Edição 420 | 27 Mai 2013

Fernando Ferrari e o projeto agrário para o Brasil

close

FECHAR

Enviar o link deste por e-mail a um(a) amigo(a).

Ricardo Oliveira da Silva

O artigo a seguir foi escrito por Ricardo Oliveira da Silva, graduado em História pela Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, mestre e doutor em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS com a tese Em busca da Nação: interpretações da questão agrária brasileira em meados do século XX. Leciona como professor substituto de História na UFSM e é um dos articulistas da obra Fernando Ferrari: ensaios sobre o político das mãos limpas. Porto Alegre: Tomo Editorial, 2013, organizada por Fernando Ferrari Filho. Confira o artigo.

O pensamento político de Fernando Ferrari em meados do século XX teve como uma de suas marcas a abordagem dos problemas existentes na estrutura fundiária brasileira. Nos seus textos e discursos foi atribuído um sentido aos impasses existentes no campo com base no ideário trabalhista. Desse modo, em Fernando Ferrari a doutrina trabalhista ganhou os contornos de um projeto político agrário para o país. Este é um dos temas que desenvolvemos no livro Fernando Ferrari: ensaios sobre o político das mãos limpas.

Com o colapso econômico de 1929 ficou patente para setores importantes da elite político e intelectual brasileira a precariedade de economias dependentes de exportação. Assim, ganhou força a tese da necessidade de um desenvolvimento nacional auto-sustentado. Na prática, isto significava criticar o modelo econômico agrário-exportador.

Seguindo a vertente do ideário trabalhista, para Fernando Ferrari um desenvolvimento nacional auto-sustentado deveria se fundamentar em uma sociedade baseada no solidarismo e na valorização do trabalho, o que somente seria possível com a diminuição das desigualdades sociais, proporcionando bem-estar a todos os seus membros.

Fernando Ferrari interpretou as desigualdades sociais e econômicas no campo brasileiro como empecilhos na constituição de uma sociedade trabalhista, baseada na cooperação, na distribuição mais equitativa da renda e na participação de todos os indivíduos na produção. Para atingir esse objetivo, Fernando Ferrari defendeu o arrendamento das terras, seguido de uma legislação para os trabalhadores rurais e de uma reforma agrária. Com isto, a solução da questão agrária tornou-se um tema central em sua atuação política e constitui-se em um dos seus principais legados à história do pensamento político brasileiro.

Últimas edições

  • Edição 552

    Zooliteratura. A virada animal e vegetal contra o antropocentrismo

    Ver edição
  • Edição 551

    Modernismos. A fratura entre a modernidade artística e social no Brasil

    Ver edição
  • Edição 550

    Metaverso. A experiência humana sob outros horizontes

    Ver edição