Edição 378 | 31 Outubro 2011

IHU Repórter

close

FECHAR

Enviar o link deste por e-mail a um(a) amigo(a).

Thamiris Magalhães

Sorridente. Assim a professora Mari Margarete dos Santos Forster recebeu a IHU On-Line em sua sala para contar um pouco sua história de vida. Trabalhando há quase 40 anos na Unisinos, Mari se anima ao dizer que foi nessa universidade que aprendeu muitas coisas. Alegre, ela afirma ser confiante, amiga, solidária, além de acreditar saber respeitar as diferenças. Seus maiores sonhos são continuar tendo saúde, ver a neta crescer e poder ainda fazer coisas que lhe deem prazer. Conheça um pouco mais de sua história.

Origem – Nasci e moro em Porto Alegre. Por muitos anos resido no mesmo bairro, em Petrópolis. Troco de casa, mas não de bairro. Gosto muito dali.

Família – Sou viúva, tenho uma filha, a Gabriela, casada, e uma neta, de seis meses, a Francesca. Minha filha escolheu esse nome para homenagear meu pai. Ela diz que quer terminar com uma dinastia, a de mulheres de filhas únicas, porque eu sou filha única, ela é filha única e agora nasceu a Francesca. Então, a ideia dela é ter outra criança, para não ficar só repetindo... Meus pais são falecidos. Moraram comigo depois que minha filha casou.

Formação – Sou pedagoga. Formei-me na Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS. Tenho mestrado, pela mesma universidade, e doutorado, realizado na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUC-RS, em Educação.

Autodefinição – Sou confiante. Amiga. Solidária e acredito que sei respeitar as diferenças. Tenho alguns defeitos, os reconheço. Mas acredito que eles fazem parte do sujeito, pois este não é só A ou B. Ele é A e B.

Trabalhos – Dedico-me à Pós-Graduação desde 1998, na linha de pesquisa chamada Formação de Professores, que é algo que eu venho investigando. Até 1998, fiquei mais na graduação aqui e em outros lugares. Sempre trabalhei muito, mas desde 2000 estou lecionando só na Unisinos. Trabalho também na graduação, curso de Pedagogia, que é onde eu gosto muito de atuar. Toda minha formação básica foi na instituição pública. Tive uma boa formação. No entanto, quase toda minha atuação profissional é na instituição privada. Por algum tempo, trabalhei na instituição pública, como no Colégio de Aplicação, da UFRGS; foi uma experiência maravilhosa. Logo que comecei a trabalhar, lecionei por muito pouco tempo no ensino público estadual. Além disso, fui Secretária de Educação Substituta aqui no Rio Grande do Sul, nos anos de 1989 e 1990. Foi na época que trabalhei diretamente na rede pública. Hoje, pesquiso a formação de professores ainda nesse ramo. Acredito que tenho um compromisso muito grande com a escola pública. O centro de minha pesquisa é a relação universidade/escola. Reputo que hoje, fazendo isso, eu de alguma forma devolvo um pouco do que recebi da instituição estatal.

Ingresso na Unisinos – Tive uma professora que trabalhava na Unisinos, mas precisou se ausentar por algum período e indicou meu nome para atuar na universidade. Vim para cá nessas condições e acabei ficando. Nessa época, estava me formando na graduação, pois não havia exigência de ter mestrado e doutorado para atuar no ensino superior. Então, eu estava terminando a graduação quando ela me convidou para substituí-la e, chegando aqui, 99% dos meus alunos eram mais velhos que eu. À época, os professores já tinham longa experiência profissional, mas eles vinham fazer sua formação na universidade, porque eles não tinham passado pela academia. Foi uma experiência muito rica para mim. Aprendi muito com aqueles professores. A partir dali, comecei a me dar conta que, ensinando, nós aprendemos. E muito. Às vezes, até aprendemos mais do que ensinamos. Essa experiência me ensinou isso, porque saí da universidade e vim com referenciais teóricos, à época, bem norte-americanos, achando que iria ser o máximo. Cheguei aqui, deparei-me com pessoas que tinham longa experiência prática, de atuação, e precisávamos dialogar sobre isso.

Lazer – Ir ao cinema, ler, passear, ir à praia, viajar. Sempre que posso viajo bastante. Teatro gosto muito também. Reservo o meu sábado para cinema e teatro.

Cinema – Gosto de dramas, filmes latino-americanos, do Pedro Almodóvar, Woody Allen. Aprecio o filme que assisti recentemente, Um Conto chinês. Maravilhoso. Vale a pena assistir.

Livros – Leio muita coisa ao mesmo tempo. Agora, estou lendo duas coisas que adoro. Um é o Ética para meus pais, de Yves de La Taille; o outro é O tempo entre costuras, um romance, de María Dueñas, que é uma espanhola maravilhosa, de um texto belo.

Autor – Gosto muito da Isabel Allende, chilena; o nosso Jorge Amado, tenho lido quase tudo dele; e do português José Saramago.

Política – Acredito que estamos vivendo um momento importante. Gosto muito da Dilma. Acho que está acertando bastante. Claro que ela está se deparando com pressões de várias ordens, mas acredito que está conseguindo dar conta a contento desses desafios. Acho mesmo que irá conseguir fazer um bom governo. A presidente está tendo bastante clareza sobre esse momento e, mesmo as pessoas dizendo que ela não tem tanta autonomia em relação ao nosso ex-presidente Lula, eu acredito que sim. Vejo que Dilma tem feito coisas boas e acredito efetivamente que possa fazer um bom governo.

Religião – Sou batizada, crismada, tudo pela Igreja Católica. Sou uma pessoa que acredita em Deus. Acho que Ele está em muitos lugares. Mas posso me considerar católica não praticante.

Sonho – Continuar tendo saúde. Acredito que isso é efetivamente importante; ver a minha neta crescer; poder ainda fazer coisas que me deem prazer, e acredito muito também na possibilidade de ter um mundo cada vez melhor, mais solidário na relação com os outros. Meus sonhos são simples, porém genuínos, eu diria.

Unisinos – Estou desde agosto de 1972 na Unisinos. Já tenho 39 anos aqui. Ela foi um dos primeiros espaços de trabalho que tive. Aprendi muito. É um espaço que abre possibilidades para nós, professores, como profissionais. A instituição cresceu muito! Tive chance de acompanhar os seus diferentes momentos e, às vezes, sinto falta de algumas coisas, como, por exemplo, o contato mais direto com as pessoas, porque por muito tempo se conhecia quase todo mundo que era professor daqui. E eu trabalhei também em um setor pedagógico que existia, que era o Núcleo de Apoio Pedagógico - NAP. Então, eu tinha chance de circular por toda a instituição, nos diferentes espaços, e essa foi uma bela experiência. Mas, mesmo que ela tenha crescido, consegui me localizar em um espaço menor, que é a pós-graduação, para poder criar junto, discutir junto. Eu acredito muito nisso: na possibilidade de construir com o outro. E creio que aqui, nesse espaço, eu tenho essa possibilidade.

IHU –
É o oásis na Unisinos. Acredito que o trabalho do Instituto representa, de alguma forma, um espaço de liberdade, de produção. Um lugar que tem uma autonomia, pelo menos é como eu enxergo; e é um ambiente que se projeta, não fica só dentro desse espaço Unisinos. Ele tem uma projeção para além da universidade; creio que provoca também, dentro da instituição universitária, uma série de reflexões. É um espaço privilegiado. Além disso, precisa ser prestigiado e apoiado porque, de fato, faz toda a diferença aqui dentro. Vejo que, depois da entrada do Instituto, muitas coisas são diferentes. Não tem como não saber o que é o IHU. Representado em diferentes veículos, ele tem uma marca boa.

Últimas edições

  • Edição 552

    Zooliteratura. A virada animal e vegetal contra o antropocentrismo

    Ver edição
  • Edição 551

    Modernismos. A fratura entre a modernidade artística e social no Brasil

    Ver edição
  • Edição 550

    Metaverso. A experiência humana sob outros horizontes

    Ver edição