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Thamiris Magalhães e Graziela Wolfart
Com o objetivo de explicar um pouco mais sobre o trabalho da associação Mundo Mais Limpo, percebendo como fazem o movimento do lixo para o limpo, a funcionária Deise Fernanda de Oliveira conversou por telefone com a IHU On-Line e explicou como funcionam suas atividades na associação.
Como tudo começou
Os associados do Mundo Mais Limpo, projeto desenvolvido na Vila São Jorge, em São Leopoldo/RS, utilizam material reciclado para fazerem produtos de higienização com o azeite. E a Unisinos, encubou-os, oferecendo-lhes assistência técnica e ajudando a associação a aprimorar a receita do sabão. “O Mundo Mais Limpo existe há oito anos. Hoje somos 12 mulheres trabalhando nesta associação”, explica Deise.
Por que trabalhar com o azeite
Refletindo sobre a poluição que se deu no Rio dos Sinos há cinco anos, causando a mortandade de muitos peixes, as mulheres que trabalhavam na associação resolveram utilizar óleo de cozinha para produzirem material de higienização, afinal, o óleo é um dos maiores poluentes de rios e lagos. “Então, fizemos as receitas por nós mesmas. A partir dessas receitas, conseguimos fazer o sabão. Além disso, fizemos cursos, em parceria com a Unisinos, para aprimorar nossos conhecimentos”, conta Deise. E continua: “Percebemos que uma das principais poluições é a do azeite derramado em pias ou jogado no lixo, que derrama no chão e, quando vemos, derrama na grama, nas lixeiras e assim por diante, o que vai poluindo todo o meio ambiente”.
O trabalho das mulheres da associação Mundo Mais Limpo tem muito a ver com a higiene e a limpeza. “Porque azeite polui. Uma colher já polui muito. E o azeite nós ganhamos das pessoas que vão recolher nas casas e restaurantes, ou que enviam para nós. Então, coamos esse material e deixamos em uma bomba. Posteriormente o utilizamos para fazer sabão”, frisa a funcionária.
Desafios
Segundo Deise, a venda dos produtos e a queda na doação de óleo usado são os principais desafios que elas enfrentam no trabalho. “Antigamente recebíamos bastante óleo. Agora não sei o que estão fazendo para estarmos tendo tão pouca doação”.
E ela relata os percalços da venda de casa em casa: “Tem empresas que compram. Para elas vendemos bem. Mas onde mais vendemos são nas casas por onde passamos. Por isso que queremos ser uma cooperativa, para podermos ter nota fiscal”, assinala a associada. Como elas ainda são uma associação, o que mais prejudica seus trabalhos é o fato de não possuírem nota, “porque há pessoas que querem 500 sabões, por exemplo, e nós não temos como mandar, porque devemos enviar junto nota fiscal. Temos a expectativa de ano que vem conseguirmos”.
Movimento do lixo para o limpo
A experiência de utilizar material que as pessoas descartam para fazer produtos de higienização é muito boa, diz Deise, pois elas aprendem muito. “Eu, por exemplo, era uma que jogava o azeite na pia, não sabia onde jogar e pensava que na água ele se dissolvia e ia embora. Agora penso de forma diferente. Creio que com o sabão e, por conseguinte, com o azeite podemos fazer inúmeras coisas”, expõe. E continua: “Então, para mim, foi uma experiência ótima, porque antigamente eu não dava muita bola para isso. Eu não sabia o que fazer com o azeite, separava apenas garrafa, vidro, papel e orgânicos. Hoje, adquiri a consciência ambiental”.