Edição 202 | 30 Outubro 2006

Georgina Flores Giordani

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Menina de família grande, passou por grandes dificuldades na infância até chegar à universidade, primeiramente a trabalho, e depois como aluna de Educação Física. Conheça um pouco Georgina Flores, a Neca, funcionária no setor de Administração de Pessoal da Universidade.

Origens - Nasci no interior de Montenegro, e quando eu tinha três anos de idade, nos mudamos para São Leopoldo a convite de uma família muito amiga de meus pais, com quem meu pai passou a trabalhar.

Infância - Minha infância foi ótima. Tínhamos que criar os brinquedos, como perna de pau, pipas, carrinho de lomba, também jogava taco, futebol. Lembro que meu irmão mais velho, casado, fazia carrinhos e barquinhos de madeira para meus dois irmãos menores. Como era a única menina, brincava com eles. Brincávamos de esconde-esconde, e no interior não havia luz elétrica, ficando mais difícil ainda encontrar um ao outro. Com o passar do tempo, ficamos com mais responsabilidades. Aos oito ou nove anos, já tínhamos nossas tarefas diárias em casa e não podíamos deixar de fazer. Eu tinha que pegar água no poço e deixar o fogão sempre abastecido de lenha.

Família - Família grande. Éramos 10 irmãos, mas desses, quatro não cheguei a conhecer. Perdi meu pai quando eu tinha cinco anos, e minha mãe, 11 anos. Ela faleceu em um acidente de carro, ficando nós três, os filhos menores, aos cuidados da minha irmã de 20 anos. Três meses depois, a Zely, senhora amiga da mãe (aquela que nos trouxe para São Leopoldo), foi pedir para minha irmã deixar eu morar com ela. No primeiro momento, ela não concordou. A partir de setembro de 1980, quando fui morar com minha família de criação, minha vida mudou: as notas na escola melhoraram, assim como a freqüência nas aulas. Todos me tratavam como membro da família, avós, tios, primos, tanto da parte da mãe quanto a do meu pai de criação. Infelizmente, minha alegria não durou para sempre. Minha mãe teve câncer de mama, sofremos muito. Em setembro de 1987, ela faleceu. Fiquei morando com meu pai e irmãos de criação por um ano. Depois, por ironia do destino, meu pai me mandou embora de casa. Fiquei sem um lar, sem família. Morei com um casal de amigos por três meses e depois fui morar sozinha.

Estudos - Tirei o ensino fundamental na Escola Municipal São João Batista e na Escola Visconde de São Leopoldo. E o ensino médio, no Colégio São Luís. Consegui concluir somente o primeiro ano do curso técnico em contabilidade, pois com a gravidade da doença da minha mãe, tive que parar de estudar. Retornei aos estudos somente em 1991. Prestei vestibular no segundo semestre de 1993 para o curso de Administração – Habilitação em Recursos Humanos. Troquei de curso para Educação Física e me formarei no final desse semestre. Para o ano que vem, existe a possibilidade de um novo curso de especialização voltado para a ginástica laboral. Minha torcida é grande, pois meu TCC da graduação foi sobre esse assunto.

Carreira - O trabalho que eu fazia, na época em que fui morar sozinha, era em uma empresa de filetes de sapato, na função de apontadora de produção. Mal dava para o meu sustento, água, luz, aluguel e mais nada  Em abril de 1990, fui chamada para trabalhar na Unisinos. Fiz o teste prático, a entrevista com o gerente do setor e outra com a assistente social e fui admitida. Sempre trabalhei na linha de frente do setor, atendimento ao público. Agora, após a conclusão do curso, vou procurar conciliar o trabalho aqui na Unisinos com atividades relacionadas à minha formação. Durante o curso, percebi uma afinidade muito grande com trabalhos direcionados à terceira idade.

Casamento - Sou casada há 16 anos. Temos uma filha de 9 anos, também filha do coração. Nós a adotamos com oito dias de vida. Hoje tenho minha a família.

Horas Livres - Esse semestre está complicado ter horários livres, pois faço parte da comissão de formatura. No sábado e domingo pela manhã, estou fazendo meu último estágio curricular em uma escola de canoagem, Guahyba Associação de Canoagem em Guaíba. Adoro reunir os amigos em jantares, almoços, que organizamos normalmente na Sede Campestre do Sindicato ou em casa.

Esportes - Já planejei muitas vezes voltar a fazer atividades físicas em academia, mas infelizmente o tempo está escasso. Adoro fazer step, dança, jump, vôlei, basquete e até mesmo musculação.

Férias - Férias é descanso. Não temos horário para nada. Há 12 anos, freqüentamos a mesma praia, criamos um vínculo de amizade com os vizinhos. No final da tarde, sempre sai um joguinho de vôlei, uma roda de chimarrão e um peixinho grelhado. À tarde, pego um cinema com minha filha.

Dia Perfeito - Dia tranqüilo com a família e amigos.

Autor - Gosto muito dos livros da Zibia Gasparetto, por exemplo O Jardim de Rosas. Leio também Moacyr Scliar e Paulo Coelho.

Música - Minhas colegas de trabalho dizem que a minha cara é música alegre. Eu gosto de Martinho da Vila e Jorge Aragão, ouço também Kid Abelha, Skank, Ana Carolina. Para mim, qualquer tipo de música vai bem, dependendo da ocasião.

Política - Queria que fosse diferente. Os candidatos prometem muitas coisas e acabam não fazendo nada. Acho que todos trabalham por causa própria.

Futuro - Quero um futuro melhor, com muita saúde para meus familiares, sem violência, discriminações, que as pessoas pudessem sair à noite com mais segurança.

Filme - Adorei A Espera de um Milagre, com o Tom Hanks. Curto filmes românticos, aventura, comédia e, claro, alguns infantis.

Unisinos - É meu segundo lar. Praticamente fico mais tempo na Unisinos do que em casa. Dou-me bem com todos. E posso dizer que sou privilegiada por conquistar amizades verdadeiras. Quanto à crise que se abate na Universidade, é geral de todo o País. É um momento de transição.

Instituto Humanitas Unisinos - O Humanitas é um ponto a favor da Unisinos. Ele só veio a acrescentar à Universidade. É único. Tem a sua identidade própria.É um diferencial.

 

 

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