Edição 411 | 10 Dezembro 2012

Elefante Branco e uma igreja humana, demasiado humana

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Thamiris Magalhães

O cinema argentino é um cinema de emoções, que sabe trabalha-las tanto no nível individual, como no social. Em Elefante Branco vê-se algo diferente, que expõe mais as feridas e escancara as suas relações humanas, afirma Celso Sabadin

FICHA TÉCNICA

Título original: Elefante Blanco 

Título em português: Elefante Branco

Diretor: Pablo Trapero

Elenco: Ricardo Darín, Martina Gusman, Jérémie Renier, Federico Benjamín Barga, Mauricio MInetti, Walter Jakob

Produção: Alejandro Cacetta, Juan Pablo Galli, Juan Gordon, Pablo Trapero, Juan Vera

Roteiro: Pablo Trapero

Fotografia: Guillermo Nieto

Duração: 110 min

Ano: 2012

País: Argentina, Espanha

Gênero: Drama

Cor: Colorido

Distribuidora: Paris Filmes

Estúdio: Matanza Cine / Morena Films / Patagonik Film Group

Classificação: 16 anos

 

Elefante Branco, segundo Celso Sabadin, em entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line, é original por ser o primeiro filme argentino a expor abertamente a temática social. “Já vi filmes de várias nacionalidades fazendo isso, mas nunca tinha visto um argentino. E ele o faz com qualidade”, frisa. Para ele, há humanização no filme no sentido de que todos os personagens são bem construídos, críveis, com suas fraquezas e qualidades. “Ninguém é super-homem, ninguém é supervilão, todos têm suas motivações, não há maniqueísmos fáceis. É um filme que trabalha dentro de paradigmas estabelecidos”.

O longa foi exibido e debatido no Instituto Humanitas Unisinos – IHU no dia 6 de dezembro último, em três oportunidades. 

Celso Sabadin é publicitário graduado pela Escola Superior de Propaganda e Marketing e jornalista pela Fundação Cásper Líbero. Especializou-se em jornalismo cinematográfico a partir de 1979, jornalista e crítico de cinema brasileiro. Foi crítico de cinema em diversos veículos. Produziu e apresentou programas de rádio sobre trilhas sonoras de cinema. De 1989 a 2001, foi apresentador, roteirista e crítico de cinema na Rede Bandeirantes e nos canais Band News e Canal 21. Cobre Festivais nacionais e internacionais de Cinema desde 1990.

Confira a entrevista. 

IHU On-Line – De que maneira Buenos Aires é retratada no filme? 

Celso Sabadin – É a Buenos Aires que não se vê nos folhetos turísticos, e que nós jamais vemos como visitantes. É uma cidade mais real, onde a favela surge como símbolo do caos e do desequilíbrio social. Uma favela e um sistema de poder paralelo que lembra muito o que acontece também aqui no Brasil.

IHU On-Line – Qual a especificidade do cinema argentino em relação à sensibilidade diante das relações sociais?

Celso Sabadin – O cinema argentino sempre trabalha dentro de um grau de sensibilidade muito grande. É um cinema de emoções, que sabe trabalhar muito bem as emoções humanas tanto no nível individual como no social. Em Elefante Branco vemos um cinema argentino um pouco mais diferente, que expõe mais as feridas, que escancara mais as suas relações humanas.

IHU On-Line – De que maneira as drogas, a corrupção, moradias sub-humanas, invasões policiais, tiroteios, entre outros, são retratados no filme? Estas questões não são novas, não é mesmo? Então, qual é a originalidade do longa-metragem? 

Celso Sabadin – Ele é original por ser, pelo menos que eu tenha conhecimento, o primeiro filme argentino a expor abertamente esta temática. Já vi filmes de várias nacionalidades fazendo isso, mas nunca tinha visto um argentino. E ele o faz com qualidade.

IHU On-Line – Em que sentido há humanização no filme? 

Celso Sabadin – No sentido de que todos os personagens são bem construídos, críveis, com suas fraquezas e qualidades. Ninguém é super-homem, ninguém é supervilão, todos têm suas motivações, não há maniqueísmos fáceis. É um filme que trabalha dentro de paradigmas estabelecidos.

IHU On-Line – De que maneira a Igreja se apresenta no longa-metragem? Há certa crítica em relação à instituição religiosa no filme? Por quê?

Celso Sabadin – Acredito que o filme questiona o conceito de sacerdócio, de ser impossível alguém abdicar de sua própria condição humana para se dedicar exclusivamente a uma única causa. Isso parece ser impossível. E há também uma insinuação de corrupção dentro da Igreja, que estaria desviando o dinheiro das obras das favelas, o que eu também acho bastante plausível, já que os comandantes de toda e qualquer instituição religiosa – ainda que se finjam ser deuses – são bastante humanos e, portanto, passíveis de erros.

IHU On-Line – Que tipo de denúncia Elefante Branco almeja trazer à tona? 

Celso Sabadin – Acima de tudo, a injustiça social, que gera monstros sociais como aquela favela.

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