Edição 295 | 01 Junho 2009

IHU Repórter - Patrícia Martins Fagundes Cabral

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Patricia Fachin

Desde que nasceu, a professora Patrícia Fagundes, como é conhecida no câmpus da universidade, estabelece relações com a Unisinos. Primeiro, acompanhou, desde muito cedo, os estudos do pai, depois iniciou sua carreira profissional como aluna, estagiária, funcionária e, desde 1996, deu início à carreira acadêmica. Alegre, bem-humorada e dedicada, Patrícia Fagundes está consolidando uma trajetória sólida na universidade há mais de 15 anos. Confira a trajetória na entrevista a seguir.

Origens - Tenho 39 anos, a mesma idade da Unisinos, mas sou um pouquinho mais nova, porque faço 40 em novembro. No ano em que nasci, meu pai, Nézio Fagundes, estudava na universidade. Nos primeiros meses de vida, eu chorei muito, então, quando ele retornava daquela longa viagem da Unisinos, olhava pela janela para ver se a luz permanecia acesa ou apagada, para saber se ele ia dormir logo ou não! Isso é interessante, porque a minha história com a universidade se iniciou há bastante tempo.
Nasci em Porto Alegre e moro lá até hoje. Tive uma experiência em 1996, de morar em São Leopoldo, mas não me adaptei. Sou porto-alegrense demais e acabei voltando para lá.

Família – Sou casada, completei cinco anos de casamento na quinta-feira, 28-05-2009. Eu e Henrique estamos juntos há 10 anos. Temos o Arthur, de 3 anos, e o Rodrigo, meu enteado, de 19 anos. A história da construção do meu núcleo familiar está também relacionada com minha trajetória profissional.  Me dediquei muito ao trabalho, e acabei encontrando meu “príncipe encantado” com 30 anos – era eu e a Bridget Jones!. Depois de um longo período de reflexão, ou reorganizava minhas escolhas e me escutava, ou continuava “a mil” profissionalmente. Isso me roubava tempo e energia para vivenciar outras coisas que também me davam prazer. Terminei o mestrado com essa decisão: de começar a cuidar de outras coisas. Naquela época, já tinha alcançado algumas conquistas pessoais e profissionais significativas, mas me dei conta de que a carreira não preenche todos os espaços da nossa vida.

Não queria adiar a maternidade, por isso tive o Arthur durante o doutorado. Entreguei o meu projeto de qualificação dez dias antes de ele nascer e qualifiquei quando ele fazia 9 meses. Depois, defendi a tese dez dias antes de ele completar dois anos.   

Irmãos – Tenho um espaço familiar muito feliz com meus três irmãos e a convivência com eles me dá muita alegria, e também com meus pais, sobrinhos etc. Tanto eu quanto meu marido temos bastante vínculo com nossas famílias. A possibilidade de conviver é uma das coisas mais legais, ainda mais quando se tratam de pessoas próximas e queridas.

Estudos - Como boa parte dos adolescentes, fiz escolhas decisivas muito cedo. Concluí o Segundo Grau com 16 anos; cursei magistério no Instituto de Educação. Por influência da minha mãe, optei pela Psicologia. Naquela época, fiz o teste psicotécnico na PUC e fui reprovada. Então, pensei: “Se eu fui reprovada, deve ser interessante eu fazer esse curso”. Isso tem muito a ver com o meu jeito; sou movida a desafios. Comecei a estudar mais e me despertei.
Em 1987, ocorreu uma longa greve nas escolas estaduais do Rio Grande do Sul. Então, precisei entrar na universidade com uma liminar, porque oficialmente eu ainda não tinha concluído o Segundo Grau. Comecei a fazer o curso na Unisinos e estava decidida em relação à profissão.

Formação profissional - Circulei muito pelas áreas da Psicologia, quando aluna. Trabalhei durante dois anos com crianças autistas, em ambientoterapia. Fiz vários estágios e no último, por uma confluência de fatores, fui efetivada na Unisinos. Na época, estagiei no Serviço de Psicologia Organizacional, que, em 1992, com o planejamento estratégico, virou Recursos Humanos, onde comecei a trabalhar com a Izabel, com o Vanderlei - isso marcou muito a minha carreira. Nesse início de carreira, estava muito comprometida com a questão de recrutamento, com a seleção, e achava que era com isso que iria seguir trabalhando. Nas negociações do meu contrato de trabalho, ficou definido que iria atuar na área de treinamento de desenvolvimento. O “meu mundo caiu” (risos), porque tinha conhecimento e expectativa em outra área. Mas essa foi outra guinada importante na minha vida. Acabei me encontrando numa nova área, tanto que fiz meu mestrado e doutorado sobre desenvolvimento de liderança e desenvolvimento gerencial. Nunca trabalhei em consultório. Sou uma psicóloga do trabalho e me sinto muito gratificada com isso.

Carreira na Unisinos - Tive uma série de fatores positivos na universidade. Trabalhei durante 11 anos na área de recursos humanos. No ano de 1996, iniciei como docente, conciliando outras atividades. Em 2003, precisei tomar outra decisão importante: optei por seguir a carreira docente, o que implicava em sair do RH, ao qual eu estava muito vinculada, numa posição confortável e reconhecida. E, a partir do momento em que me remeti apenas a área docente, e investi no doutorado, me encaminhando para a pesquisa, voltei a ser “júnior”; estou iniciando uma nova carreira.

Me disponho muito a viver esse momento “júnior”. Ainda não estou em nenhum PPG, defendi meu doutorado em 2008, e estou num momento mais desgastante, de gerar produção científica. Gosto muito de dar aula e de conviver com alunos de diferentes cursos.

Unisinos – Inegavelmente,me sinto muito comprometida e feliz em fazer parte da Unisinos. Hoje, avalio que estamos num momento organizacional bastante motivador. Mesmo em momentos mais críticos, o que não se altera é esta seriedade e a sólida estrutura da universidade.

Lazer – O Henrique, meu marido, é muito parceiro. Sempre que preciso participar de uma palestra ou curso longe de Porto Alegre, ele procura ir junto e, depois do trabalho, a gente aproveita para passear. Tenho muitas aulas à noite, mas, por outro lado, tenho mais flexibilidade para levar o Arthur na pracinha, e organizo meus horários de forma para que sempre seja eu a largá-lo na escola. Gostamos muito de viajar. Quando não tínhamos o Arthur, as viagens eram mais longas e menos estruturadas. Hoje, são mais curtas, para a praia ou serra. Também gosto bastante de dançar e ir ao cinema: sempre que podemos, eu e o Henrique saímos para nos divertir.

Livro – O que me gerou muita ruptura profissionalmente falando foram os livros do Edgar Morin. Ele deu uma quebra no meu jeito de pensar e me fez produzir outras coisas mais transdisciplinares. Pessoalmente, há um livro que é extremamente marcante para mim: Mulheres que correm com os lobos. Li num período de vida que me ajudou a consolidar algumas escolhas que nem sempre temos coragem de fazer.

– Tenho uma espiritualidade muito forte, bastante vivida. Sobretudo, creio na representação do Divino em cada um de nós. É isso que nos permite consolidar não só os nossos propósitos, mas fazer com que isso realmente seja algo do coletivo, e contribua para um mundo melhor.

Projeto de vida – Pretendo me desenvolver mais nessa carreira acadêmica, pesquisar, escrever, e também participar de projetos interessantes nas organizações. Em termos de projetos pessoais, primeiro quero viver a cada dia tudo que já tenho: curtir minha família, minha casa, meu trabalho. Também viajar mais, ter mais um filho, quem sabe. Prefiro me reservar à alegria da surpresa. Me sinto bastante abençoada com a vida e quero viver as coisas boas.

IHU – Venho conhecendo mais de perto o IHU neste ano. O Humanitas representa um braço muito forte nos propósitos da Unisinos, que, de certa forma, sempre terão de se nutrir desse Humanitas, dessa vivência acadêmica no social. Vejo que de fato é um espaço celeiro na Unisinos, por representar a chave dessa instituição.

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