Edição 489 | 18 Julho 2016

A testemunha ocular da Divina Misericórdia

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João Vitor Santos

Ancorado no evangelho de João, Johan Konings analisa a face de Madalena junto ao sepulcro, a testemunha privilegiada do amor-fidelidade de Deus, da verdadeira Misericórdia

O ano de 2016 também será importante para os estudiosos de Maria Madalena, pois é o ano em que a celebração dessa personagem bíblica deixa o estatuto litúrgico de “memória” e é elevada ao nível de “festa” oficial. Mais do que uma honraria ritualística da Igreja, esse movimento é cheio de significados. Johan Konings, professor titular da Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia – Faje, destaca que a Rádio Vaticano enfatizou que a decisão foi tomada no “contexto do Jubileu da Misericórdia e valoriza Maria Madalena como a primeira testemunha da Divina Misericórdia”.

Para compreender esse conceito de Misericórdia e relacionar com Madalena na história do cristianismo, é preciso focar nos relatos evangélicos acerca do instante em que Jesus se revela ressurreto. O cenário é narrado nos quatro Evangelhos, mas “é em João que temos a descrição mais ampla da aparição do Ressuscitado à Madalena (Jo 20,11-18)”, destaca Konings. E o professor enfatiza: “a misericórdia não é apenas a condescendência para com os pecadores, mas a chésed, o amor-fidelidade de Deus que se comprova na Cruz, ‘enaltecimento’ de Cristo revelado como glorioso na ressurreição. E é disso que Maria Madalena é testemunha privilegiada”, explica.

Como entender o fato de ser ela, uma mulher entre os homens, a grande testemunha? Na entrevista, a seguir, concedida por e-mail à IHU On-Line, Konings reconhece essa como uma questão menor. Entretanto, salienta que em toda a caminhada de Jesus fica claro que viu “na igualdade de homem e mulher o ideal do ser humano segundo o projeto de Deus”. Mas, para o professor, a igualdade de gêneros não é a novidade em Jesus. “Faz parte da lei de Deus desde sempre. João, em sua carta, diz que o mandamento é antigo, porém novo em Cristo e em nós (1Jo 2,7-8), e então continua falando sobre o amor fraterno. Aí está a novidade cristã na relação homem-mulher, mais do que na igualdade de direito”.

Johan Konings é padre jesuíta nascido na Bélgica, professor titular da Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia – Faje, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Filósofo e filólogo, concluiu o doutorado em Teologia na Universidade Católica de Louvain, na Bélgica. Organizou a Bíblia-Tradução Ecumênica (Ed. Loyola), a Bíblia Sagrada Tradução da CNBB (originalmente Ed. Loyola e outras, atualmente CNBB), o Compêndio dos Símbolos, Definições e Declarações de Fé e Moral (Denzinger-Hünermann) (Ed. Loyola e Paulinas). Entre suas outras publicações, mais conhecidas são: A Bíblia, sua origem e sua leitura (Ed. Vozes); Liturgia Dominical: mistério de Cristo e formação dos fiéis - Anos A,B e C  (Ed, Vozes); A palavra se fez livro (Ed. Loyola);  Ser cristão: fé e prática (Ed. Vozes).

 

Confira a entrevista.


IHU On-Line - Que Maria Madalena é possível constituir a partir da leitura dos Evangelhos? No que a Madalena segundo João se difere dos sinóticos ?

Johan Konings - Não creio que a Maria Madalena dos evangelhos sinópticos seja muito diferente da do quarto evangelho. Mas, antes de entrar neste assunto, é preciso distinguir entre a Maria Madalena dos evangelhos canônicos e aquela dos evangelhos apócrifos e da imaginação popular.  Em Mateus e Marcos, a Madalena é mencionada entre as mulheres que “observaram de longe” a crucificação de Jesus (Mt 27,56 = Mc 15,40) e seu sepultamento (Mt 27,61 = Mc 15,42-47). Lucas, ao relatar a crucificação e o sepultamento, não a menciona nomeadamente, mas fala de “mulheres que seguiram Jesus desde a Galileia” (Lc 23,49.55), certamente incluindo Maria Madalena, por ele mencionada anteriormente entre as mulheres seguidoras de Jesus na Galileia (Lc 8,2).

João diz que Madalena estava “junto à cruz” com a mãe de Jesus e a irmã da mãe, Maria de Cléofas (Jo 19,25). Os sinópticos mencionam a Madalena entre as mulheres que vão ao sepulcro na manhã da Páscoa (Mt 28,1; Mc 16,1; Lc 24,10). João menciona só ela, mas a deixa falar no plural, o que mostra que ele conheceu a versão das diversas mulheres que foram ao túmulo (Jo 20,1-1). O final acrescentado a Marcos (16,9) e o texto de Mateus (implicitamente, em Mt 24,9) a mencionam ao falar da aparição de Jesus Ressuscitado. Mas é em João que temos a descrição mais ampla da aparição do Ressuscitado à Madalena (Jo 20,11-18), e é nisto que consiste a maior diferença entre João e os sinópticos.

Quanto à vida pessoal da Madalena, só temos a breve informação de Lc 8,2, dizendo que dela saíram sete demônios. Mais do que isso não se lê nos evangelhos canônicos, mas desde cedo a devoção a associou à pecadora de Lc 7,37, à mulher adúltera de Jo 8,3 e à Maria de Betânia em Jo 12,3. A imagem de Maria Madalena prostituta penitente ao pé da cruz se baseia nesta associação.


IHU On-Line - O que representa Maria Madalena no mistério pascal da ressurreição? Por que é ela a testemunha da ressurreição?

Johan Konings - Nos evangelhos não vemos a Madalena penitente, mas a testemunha privilegiada da ressurreição de Jesus, a primeira à qual o Ressuscitado apareceu, conforme Mt 28,10, Mc 16,9 e Jo 20,11-18. Porque Jesus a escolheu para ser testemunha privilegiada e anunciadora da Ressurreição, sobretudo em Jo 20,17-18, não se sabe. As eleições de Deus e de Jesus são gratuitas. Por que ele escolheu Judas?


IHU On-Line - O que revela o diálogo, narrado por João (20,1-18), entre Jesus e Madalena na ressurreição? 

Johan Konings - O diálogo entre Jesus e a Madalena, depois que Pedro e o Discípulo Amado deixaram o túmulo, em Jo 20,11-18, revela muito amor, tanto da parte de Maria como da parte de Jesus. Diz o papa Gregório Magno , por volta do ano 450: “Aquele a quem procurava por fora, era o mesmo que interiormente a impelia a procurar”. Segundo o texto de João, Maria, ao ver os anjos no sepulcro, não pensa em ressurreição e não reconhece o Ressuscitado. Toma Jesus pelo guarda do sepulcro (20,11-15). Então, Jesus a chama pelo nome, na língua dela (e de Jesus), em aramaico: “Mariame” (segundo o texto original de Jo 20,16). E nisto ela o reconhece e lhe responde, igualmente em aramaico: “Rabûni” (meu grande mestre). Jesus mesmo disse que as ovelhas reconhecem a voz de seu pastor! (Jo 10,3.4.16.27).

Maria procurava o corpo morto de Jesus para, com todo seu amor, cuidar dele, dar-lhe um embalsamamento digno, mas ela o encontrou vivo, transformado pela glória de Deus. Jesus lhe diz que ela não o deve segurar – pelos pés, gesto oriental de veneração – porque ele está subindo para junto do Pai, já que sua morte na cruz faz parte (na linguagem do Quarto Evangelho) de seu “enaltecimento”, outra maneira de expressar o simbolismo da glorificação junto de Deus. Ou seja, Jesus a faz entender que ele não está mais aí na condição do venerado mestre que ela seguiu desde a Galileia, mas como o Enaltecido, que enviará a ela, e a todos os discípulos, o Espírito-Paráclito, para continuar a obra de Jesus junto aos seus, agora chamados de irmãos. Esta comunicação do Espírito é narrada no trecho imediatamente seguinte do Evangelho de João (20,19-23).


IHU On-Line - Como compreender o papel das mulheres no movimento de Jesus e entre os cristãos primitivos? Como esse papel vai mudando ao longo dos tempos e como o senhor o vê hoje?

Johan Konings - Levando em consideração o pouco espaço que as mulheres tinham na vida pública naquele tempo, especialmente no judaísmo de tendência farisaica, é surpreendente o espaço que os evangelhos, sobretudo os de Lucas e de João, abrem para as mulheres.  Por exemplo, as palavras de Jesus contra a lei que permitia o repúdio da mulher devem ser interpretadas como defesa da dignidade da mulher. Jesus viu na igualdade de homem e mulher o ideal do ser humano segundo o projeto de Deus. A breve nota de Lucas 8,1-3 sobre as mulheres que seguiam Jesus e o serviam com seus bens; a descrição de Marta e Maria de Betânia como donas de casa que davam hospitalidade a Jesus (Lc 10,38-42; Jo 11,2; 12,1-2); a insistência em terem sido mulheres as testemunhas da cruz, do sepultamento e da aparição junto ao sepulcro vazio; a importância dada, nestas cenas, à mãe de Tiago Menor, futuro chefe da igreja de Jerusalém, além de outros indícios nos evangelhos e nas cartas de Paulo – tudo isso mostra que, desde o início, o movimento de Jesus foi marcado pela participação ativa das mulheres.

Elas seguiram Jesus até junto da cruz, enquanto os homens sumiram. Quanto ao Discípulo Amado, ele representa, junto com a mãe, o discípulo perfeito, enquanto os imperfeitos não estão aí, apesar de Jesus ter dito que, onde ele estiver, estejam também os que o servem (Jo 12,26). As mulheres realizaram isso, Pedro não. E a diminuição do protagonismo das mulheres nas igrejas dos séculos seguintes mostra que esse traço era original do primeiro movimento de Jesus, mas foi apagado pelo ambiente cultural, tanto judaico como greco-romano, que se impôs também em outras dimensões. 


IHU On-Line - Que outras mulheres são importantes na caminhada de Cristo? No momento da crucificação, João (19,25) fala das três mulheres ao pé da cruz. Como compreender o que representam essas figuras?

Johan Konings - Essas mulheres subiram com Jesus desde a Galileia, prestando ajuda a ele e aos que o acompanhavam naquilo que parece ter sido uma romaria à Páscoa em Jerusalém. Eram mulheres de alto status social, dispondo de meios financeiros. Entre elas, Joana, mulher de um alto funcionário de Herodes, vice-rei da Galileia, e Suzana e muitas outras, algumas curadas de diversos males (Lc 8,1-3), por exemplo, Maria Madalena. Foi, portanto, o bem que Jesus fazia – sua “misericórdia” – que atraía essas mulheres e as levou a colocar-se a seu serviço, isto é, a serviço dos que com ele estavam subindo a Jerusalém.

Houve outras mulheres que interagiram com Jesus em sua missão: Marta e Maria de Betânia; a mulher que o ungiu antes da morte (anônima segundo Mc 14,3, porém identificada como Maria de Betânia em Jo 12,3); a mulher siro-fenícia, que provocou Jesus a dar o pão das crianças (de Israel) também aos cachorrinhos (os pagãos; Mc 7,28); Maria, mãe de Tiago Menor, chefe da igreja de Jerusalém. Segundo João, a própria mãe de Jesus, presente no início e no fim da obra de Jesus; Lucas a coloca na comunidade de Jerusalém, no livro dos Atos (At 1,14).

E, certamente, houve muitas outras. Depois que Jesus desapareceu da terra, elas continuaram fazendo parte do discipulado, diferentemente da sinagoga judaica, onde isso não era possível. É mais que provável que exerceram certo protagonismo, como também as numerosas mulheres mencionadas em torno do apostolado de Paulo.


IHU On-Line - Em João 4, Jesus tem um encontro com a samaritana num poço. Na passagem, é possível perceber que até ela se surpreende por Cristo lhe falar em público. Mais adiante no texto (João 4, 27), os apóstolos se escandalizam com a cena. Como, através dessa passagem, é possível compreender o espaço da mulher na sociedade da época e a forma como o Cristo entendia ser o verdadeiro papel das mulheres? E que paralelo é possível traçar com a relação entre Cristo e Maria Madalena?

Johan Konings - Não devemos projetar no tempo de Jesus questões que surgiram no quadro da moderna emancipação da mulher. Creio que Jesus não lhes confiou expressamente um “papel na sociedade”. A questão não se colocava nesses termos. Mas, mesmo sem esta questão moderna, é mais que evidente que Jesus, de fato, sem nenhuma teoria sociológica, confiava coisas importantes às mulheres.

Deu-se a conhecer como Messias à mulher samaritana, que logo se tornou a mensageira junto aos samaritanos, a parte excluída do antigo povo de Israel. E isso se repete, não apenas como reação espontânea, mas como incumbência explícita, no caso de Maria Madalena e das mulheres que viram os anjos junto ao sepulcro vazio. Jesus ou os anjos não se perguntaram se uma mulher podia exercer essa missão. Mandaram, ainda que os discípulos achassem isso “delírio” (Lc 24,11) ou coisa que “algumas mulheres” andaram contando (Lc 24,22-24). Jesus e os anjos aparentemente não davam muita importância aos preconceitos machistas.


IHU On-Line - Como compreender o conceito de “discípulo amado”? E, a partir dos Evangelhos, como podemos inferir quem é ele e qual sua relação com o feminino?

Johan Konings - Como eu disse, o Discípulo Amado, pouco importa qual tenha sido sua identidade, desempenha no evangelho de João o papel do discípulo perfeito, o “iniciado”, aquele que conhece os segredos de Jesus (na última ceia) e está onde Jesus está: ao pé da cruz, para dar testemunho do supremo gesto de amor de Jesus (Jo 19,35; 21,24). Ele é também o primeiro a entender o sentido da morte de Jesus quando encontra o sepulcro vazio: ele crê na Escritura que até então não tinha compreendido (Jo 20,8-9), certamente a Escritura que falava do enaltecimento do servo de Deus, o quarto cântico do Servo, em Isaías 52–53. Neste sentido, ele representa tanto as mulheres quanto os homens, desde que busquem ser discípulas ou discípulos perfeitos. Digamos que uma mulher cheia de amor e de fé se sentiria bem no papel do Discípulo Amado.


IHU On-Line - Gostaria que o senhor detalhasse a sua perspectiva de “coesão cristã”, pensada a partir dos direitos de homem e mulher e sua igual dignidade.

Johan Konings - A igualdade de homem e mulher e, portanto, a igualdade de direito (com as devidas adaptações segundo o gênero de cada um) é um dado inerente à criação. Por isso está na primeira página da Bíblia, Gênesis 1,27. Não sei como entendem isso aqueles que acham que a Bíblia justifique discriminações; devem ter algum problema de dislexia ou de analfabetismo...

Jesus se referiu expressamente a esse texto, na primeira página da Lei, para invalidar a concessão do repúdio da mulher, que aparece no último livro da Lei, o Deuteronômio – por causa da “dureza de coração” (em bom português: a estupidez) dos homens (Mc 10,5). A igualdade de direito de homem e mulher não é a grande novidade de Jesus. Faz parte da lei de Deus desde sempre. João, em sua carta, diz que o mandamento é antigo, porém novo em Cristo e em nós (1Jo 2,7-8), e então continua falando sobre o amor fraterno. Aí está a novidade cristã na relação homem-mulher, mais do que na igualdade de direito.

O amor nos faz levar a sério o que é de direito desde sempre. E é por isso que, por exemplo, o matrimônio, o ser “uma só carne”, é uma participação do mistério do amor de Cristo, segundo Efésios 5,32, com o qual Cristo ama, na Igreja, a sua própria carne, seu próprio corpo (Ef 5,29). Em termos práticos: a luta pelos direitos dos gêneros masculino, feminino e outros é a luta de todos os humanos; e a missão cristã é animar a convivência humana pelo amor de Deus, do qual Jesus é a revelação perfeita.


IHU On-Line - Como o senhor tem visto os movimentos do papa Francisco com relação às mulheres na Igreja? O que é possível apreender desses movimentos? Que questão de fundo há em seu ato ao atribuir o dia 22 de julho como Dia da Festa de Maria Madalena?

Johan Konings - Nosso irmão Francisco tem dessas inspirações bem-aventuradas! Ora, ele não inventou a festa de Maria Madalena; existe desde a Idade Média. Na França, na Itália e, salvo engano, também em algumas cidades do Brasil, é a festa das “madalenas”, as prostitutas. Naquele dia elas deixam de ser excluídas. A celebração de Madalena, que no missal até agora tinha o estatuto litúrgico de “memória”, pelo decreto do Papa é elevada ao nível de “festa” oficial, obrigatória e com direito ao “Glória”.

Diz o comunicado da Rádio Vaticano: “Esta decisão foi tomada pelo Papa Francisco no contexto do Jubileu da Misericórdia e valoriza Maria Madalena como a primeira testemunha da Divina Misericórdia”. O Papa deve ter pensado na expulsão dos sete demônios e também no papel de pecadora penitente que a devoção popular lhe atribui. E a festa de uma pecadora é naturalmente uma festa para todos nós, pois quem é que não é?

Mas, certamente, pensou também na exclusão de tantas mulheres por causa da “dureza de coração” dos homens. Pensou naquelas e naqueles que se empenham pela plena dignidade da mulher. Convém lembrar que, biblicamente falando, a misericórdia não é apenas a condescendência para com os pecadores, mas a chésed, o amor-fidelidade de Deus que se comprova na Cruz, “enaltecimento” de Cristo revelado como glorioso na ressurreição. E é disso que Maria Madalena é testemunha privilegiada. ■

 

Leia mais...

- O Evangelho de João como o livro da identidade e coesão cristã. Entrevista especial com Johan Konings, publicada nas Notícias do Dia de 03-05-2008, no sítio do Instituto Humanitas Unisinos – IHU.

- A Palavra de Deus como "acontecimento" e "encontro". Entrevista com Johan Konings, publicada na revista IHU On-Line, número 354, de 20-12-2010.

- Sínodo dos Bispos atualizou o Concílio Vaticano II. Entrevista com Johan Konings, publicada na revista IHU On-Line, número 282, de 17-11-2008.

- Hermenêutica da tradição cristã no limiar do século XXI. Artigo de Johan Konings, publicado nos Cadernos Teologia Pública, número 1.

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