. A mata é tão valorizada hoje e, assim mesmo, tão agredida.

IHU On-Line – O que mais contribuiu para degradação da Mata Atlântica foi o adensamento urbano, o fato de ela ser costeira?
Mário Mantovani – Hoje, é o adensamento urbano. Historicamente, foram os ciclos econômicos. A cana-de-açúcar no Nordeste, os ciclos da mineração e o ciclo do café, em particular, foi um desastre.

IHU On-Line – Quais os maiores desafios para a preservação e as maiores ameaças ao bioma?
Mário Mantovani – O maior desafio agora é cumprir as metas brasileiras com a restauração das áreas degradadas – por exemplo, onde se plantou café – e a restauração das áreas com maior inclinação, como as beiras de rio, as matas ciliares, que perderam proteção com o novo Código Florestal , e isso é muito importante. A expansão urbana é uma grande ameaça, e temos o desafio de fazê-la dentro de uma legislação que proteja mais a natureza. O desconhecimento das pessoas em relação à lei também é uma grande ameaça, apesar de a lei ter sido construída pela sociedade, de ter sido muito falada, mas a maioria dos municípios ainda não tem o plano municipal da Mata Atlântica. Trata-se de um grande desafio, porque isso vai combater as ameaças que persistem.

IHU On-Line – De que forma o desequilíbrio no bioma pode impactar nas reservas hídricas do Brasil?
Mário Mantovani – O impacto é direto, porque, sem a mata, não se cumpre o ciclo da água. Ela é um dos principais fatores, abastece as nascentes, garante a qualidade da água que se bebe. Por conta da erosão, os rios estão ficando cada vez mais rasos, com terra dentro. Cada vez mais temos enchentes, principalmente nas cidades. Todas as intervenções feitas na floresta impactam diretamente o rio, a qualidade e a quantidade de água. Não existe fábrica de água. Não há como fazer água, a não ser dentro da floresta. Podemos até chamar a floresta de fábrica de água.

IHU On-Line – Como a degradação dos rios impacta no bioma Mata Atlântica?
Mário Mantovani – A degradação dos rios é resultado do impacto da Mata Atlântica. Sem a proteção da mata ciliar, o agrotóxico chega dentro do rio, a terra chega ao rio por conta da erosão, principalmente naquelas encostas de morro sem cobertura florestal. O rio é um termômetro de como estão a sociedade e a floresta. Se for visto terra nele, sabe-se que o solo está sendo mal usado. Se for visto esgoto, sabe-se que a população está doente. A qualidade do rio expressa a qualidade do meio ambiente. A Mata Atlântica é determinante para a maioria dos rios que temos.

IHU On-Line – A Mata Atlântica era tida como o primeiro desafio para os exploradores que chegavam ao Brasil. Ao longo da história, o bioma sempre foi muito desmatado em decorrência do avanço da população e suas atividades econômicas. Mas, hoje, por que o desmatamento persiste? Quais os limites e avanços da legislação brasileira para proteção desse bioma?
Mário Mantovani – O desmatamento existe hoje por conta da pressão da expansão urbana. Ele foi resultado dos ciclos econômicos, mas hoje se deve, sobretudo, à expansão urbana e a alguns momentos da economia. Minas foi campeã de desmatamento porque a siderurgia estava em alta no Brasil, então usava-se carvão vegetal. O mundo todo estava comprando a produção, então havia pressão direta em Minas. Tirar da natureza é mais fácil do que plantar para colher na frente. Isso foi um grande impacto que tivemos, um repique da mineração, que lá no passado destruiu a Mata Atlântica e agora, de novo.

Ainda sobre a pressão da economia, hoje vemos a questão dos portos em alguns lugares. A maior biodiversidade do planeta está em Itacaré, na região de Serra Grande, na Bahia. Agora propuseram fazer um porto em cima desta área, que poderia ser uma referência para um bioma que está no limite. Lá poderia ser o banco genético dessa floresta.

Outro problema muito grande da floresta – e isso pode ser o mais importante do que estamos falando – é o fato de que termos 8% de floresta remanescente não quer dizer que se trata de uma área integral. São milhares e milhares de pequenas ilhas, fragmentos de florestas que estão dentro das propriedades, isoladas por agricultura. Com isso, tem um fenômeno que se chama efeito de borda. Fogo, veneno, vento, semente, tudo isso vai agredindo o fragmento que está isolado. Outro fenômeno que ocorre pelo fato de uma porção da mata estar isolada se chama erosão genética. Ele ocorre quando as espécies acabam se reproduzindo entre elas. Além da expansão urbana e do repique da economia, ainda há esses problemas seríssimos da erosão genética e do efeito de borda, que precisamos combater de alguma forma.

IHU On-Line – O fato de haver metrópoles na Mata Atlântica ajuda a devastar. Por outro lado, isso não daria mais consciência de preservação?
Mário Mantovani – É o que tentamos fazer. Quando a própria especulação imobiliária apresenta a natureza como um atributo para venda, é algo muito louco. Mas o mais importante é relacionar isso com a água que bebemos.

IHU On-Line – Até porque é uma pauta contemporânea, e a escassez do recurso hídrico ameaça as metrópoles.
Mário Mantovani – São Paulo, Piauí, Ceará não tem mais água, Natal não tem mais água, Brasília não tem mais água. A crise hídrica, que era de São Paulo, está batendo em outros lugares. Temos que aprender logo. Em Santa Catarina, o rio Itajaí está ameaçado porque o vale foi devastado, e o porto está totalmente assoreado. Em todos os lugares há problemas decorrentes do mal uso da floresta.

IHU On-Line – Já se pode falar em colapso ambiental ou seria muito drástico? Quando se fala em apenas 8% da floresta original parece tão ínfimo.
Mário Mantovani – Chegou a um quase colapso. A ideia da lei e da reação da sociedade foi justamente para evitar o colapso. Até se falava na época que ambientalistas gostam destes temas de fim de mundo, de previsões apocalípticas, mas não se trata disso – é a realidade. São Paulo, por exemplo, esse dado da diferença de temperatura de oito graus entre bairros. Segundo a Faculdade de Saúde Pública da USP [Universidade de São Paulo], há 8 mil mortes por ano em decorrência de problemas respiratórios, que se agravam com a poluição e a mudança de temperatura. Não estamos falando da floresta que fica na mata, onde tem o mico-leão-dourado. Estamos falando da floresta que está dentro da cidade. Caxias do Sul fez um trabalho legal, um projeto de arborização urbana com espécies da mata atlântica, que tem frutas, que traz a biodiversidade. É importante relacionar as florestas com a qualidade de vida das pessoas. Este é o grande esforço que temos para a sociedade entender, foi por isso que evitamos o colapso.

IHU On-Line – O senhor falou antes em meta de restauro. Que meta é esta?
Mário Mantovani – O Brasil assinou o compromisso em Paris, comprometendo-se a evitar o desmatamento e a restaurar 12 milhões de hectares com florestas nativas e os pastos que ficaram abandonados. No Brasil todo, temos 850 milhões de hectares; hoje, 200 milhões são pasto para 200 milhões de bois – mais de um hectare por boi. Temos 60 milhões de hectares com agricultura, que vai de abobrinha até soja. O Brasil vai ter que pegar essas áreas que ficaram dentro dos pastos e dentro das áreas de agricultura e começar a restauração, criar incentivos. Por exemplo, pagamento de serviços ambientais é uma lei discutida em Brasília para ajudar esses proprietários a fazerem restauração, para reconhecer aqueles que protegerem. Isso é importante, porque o Brasil pode cumprir suas metas facilmente. Não precisa de 200 milhões de hectares para 200 milhões de bois. A média, no mundo, é de quatro a seis bois por hectare, e nós temos um. Se colocássemos dois bois por hectare, teríamos 100 milhões de hectares para restaurar os pastos.

IHU On-Line – Esta meta é em quanto tempo?
Mário Mantovani – O Brasil propõe começar esta meta agora e levá-la pelos próximos 20 anos.

IHU On-Line – A mata é facilmente regenerável?
Mário Mantovani – Não. Há alguns lugares com facilidade. Onde foi muito devastado, como em encostas, em áreas onde se plantou café há muitos anos e virou um pasto tão ruim que não consegue sustentar uma cabeça de gado, tem que começar a restaurar. É um pouco caro. Precisa de muito recurso.

IHU On-Line – É uma mistura de conscientização com altos recursos.
Mário Mantovani – Muitos recursos, mas que podem gerar muitos empregos também. Talvez a restauração possa ser um novo ciclo da agricultura. Por exemplo, reconhecer quem produz água em seu território. É preciso pensar uma nova relação da natureza com a sociedade, não só aquela usuária, de tirar, tirar, tirar, como foi na Mata Atlântica e que sustentou a economia.■

Últimas edições

  • Edição 552

    Zooliteratura. A virada animal e vegetal contra o antropocentrismo

    Ver edição
  • Edição 551

    Modernismos. A fratura entre a modernidade artística e social no Brasil

    Ver edição
  • Edição 550

    Metaverso. A experiência humana sob outros horizontes

    Ver edição