Edição 358 | 18 Abril 2011

Avanços tecnológicos e os desafios da educação

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Nadia Helena Schneider

Ao observar o atual cenário mundial no qual o capitalismo intensifica o processo de mudança de sua base técnica e organizacional, apoiado por mecanismos neoliberais, a informação, a comunicação e a educação passam a ter um papel fundamental na infraestrutura básica responsável pelo desenvolvimento econômico e social de um país.

Diante dessa realidade, o presente artigo traz uma breve reflexão sobre os avanços das Tecnologias da Informação e da Comunicação – TIC no campo da educação, enfatizando a informação, o conhecimento, e o processo educacional como subsídios para o aprendizado e a construção de novos saberes capazes de elevar o crescimento de uma nação. o aprendizado e a construção de novos saberes capazes de elevar o crescimento de uma nação. Compreendendo a informação como matéria-prima tecnológica e recurso de poder da atual organização mercadológica, a comunicação, através dos novos aparatos tecnológicos, atuando no processo de difusão e a educação como formadora de novas competências, o que deveria ser feito? Em dimensão societária, deveríamos estar preparando reparar os indivíduos para um mercado global, que requer educação continuada e capacitação qualificada para realizar trabalhos altamente complexos. Observe-se que, diante desse quadro, as TICs, responsáveis pelas transformações dos processos de trabalho, da reorganização dos modos produtivos e comerciais das empresas capitalistas e das relações interpessoais, são elementos-chave que impõem, à sociedade e suas instituições, a aquisição de equipamentos, linguagens e conhecimentos específicos, sem os quais as condições de efetivar o propalado desenvolvimento dificilmente se efetiva.

Sendo essa a realidade, no campo da educação, há algumas políticas que buscam enfrentar os reflexos das exigências da economia global, em cenário neoliberal, na tentativa de sanar o tamanho do impacto das novas possibilidades tecnológicas e propor alternativas, no processo ensino aprendizagem, visando qualificar e adequar a educação, segundo novas exigências. Entretanto, existe claramente um descompasso entre os esforços da iniciativa estatal em reduzir os impactos da crise educacional, flagrada nos últimos anos, e o aumento nos incentivos mercadológicos.

Ressalta-se que a forma mais eficiente para promover o desenvolvimento de um país é por meio da educação. E quanto mais precoce melhor. Isto porque ela permite a formação de bons hábitos desde a infância, e a oportunidade para desenvolver precocemente a consciência de ser cidadão, aspecto importante na formação de futuros profissionais de um país que ambiciona competir no mercado econômico mundial.
Levando em conta que as políticas sociais neoliberais dão ênfase à competitividade e defendem a ideia de que o mercado deva ser o grande instrumento de regulação social, a eficiência produtiva é considerada peça fundamental na reestruturação do capital. Sendo assim, o emprego de uma mão de obra qualificada e escolarizada está diretamente relacionado a alcançar maiores índices de competitividade econômica. Desse modo, avançar com políticas públicas educacionais que pensem e favoreçam a utilização das TICs na educação, como práticas sociais transformadoras, requer igualmente pensar em políticas de inserção dessas tecnologias nas escolas dos diversos níveis de ensino. O mesmo vale ao se discutir tanto questões referentes à alocação de recursos públicos quanto a refletir sobre o processo de trabalho, especialmente do ensino a distância. Isto não apenas como suporte, mas como prática intelectual e cultural qualificada, horizontalizada e cooperativada. Também é oportuno disponibilizar situações e atividades por meio das mídias, para a construção de novos conhecimentos, nos espaços educacionais, que possibilitem ao jovem, desde a formação fundamental até o término do ensino superior, estímulo para interferir na melhoria das condições de vida de sua comunidade, conscientizando-o do seu papel como cidadão.

Embora a educação busque acompanhar os movimentos históricos, numa relação de cumplicidade com as necessidades e os objetivos da demanda social vigente, é visível o crescimento de um contingente cada vez maior de infoexcluídos. Isto, consequentemente, acirra a desigualdade entre as classes sociais e, por sua vez, dificulta a ampliação do exercício da democracia por todos os atores sociais, bem como o desenvolvimento econômico do país.

Portanto, é indiscutível o fato de que o acesso à informação e a uma educação capaz de transformar essas em conhecimento é forte fator decisivo para a ampliação das possibilidades de inserção no mercado de trabalho, assim como acesso a qualidades fundamentais para o exercício da cidadania, na atualidade.

Sendo assim, dada as possibilidades tecnológicas vislumbrarem novas maneiras de aprender e ensinar que podem assegurar a produção de novas subjetividades, novos saberes e, portanto, mudanças culturais e sociais, são imprescindíveis políticas governamentais articuladas entre a proposição e a materialização, envolvendo ações de planejamento sistemático, para modificar a deficiente realidade educacional do país.
Diante do que foi pontuado, cabe enfatizar que o cenário característico da sociedade da informação e o surgimento das novas tecnologias de mídias digitais desafiam a sociedade civil organizada a buscar novos rumos de organização e novas formas de gestão da informação, onde exista controle e fiscalização, bem como ficar atenta com relação às políticas públicas de comunicação e educação, a fim de garantir a formação de cidadãos não só bem informados, mas, sobretudo, livres e autônomos.

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