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Ricardo Oliveira da Silva
O pensamento político de Fernando Ferrari em meados do século XX teve como uma de suas marcas a abordagem dos problemas existentes na estrutura fundiária brasileira. Nos seus textos e discursos foi atribuído um sentido aos impasses existentes no campo com base no ideário trabalhista. Desse modo, em Fernando Ferrari a doutrina trabalhista ganhou os contornos de um projeto político agrário para o país. Este é um dos temas que desenvolvemos no livro Fernando Ferrari: ensaios sobre o político das mãos limpas.
Com o colapso econômico de 1929 ficou patente para setores importantes da elite político e intelectual brasileira a precariedade de economias dependentes de exportação. Assim, ganhou força a tese da necessidade de um desenvolvimento nacional auto-sustentado. Na prática, isto significava criticar o modelo econômico agrário-exportador.
Seguindo a vertente do ideário trabalhista, para Fernando Ferrari um desenvolvimento nacional auto-sustentado deveria se fundamentar em uma sociedade baseada no solidarismo e na valorização do trabalho, o que somente seria possível com a diminuição das desigualdades sociais, proporcionando bem-estar a todos os seus membros.
Fernando Ferrari interpretou as desigualdades sociais e econômicas no campo brasileiro como empecilhos na constituição de uma sociedade trabalhista, baseada na cooperação, na distribuição mais equitativa da renda e na participação de todos os indivíduos na produção. Para atingir esse objetivo, Fernando Ferrari defendeu o arrendamento das terras, seguido de uma legislação para os trabalhadores rurais e de uma reforma agrária. Com isto, a solução da questão agrária tornou-se um tema central em sua atuação política e constitui-se em um dos seus principais legados à história do pensamento político brasileiro.