Edição 370 | 22 Agosto 2011

Miriam Trentini

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Thamiris Magalhães

Uma pessoa verdadeira, sempre em busca da felicidade. Assim se descreve Miriam Trentini, há 21 anos funcionária da Unisinos. Tendo passado por vários setores, como a biblioteca, Trentini, que atualmente trabalha no setor de atendimento da Gerência Serviços de Informação – GSI, fala um pouco de sua personalidade, família, escolhas, metas para o futuro e se emociona ao lembrar o passado e sua história de vida. Natural de Crissiumal-RS, ela conta que não consegue ser falsa e que é o que os outros veem.
Miriam e sua filha, Isabela

Quem sou eu – Sou uma pessoa simples e muito verdadeira. Não consigo ser falsa e não gosto de me relacionar com pessoas assim. Eu sou o que sou. Pronto. Às vezes, sou estourada, reclamo quando acho que devo reclamar, mas também sou leal, companheira. Família e amizade para mim são duas coisas fundamentais.

Origens – Nasci em Crissiumal, cidade que fica na fronteira com a Argentina, a 500 km da grande Porto Alegre. Minha família mora em Crissiumal. Vou sempre que posso, porque é longe. Geralmente, passo os feriados e parte das férias por lá. Minha mãe é viúva e meu pai faleceu quando eu tinha 10 anos. Admiro demais minha mãe como mulher, batalhadora, que criou três filhos sozinha, em um tempo em que a maioria das mulheres da localidade era somente dona de casa. Meus dois irmãos são casados e com filhos. Minha família é bem pequena. E eu moro aqui em São Leopoldo com a minha filha, Izabela, que tem 17 anos. Já fui casada, mas sou separada há muitos anos.

Formação educacional – Estudei em uma escolinha pequena, no interior do município de Crissiumal, bem pertinho de casa. Minha mãe era professora e fui aluna dela. Depois fui estudar em uma escola maior, na cidade, porque a anterior era só até a quarta série. Terminei o primeiro grau numa escola na cidade e queria ir para um internato em Ivoti. Estudei um ano lá. Não me adaptei muito bem, tinha só 14 anos. Senti saudades de casa, da família, e voltei. No ensino médio, fiz magistério no município vizinho, Humaitá. Terminei o magistério, mas não continuei nessa área porque eu vi que não tinha paciência para ser aquela professora dedicada, fator necessário isso. Foi quando resolvi vir para São Leopoldo a fim de estudar.

Vinda para São Leopoldo – Vim para São Leopoldo para estudar e comecei a trabalhar. Depois de alguns empregos fora, comecei a trabalhar na Unisinos. Já faz 21 anos que estou aqui na Unisinos. Entrei em 1990, tendo passado por vários setores. E, agora, o último que estou há mais tempo é na GSI, na parte de Suporte Técnico.

Vida Acadêmica – Fiz o vestibular na Unisinos. Passei no curso de Tecnólogo em Processamento de Dados. Estudei um ano e não gostei do curso. Fiquei perdida, não sabia mais o que fazer. Então, continuei trabalhando, sempre trabalhei. E foi quando comecei a fazer o curso de Secretariado aqui na Unisinos. Fiz as cadeiras de alemão, que é uma língua que eu gosto bastante, apesar de agora eu já estar há muito tempo sem estudar. Então, comecei a fazer o curso de direito. Só que fiquei grávida, minha filha nasceu. Logo em seguida, me separei e aí acabei deixando de lado o curso. Até porque, como sou sozinha aqui, não tinha com quem deixar a minha filha. Ficou difícil estudar. Depois disso perdi a vontade também de continuar numa sala de aula. Eu sei que deveria ter continuado…

Alemão – Língua que gosto muito. Leio de vez em quando alguma coisa ainda. Falo, visto que minha família é de origem alemã; assim, a gente conversa em alemão em casa. Meu irmão é professor de alemão. Acabo tendo contato com a língua quando vou para lá. Aqui, muito pouco.

Lazer – Assisto a programas de TV, filmes, leio, gosto de cozinhar e faço algumas caminhadas. Faço muitos programas culturais com a minha filha. Procuro aproveitar bastante o tempo que eu tenho com ela, porque, afinal, a família que eu tenho aqui é ela e eu. Tenho meus amigos também. Adoro estar com eles. Gosto de passear, de sair, de ter tempo livre para fazer nada também.

Leitura e livros – Leio bastante, principalmente revistas, jornais e artigos na internet. Enfim, uma coisa que eu não consigo ficar é sem ler notícias. Estou sempre lendo, me atualizando sobre as coisas que acontecem no mundo, no Brasil. Com relação a livros, os últimos que li e gostei bastante foram Os Bórgias, de Mario Puzo; Cartas a uma nação cristã, de Sam Harris; O livreiro de Cabul; Quando Nietzsche chorou; e As Brumas de Avalon, de Marion Zimmer Bradley.

Filmes – Estou gostando muito dos filmes brasileiros. Acho que está tendo uma safra bem boa dos filmes daqui. Cinema eu tenho frequentado menos. O último que fui foi para ver Harry Potter com minha filha. Mas em casa eu vejo o que tem de lançamento. Agora quero ver Cisne Negro, mas que ainda não tive tempo, até porque acho que é um filme pesado, que eu vou ter que “parar” para ver. Gosto de comédia, mas não aquelas “pastelão”, que me irritam, mas aquelas que me divertem. Gosto de comédias mais inteligentes, drama, suspense e policial. Como acompanho minha filha adolescente, vejo também seriados como Glee. Mas não há um gênero específico. Não gosto de filme de violência.

Política brasileira – Acredito que melhorou bastante para o trabalhador depois do Lula, porque ele trabalhou em função de melhorar a vida dos miseráveis. Acho que ele conseguiu realizar algum progresso. Mas é difícil melhorar muito em pouco tempo, porque o Brasil é um país que vem com essa miséria e exploração toda desde sempre. Também tinha plena certeza de que, quando Lula assumisse, ele não iria resolver todas as coisas como muita gente esperava que fosse acontecer. Sabia que alguém iria pagar mais por essas mudanças, que teríamos que abrir mão de outras coisas. Acho que, na verdade, o que falta é as pessoas se darem conta de seus direitos e reinvidicá-los. Ficamos muito apenas dentro de uma sala discutindo as coisas que estão erradas, com as quais não concordamos. Nós somos um povo muito pacífico. Não vamos à rua para lutar, para mudar essa corrupção toda que está por aí e isso faz com que nada mude. Os mesmos políticos são eleitos e reeleitos para cargos que deveriam ser ocupados por pessoas íntegras, interessadas realmente em representar a vontade popular, em melhorar as condições dos brasileiros. Mas ser um povo pacífico tem um lado muito positivo: vivemos em paz.

Religião – Nasci e permaneci ligada à Igreja Luterana. Sou batizada. Fiz a Confirmação. Minha filha também. Casei lá dentro. Acredito, no entanto, que crença não é só seguir o ritual da igreja. A crença está dentro de nós, no momento que se faz o bem ao próximo; eu penso que isso em si já é a religião. É o que ela basicamente prega. Não sou frequentadora assídua da igreja. Vou de vez em quando. Mas rezo sempre em casa. Leio sobre a religião espírita também. Acredito que muita coisa se encaixa mais na religião espírita do que qualquer outra religião cristã.

Sonho – Viajar. Conhecer a Europa.

Unisinos – A Unisinos é minha segunda casa, onde passo horas agradáveis trabalhando e convivendo com pessoas muito queridas. A Unisinos permitiu a construção dos meus sonhos, uma vez que, com o trabalho aqui dentro, eu consigo educar a minha filha; consegui comprar meu apartamento, por causa da minha experiência de vida que fiz aqui dentro. Fiz muitos amigos também, alguns dos quais já foram embora, estão morando em outros estados. Continuo tendo vínculo com eles, mesmo asim. É como muita gente aqui entro. É a vida da gente, o dia a dia.

Percurso na Universidade – Comecei trabalhando como secretaria no antigo NPD, com o Pe. Sebaldo, que agora é a GSI. Eu também trabalhei na biblioteca, no setor de compras. Trabalhei na pesquisa, mas sempre apenas um turno, e no outro na GSI. Surgiu a oportunidade de ir para o Sesu e é onde estou no momento, sempre aprendendo. Gosto muito do que faço.

IHU – Sei que o Instituto tem um trabalho bonito. O IHU quer contribuir na realização da missão da Unisinos como universidade jesuíta, que busca com desenvoltura tornar efetiva a missão da Companhia de Jesus da diaconia da fé, da promoção da justiça e do diálogo cultural e inter-religioso. Ele também participa proativamente na promoção de Escolas de Formação Política. Através das entrevistas e artigos da revista, consigo me manter bem informada sobre acontecimentos nacionais e também internacionais, sempre com matérias bem oportunas.

Ideais – Quando comecei a cursar Direito, eu pensava muito em ajudar. Por exemplo, eu vejo na cidade onde nasci – uma cidade pequena – muita falta de conhecimento ou mesmo de medo pela busca de direitos básicos dos cidadãos. São pessoas humildes, e eu sempre penso em um dia poder trabalhar nessa área e ajudar as pessoas nesse sentido. Não consigo ver injustiças. Estou sempre me metendo; quando vejo que alguma coisa está errada, eu acabo me envolvendo para mudar a situação. Isso me levou a ingressar e fazer parte do Sintep, sindicato que representa os trabalhadores de ensino privado.

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