Edição 351 | 22 Novembro 2010

Beatriz Franzen – 1934 - 2010

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Faleceu no último dia 14 de novembro, a professora Dra. Beatriz Vasconcelos Franzen, uma das fundadoras do curso de História da Unisinos e promotoras da criação, em 1987, do Programa de Pós-Graduação em História da Unisinos. Professora convidada da Universidade de Lisboa, Franzen era graduada em História e Geografia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS. Cursou especialização em Metodologia do Ensino Superior na Unisinos e doutorado em História na Universidade de Lisboa com a tese Os jesuítas portugueses e espanhóis e sua ação missionária no sul do Brasil e Paraguai (1580-1640): um estudo comparativo. Escreveu as obras Os jesuítas portugueses e espanhóis e sua ação missionária no Sul do Brasil e Paraguai (1580-1640): um estudo comparativo (São Leopoldo: Unisinos, 1999) e Jesuítas portugueses e espanhóis no sul do Brasil e Paraguai coloniais: novos estudos (São Leopoldo: Unisinos, 2003). A IHU On-Line dedica este espaço à memória da professora Beatriz Franzen, publicando depoimentos de pessoas que conviveram com ela e descrevem o legado deixado pela professora. Confira:

“Dentre os meus antigos professores do curso de História na Unisinos, sem dúvida alguma, a professora Beatriz Vasconcelos Franzen se destacou pela sua competência profissional e pela sua coerência ética. Entre nós, “seus meninos e meninas do curso”, a sua memória era conhecida como “infalível” e seu entusiasmo era sempre contagiante. De fato, nas suas aulas, o traçado das linhas cronológicas aparecia espontâneo e rápido, mexendo-se com extrema familiaridade pelas diversas dimensões temporais da História. Num tempo em que a pesquisa ainda não era tão institucionalizada como hoje, a professora Beatriz fundou o primeiro curso de pós-graduação da universidade, com vistas ao futuro mestrado. No nosso último encontro, fisicamente marcada pela doença que a consumia lentamente, mantinha a paixão de sempre pela História, especialmente da Companhia de Jesus no Prata, e, com um misto de alegria e saudade, relembrava as aventuras da construção do atual câmpus da universidade e instalação do curso. Deixa saudade, mas não vazio, pois continua viva nos seus ex-alunos, hoje, professores, que a têm como referência profissional e humana”.
Luiz Fernando Rodrigues, professor do PPG em História da Unisinos e curador adjunto do Memorial Jesuíta

“Aquela que promove a felicidade do espírito. É assim que certo dicionário de significados e origem dos nomes define Beatriz. Neste, encontra-se, ainda, a informação de que assim se chamava a amada de Dante Alighieri  e de que um número considerável de rainhas, em vários períodos da História, se chamaram Beatriz, como a da Hungria, da França, de Veneza, da Espanha e do Reino Austro-húngaro. Diante destas informações, foram inevitáveis as associações à grande mestra e à querida colega Beatriz Vasconcelos Franzen, cujo carisma, paixão, conhecimento e sabedoria marcaram profundamente seus alunos, colegas e todos os que puderam desfrutar de seu dinamismo, de sua energia contagiante e de seu incentivo constante. Lembro-me com nostalgia de suas incríveis aulas de História Moderna e Contemporânea, nas quais a Renascença, a Revolução Francesa, as duas Grandes Guerras Mundiais e a Guerra do Vietnã, ao lado de personagens como Cromwell, Ana Bolena e Talleyrand ganhavam, através de uma incansável e detalhista narradora, dimensões tão reais que sobrevivem até hoje em nossa memória. Lembro-me, também, mas com aquela ‘saudade boa’, que nos faz sorrir com o canto dos lábios, das viagens que fizemos juntas, desde as primeiras – feitas em ônibus de linha até Santa Rosa –, para participar dos Simpósios Nacionais de Estudos Missioneiros, como daquelas que tinham como destino congressos em Portugal e na Espanha. Seu sonho e maior realização – O Programa de Pós-Graduação em História –, apesar de transferido para instalações no câmpus, parece ainda sustentar-se sobre as arcadas do belíssimo prédio da Antiga Sede [da Unisinos] e sobre o seu carisma. À grande mestra dos ‘Tempos da graduação’ e à colega Beatriz dos ‘Tempos da pós-’, é preciso agradecer pela confiança que em mim depositou e pela oportunidade que tivemos de aprofundar laços de amizade nestes vinte e quatro anos de trabalho na Unisinos. Presto, assim, meu tributo a esta grande mulher, cuja generosidade, dedicação e paixão pelo conhecimento, com certeza, se manifestam em cada uma de suas ‘meninas’ e ‘meninos’, como, carinhosamente, chamava aos seus sempre pupilos. Saudades”.
Eliane Cristina Deckmann Fleck, historiadora e professora no curso de História da Unisinos

“Falar da Beatriz Franzen como professora da Unisinos é dizer da sua vida nesta casa, ainda a sua casa. É dizer da existência mesma do curso de História e do Programa de Pós-Graduação em História, em toda a sua concepção. É, enfim, dizer da minha existência como professora de História desta universidade. Falar da Beatriz Franzen amiga é dizer da sua autoridade, da sua ética, mas, sobretudo, da sua sensibilidade na convivência diária. Eram tardes de discussão na pesquisa ou de aulas conjuntas na pós-graduação. Em busca dos açorianos fizemos projetos de pesquisa e de pós-doutorado nos Açores e frequentamos mesas redondas e congressos. Por último, queríamos juntar forças para colocá-los em uma publicação. Destes projetos nasciam outros, para futuros trabalhos. A tua partida, Beatriz, estava totalmente fora do nosso combinado. Levaste um pouco de cada um de nós, ex-alunos e amigos, mas nos deixaste lembranças que nos servirão de guia e de alento para a nossa vida. Boa viagem, amiga!”.
Eloisa Capovilla da Luz Ramos, historiadora e professora no curso de História da Unisinos

“Estou em viagem e muito triste com a notícia. O que posso dizer aqui de longe, consternada, é que ela foi a melhor professora que se poderia ter: acima de tudo um exemplo de ética, compromisso e amor pela nossa profissão. Depois de ter sido uma excelente formadora de quadros docentes, Beatriz foi desafiada a tornar-se pesquisadora e o fez com o talento e seriedade que eram a sua marca pessoal. Sua identificação com a Unisinos estava acima de qualquer coisa, o que ela acabou transferindo para todos nós que fomos seus colegas e alunos. Não há como não me sentir órfã, eu que ingressei nesta profissão e nesta casa pelas mãos dela. Espero poder honrar, como pesquisadora e professora desta casa que ela tanto amava, a memória e as lembranças que ela nos deixa”.
Maria Cristina Bohn Martins, professora do curso de Pós-Graduação em História da Unisinos e vice-presidente da Associação Nacional de História Núcleo Regional, Seção RÃS - ANPUHRS

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