Edição 487 | 13 Junho 2016

A metrópole monstro e sua multiformance em busca de outro mundo possível

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Leslie Chaves

Movimentos recentes por reivindicação de diversas demandas carregam em si potencialidades que podem ser um caminho para novos modos de vida na cidade
Crédito imagem – Fonte: filosofospibidcm.blogspot.com

É na figura do monstro que tem o corpo formado por uma multiplicidade de outros corpos e uma cabeça de soberano, da obra Leviatã, de Thomas Hobbes, que se espelham as metrópoles, sobretudo as brasileiras, enquanto heterogeneidades espaciais e temporais, palcos para a atuação das múltiplas singularidades de seus habitantes. A analogia foi feita por Bárbara Szaniecki para pensar a vida nas grandes cidades na contemporaneidade. “Essa imagem do Leviatã se projeta e se concretiza na cidade hoje. Para entendermos o porquê é interessante resgatar a análise de Foucault sobre a cidade operária do século XIX como um dos principais mecanismos de controle sobre os corpos, em que o recorte urbano define as visibilidades e invisibilidades dos espaços e também organiza e disciplina inclusive os comportamentos da população. As cidades modernas são a expressão máxima desse disciplinamento, que para além do esquadrinhamento urbano, se concretiza em grids temporais e espaciais que controlam nossas vidas para que funcionem dentro de determinados parâmetros e lógicas. No Brasil as cidades nunca conseguiram ser modernas. Nossas cidades são aglomerados de territórios e de heterogeneidades temporais que convivem de certa forma imbricados. O espaço urbano é portanto um monstro com muitas faces, com heterogeneidade espacial e temporal”, explica.

 

A designer, professora e pesquisadora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ esteve na Unisinos na última quarta-feira, 08-06-2016, participando do 3º Ciclo de Estudos Metrópoles, Políticas Públicas e Tecnologias de Governo. Territórios, governamento da vida e o comum debatendo o tema do ativismo estético e a vida nas grandes cidades em duas conferências: Tempos Múltiplos e multiformances: resistências a partir de Gilles Deleuze a Antonio Negri, à tarde; e Autonomismo político e ativismo estético: o design nas metrópoles contemporâneas, à noite.

 

A conferencista

Barbara Szaniecki é professora na Escola Superior de Desenho Industrial da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ e doutora em Design pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-Rio.

Esta reportagem pode ser lida na íntegra no sítio do IHU. Também no sítio, o tema do ativismo estético, de que trata Bárbara Szaniecki, pode ser aprofundado na entrevista realizada com a pesquisadora. Sua conferência também está disponível no Canal do IHU no You Tube .■ 

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