Edição 466 | 01 Junho 2015

E se você recebesse uma ligação do Papa o que lhe diria?

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Leslie Chaves

Os esforços do Papa Francisco para aproximar a Igreja das pessoas têm sido notáveis desde o início do pontificado. Nessa postura estão em jogo discursos mais profundos e a busca por colocar em prática os ensinamentos do Evangelho e os preceitos expressos nos documentos do Concílio Vaticano II. Entretanto, algumas das atitudes de Bergoglio expressam a simplicidade e o espírito pastoral com que o pontífice trata de temas sérios e de acontecimentos cotidianos. Um exemplo é o costume do Papa de telefonar para as pessoas.

Esse comportamento inusitado para uma figura tão importante já foi tema de diversas reportagens na mídia. Algumas revelaram que Francisco costuma ligar para confortar pessoas doentes, responde a apelos de fiéis que estão passando por dificuldades e deixam mensagens com pedidos de ajuda, e também telefona para quem o critica publicamente. Esse foi o caso do jornalista argentino Alfredo Leuco, que, em uma carta aberta publicada em abril de 2015, desaprovou a reunião marcada entre o pontífice e a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, para o mês de junho deste ano. O Papa relata que esse é um hábito antigo, que vem desde os tempos em que vivia em Buenos Aires, quando respondia aos bilhetes, cartas e ligações da comunidade que o procurava em busca de apoio. Costume que demonstra sua disposição para o diálogo e seu modo de conviver com as pessoas.

Inspirada nesse comportamento de Francisco, a IHU On-Line procurou saber dos participantes do II Colóquio Internacional IHU – O Concílio Vaticano II: 50 anos depois. A Igreja no contexto das transformações tecnocientíficas e socioculturais da contemporaneidade, o que diriam se recebessem uma ligação do Papa.  

“Eu agradeceria a ele a ligação que fez para mim, e diria a ele que continuasse nessa busca de abertura ao diálogo inter-religioso. Na própria Evangelii Gaudium ele salienta uma Igreja muito próxima das pessoas, uma Igreja em saída. Então eu diria que essa é a verdadeira Igreja de Jesus Cristo, uma Igreja próxima das pessoas, que está atenta à necessidade do outro. Ele diz que quando nós vamos em busca do outro, nós não sabemos como vamos encontrá-lo, então por isso sempre devemos ter uma palavra de consolo, saber escutar e saber falar. Eu diria a ele para continuar sempre renovando, apesar de ele não trazer essencialmente nada de novo, o que ele faz de fato é colocar em prática o Vaticano II, que representa uma Igreja aberta e atenta aos apelos do outro e do mundo contemporâneo.”

Jordan Carvalho, teólogo, pré-noviço Lassalista da Congregação dos Irmãos das Escolas Cristãs, em Porto Alegre – RS.

 

“Papa Francisco, estou muito feliz com a sua ligação, me sinto privilegiada e lisonjeada. Também quero lhe agradecer pela sua missão profética. Nós estamos aqui no colóquio em São Leopoldo, retomando o documento Gaudium et Spes, e nesse momento oportuno de sua ligação me deixa muito mais feliz.”

Carmélia Chaves Soares dos Santos – estudante de teologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná e Catequista da Paróquia São Carlos, em Curitiba – PR.

 

“Primeiramente eu agradeceria pelo testemunho que ele é, com certeza um exemplo de pessoa, de cristão, que nos inspira enquanto religiosos e católicos. Também diria pra ele que a Igreja se aproximasse mais dos jovens, e que se fizesse o esforço de trazer esses jovens para a Igreja, fazendo esse duplo movimento de aproximação. Isso significa talvez mexer na própria liturgia, na forma de culto e celebração para atrair a juventude, que sabemos que também é responsável pelas mudanças e por esse diálogo com a cultura.”

Marcelo Cesar Salami, irmão Lassalista, em Porto Alegre – RS.

 

“Se eu recebesse uma ligação do Papa eu ficaria muito feliz e diria a ele que estamos aqui no colóquio retomando a Gaudium et Spes e seguindo as suas orientações, vivenciando o que ele está propondo para a Igreja hoje, para toda a sociedade e para a transformação de mentalidades, principalmente a respeito da nossa visão sobre aquelas pessoas mais necessitadas, os excluídos, porque é aí que temos que alimentar e suscitar a vida.”

Vilma Tereza Rech, irmã Pastorinha e integrante da coordenação do setor de animação bíblico catequética da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, regional 3, em Porto Alegre – RS.

 

“Eu agradeceria a revolução que ele vem fazendo na Igreja. São necessárias mudanças, e abertura da Igreja, para que ela entre em diálogo com outras vozes, outras religiões e até mesmo com outras ramificações cristãs. Então essa é uma grande revolução que o Papa Francisco vem fazendo na Igreja, que é alegria não só para os católicos, mas para os cristãos de outras denominações e também para fiéis de outras religiões. Ele vem fazendo esse diálogo muito aberto.”

Leandro Sousa Brito, teólogo, pré-noviço Lassalista da Congregação dos Irmãos das Escolas Cristãs, em Porto Alegre – RS. ■

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A matéria que inspirou a reportagem é intitulada "Cinco minutos com o Papa Francisco. O que você diria?", publicada nas Notícias do Dia, de 19-05-2015. 

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