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Thamiris Magalhães
“Acredito que somente o processo educativo e coercitivo dos gestores ambientais não é suficiente para estimular a população. São necessários projetos e linhas de financiamentos acessíveis aos usuários de produtos e serviços ambientais de forma gradativa, face às especificidades regionais”, esclarece Maria Tereza Bezerra Farias Sales, em entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line, ao ser questionada sobre a dificuldade em mobilizar as pessoas para a preservação da Caatinga. Maria Tereza diz, ainda, que um dos desafios que o bioma enfrenta atualmente é o de criar Unidades de Conservação de proteção integral: “adotar modelos de cogestão em Unidades de Conservação de uso sustentável; assegurar recursos para pagamentos por serviços ambientais e promover a integração da política ambiental com os demais setores econômicos (turismo, agricultura, indústria), educação e extensão”.
Maria Tereza Bezerra Farias Sales é coordenadora do Projeto Mata Branca, no Ceará. Possui graduação em Geologia pela Universidade Federal do Ceará – UFCE e Mestrado em Geologia Ambiental pela mesma Universidade. É autora de Geologia da Estação Ecológica de Aiuaba - Ceará. Fortaleza: UFC, 1988 (Geologia).
Confira a entrevista.
IHU On-Line – No que consiste o Projeto Mata Branca? Quais as contribuições que ele oferece à Caatinga?
Maria Tereza Bezerra Farias Sales – Consiste em promover a gestão sustentável da Caatinga nos estados do Ceará e da Bahia por meio de um plano de capacitação para atores sociais diversos, envolvendo tomadores de decisão, comunidades locais e terceiro setor. Prioriza a implementação de projetos ambientais sustentáveis com agregação de melhoria de renda, inserindo aspectos culturais e tecnologias limpas.
IHU On-Line – Quais são as contribuições artesanais que a Caatinga tem?
Maria Tereza Bezerra Farias Sales – Produção com fibras de palhas, cerâmicas, bordados com registros de espécies da fauna e flora e artefatos oriundos de material reciclável.
IHU On-Line – De que maneira é possível gerar um pensamento de valorização da Caatinga com atividades diferentes das agrícolas?
Maria Tereza Bezerra Farias Sales – A partir arranjos produtivos de produtos envolvendo os atrativos naturais para estimular o turismo rural e científico; adotar modelos de cogestão entre Estados e iniciativa privada e/ou terceiro para assegurar o turismo em Unidades de Conservação.
IHU On-Line – A senhora acredita que é difícil mobilizar as pessoas para a preservação do bioma?
Maria Tereza Bezerra Farias Sales – Acredito que somente o processo educativo e coercitivo dos gestores ambientais não é suficiente para estimular a população. São necessários projetos e linhas de financiamentos acessíveis aos usuários de produtos e serviços ambientais de forma gradativa, face às especificidades regionais.
IHU On-Line – Como avalia o desmatamento na Caatinga?
Maria Tereza Bezerra Farias Sales – Este problema somente na última década passou a ser considerado relevante para fins de implementação de políticas públicas e monitoramento deste bioma. Portanto, agrava-se à medida que a implementação de planos, programas e incentivos ainda representam iniciativas pontuais em face de dimensão do bioma da e porcentagem da população que sobrevive de produtos oriundos dele.
IHU On-Line – Qual o potencial madeireiro que o bioma oferece?
Maria Tereza Bezerra Farias Sales – O potencial madeireiro encontra-se em fase de diagnóstico pelo Ministério do Meio Ambiente e estado do Ceará, realizado ainda na década de 1990. É crescente o uso para fins energéticos e produtos de móveis e demais subprodutos. Portanto, o potencial pode estar comprometido em algumas regiões do estado, o que reflete também na diminuição de espécies da fauna.
IHU On-Line – Quais os maiores desafios que a Caatinga enfrenta atualmente?
Maria Tereza Bezerra Farias Sales – Um deles é aumentar o percentual de áreas manejadas. Outro seria criar Unidades de Conservação de proteção integral: adotar modelos de cogestão em Unidades de Conservação de uso sustentável; assegurar recursos para pagamentos por serviços ambientais e promover a integração da política ambiental com os demais setores econômicos (turismo, agricultura, indústria), educação e extensão.