Edição 483 | 18 Abril 2016

Amoris Laetitia e a ‘ética do possível’. Limites e possibilidades de um documento sobre ‘a família’, hoje

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Redação

Após dois anos de intenso debate, que também foi tenso, o papa Francisco publicou no dia 08 de abril, a Exortação Apostólica Amoris Laetitia. Sobre amor na família. O documento foi amplamente debatido, comentado, enaltecido por uns, e criticado, dura ou suavemente, por outros, nas Notícias do Dia, diariamente atualizadas e publicadas pela página eletrônica do Instituto Humanitas Unisinos – IHU e agora é discutido nas páginas da presente edição da revista IHU On-Line. Pesquisadores e pesquisadoras, do Brasil e do exterior, participam deste painel sobre o texto.
Foto: Lateral dos muros do Vaticano Leo Hidalgo/Flickr - Cretive Commons

 Para o professor de Ética Cristã na Universidade Livre de Urbino, o italiano Giannino Piana, Amoris Laetitia tem uma marca pessoal de Francisco: a sua preocupação pastoral, que no documento se manifesta no tratamento das diferenças.

 

A teóloga brasileira Ivone Gebara não esconde sua decepção com a Exortação Apostólica. Para ela, o documento não rompe com velhas perspectivas e ainda reforça um mundo ideal distante do mundo de hoje. Segundo ela, trata-se de um documento que é espelho de uma Igreja solteira, masculina e hierárquica.

 

Andrea Grillo, teólogo leigo italiano, casado, pai de dois filhos, entende que a exortação não se propõe a quebras ou mudanças de rumo das “leis” católicas. Para ele, é uma tentativa de solucionar as contraposições de visões que geram conflitos na Igreja.

 

 

Defensor das pautas LGBT, o diretor executivo do New Ways Ministry, Francis DeBernardo analisa que a Igreja continua tratando de forma obscura a realidade desse grupo e de simpatizantes do movimento. Ele não reconhece o papa Francisco acolhedor no documento.

Massimo Faggioli, professor de História, italiano radicado nos EUA, analisa Amoris Laetitia como um marco pós-Vaticano II. Para ele, o Papa sinaliza disposição para o diálogo com os religiosos e a sociedade.

 

Para Márcio Fabri dos Anjos, secretário da Sociedade Brasileira de Bioética, a Exortação Apostólica não terá o papel de marco, mas de mediador na superação das tensões que envolvem aspectos doutrinais na Igreja.

 

Cesar Kuzma, teólogo, casado, pais de dois filhos, professor na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-Rio, vê o documento como resultado de uma etapa, mas não o fim de um percurso que pode se abrir para um novo tempo.

 

O historiador Sérgio Coutinho, refletes sobre a recepção do documento na Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, realizada agora em abril.

 

Por sua vez Todd A. Salzman e Michael G. Lawler, professores do departamento de Teologia da Universidade de Creighton, nos Estados Unidos, autores do importante livro A Pessoa Sexual, constatam que “nem todo o mundo ficará contente com o documento”, mas trata-se de “um documento que colocará o ensinamento católico sobre o matrimônio mais uma vez na linha de frente de qualquer discussão sobre o matrimônio”.

 

Também podem ser lidos o artigo A dimensão estratégica internacional do ‘golpe’ branco sendo aplicado no Brasil de Bruno Lima Rocha, professor de Ciência Política e Relações Internacionais, a entrevista com Francisco de Guimarães, professor da PUC-Rio, sobre o poder e o sujeito constituinte, uma síntese da ampla entrevista concedida por Bernardo Gutiérrez, jornalista, escritor e pesquisador hispano-brasileiro, e a apresentação do livro de Fabio Mascaro Querido intitulado Michael Löwy: marxismo e crítica da modernidade (Boitempo, 2016).

 

A todas e a todos uma boa leitura e uma excelente semana!

 

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