Edição 340 | 23 Agosto 2010

Editorial

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Redação

Nos últimos anos, diversos países latino-americanos, como Equador e Bolívia, incorporaram, nas suas constituições, o conceito do bem-viver, que nas línguas dos povos originários soa como Sumak Kawsay (quíchua), Suma Qamaña (aimará), Teko Porã (guarani). Para alguns sociólogos e pesquisadores temos aí uma das grandes novidades no início do século XXI. A edição desta semana da IHU On-Line, em parceria com escritório brasileiro da Fundação Ética Mundial no Brasil (veja o sítio em http://migre.me/16Mwe), busca compreender melhor a contribuição específica que trazem os povos originários para a crise civilizacional que vivemos.

Nos últimos anos, diversos países latino-americanos, como Equador e Bolívia, incorporaram, nas suas constituições, o conceito do bem-viver, que nas línguas dos povos originários soa como Sumak Kawsay (quíchua), Suma Qamaña (aimará), Teko Porã (guarani). Para alguns sociólogos e pesquisadores temos aí uma das grandes novidades no início do século XXI.

A edição desta semana da IHU On-Line, em parceria com escritório brasileiro da Fundação Ética Mundial no Brasil (veja o sítio em http://migre.me/16Mwe), busca compreender melhor a contribuição específica que trazem os povos originários para a crise civilizacional que vivemos.

Participam desse debate o o índio aymara qullana boliviano Simón Yampara, professor da Universidad Mayor de San Simón, da Bolívia, e da Universidad Andina Simón Bolívar, do Equador. Yampara comenta o conceito do bem-viver a partir de sua experiência concreta em sua Ayllu (tribo). Pablo Dávalos, economista equatoriano e ex-vice-ministro de Economia do Equador, defende que as formas ancestrais de convivência indígenas também são formas políticas de resistência ao capitalismo e alternativas para o sistema capitalista. A bióloga equatoriana Esperanza Martínez, fundadora da ONG Acción Ecológica, afirma que o bem-viver só pode ser conjugado no plural, pois, para os povos indígenas, a plenitude é construída na comunidade, diferentemente do culto ao individualismo próprio do capitalismo. O pesquisador basco Katu Arkonada, que vive atualmente na Bolívia, explica que o bem-viver é um novo paradigma que pode nos ajudar a sair do caos e da crise profunda atuais. Para Tatiana Roa Avendaño, ativista e ambientalista colombiana, esta ética permite que os países latino-americanos retomem a utopia de que outros mundos são possíveis, afastando-se do mito bíblico do Jardim do Éden e da visão aristotélica da Boa Vida. O xamã e líder yanomami Davi Kopenawa conta sua experiência de vida e de luta pelos direitos do seu povo e de sua terra, que o levou a expor a busca pelo bem viver até nos parlamentos europeus. “Para vocês, floresta é meio ambiente; para nós, ela é uma casa onde se guarda a alimentação e onde vivem outros povos indígenas com seus costumes tradicionais”, afirma. E o teólogo italiano Quinto Regazzoni, que vive hoje no Paraguai, analisa a ética e a base teológica do bem-viver, ou teko-logia, buscando aproximações com o conceito de Reino de Deus apresentado por Jesus.

Duas entrevistas e dois artigos completam a edição. Uma entrevista com Mario Novello, professor do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), no Rio de Janeiro, e outra com Francisco José Virtuoso, diretor do Centro Gumilla, e novo reitor da Universidade Andrés Bello, de Caracas, na Venezuela.

“A industrialização da cultura religiosa”, de Rafaela Barbosa, mestranda em Ciências da Comunicação na Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, pesquisadora vinculada ao Grupo de Pesquisa Comunicação, Economia Política e Sociedade – CEPOS e um perfil da trajetória de vida de Erwin Kräutler, bispo de Altamira, PA, completam a edição.

A todas e todos uma excelente leitura e uma ótima semana.

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