Edição 443 | 19 Mai 2014

Aquecimento global e os desafios à humanidade no século XXI

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Ricardo Machado

Dados divulgados em 2013 pelo Banco Credit Suisse apontam que a riqueza mundial é da ordem de R$ 514,9 trilhões, dinheiro suficiente para construir casas sustentáveis para toda população mundial. Porém, a produção de riqueza mundial, ao invés de gerar bem-estar social em âmbito global, gerou, além da concentração de renda, emissão recorde de gás carbônico na atmosfera, alcançando, em maio do mesmo ano, o número de 400 partes por milhão, segundo dados do Centro Americano de Controle da Atmosfera – NOAA (sigla em inglês).
Veja a reportagem como foi publicada na revista.

Com a intensificação do neoliberalismo em escala mundial a partir dos anos 1970, os efeitos da emissão de poluentes se tornaram mais visíveis e só se tornaram uma pauta mundial quase duas décadas mais tarde. Nesse período, foi inaugurado o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas – IPCC, que desde então vem produzindo, periodicamente, relatórios sobre o clima global. O mais recente documento — denominado “Mudanças Climáticas 2014: Impactos, Adaptação e Vulnerabilidade” — confirma projeções anteriores e sustenta que as mudanças climáticas, em decorrência do aquecimento antropogênico, continuam aumentando.

A próxima rodada de negociações sobre o clima deve ocorrer na França, entre 30 de novembro e 11 de dezembro de 2015. A expectativa é traçar metas ambiciosas para manter o aquecimento global da média da temperatura do planeta em até 2ºC no século XXI, o que significaria um aumento máximo de 0,3ºC nas próximas oito décadas. Entretanto, a condição atual do globo já causa mudanças climáticas que afetam a agricultura, a saúde humana, os ecossistemas, o abastecimento de água, entre outros fatores.

Diante deste cenário, nem mesmo o secretário geral da Organização das Nações Unidas – ONU, Ban Ki-Moon, acredita que tal objetivo pode ser alcançado e, por isso, aponta sugestões. “Para diminuir esses riscos, a redução substancial das emissões globais de gases de efeito estufa deve ser feita juntamente com estratégias e ações para melhorar a preparação contra os desastres, bem como para reduzir a exposição a eventos causados pelas alterações climáticas”, sustentou Ban Ki- Moon, em comunicado divulgado no site da ONU. 

Os desafios contemporâneos que se impõem à comunidade mundial são complexos e resultam de um aprofundamento da desigualdade social* nos últimos séculos, que gera impactos em escala global. Grande parte da riqueza das nações desenvolvidas decorreu de um crescimento econômico pouco preocupado com os impactos ambientais. Mais recentemente, os países em desenvolvimento assumiram a mesma matriz racional de geração de riqueza, baseada em mineração e extração de combustíveis fósseis. Nesta queda de braço, os maiores perdedores parecem ser as populações miseráveis, que são as comunidades mais impactadas pelos eventos climáticos extremos, que ocorrem em todos continentes. 

* Leia, em Destaques da Semana, uma síntese da Conjuntura que debate o livro O capital no século XXI - Le capital au XXIe Siècle. Paris: Seuil, 2014 — até o momento, sem tradução para o português. A Editora Intrínseca comprou os direitos para o Brasil.

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