Edição 274 | 22 Setembro 2008

Editorial

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Josué de Castro e Graciliano Ramos. A desnaturalização da fome

O momento mágico, glorioso, segundo Lula, vivido pelo Brasil, atualmente empanado pela grave crise financeira internacional, não permite que se esconda a dura realidade da fome de 11,5 milhões brasileiros. No mundo, apesar dos inauditos avanços científico-tecnológicos, recente relatório da FAO mostra que aumentou em 8%, entre 2005 e 2007, os famintos, chegando a 923 milhões de pessoas.

Somos defrontados com o drama da fome, precisamente no ano em que celebramos o centenário de nascimento de Josué de Castro, autor de clássicos sobre o assunto, como Geografia da fome e Geopolítica da fome. Por sua vez, Vidas secas, de Graciliano Ramos, completa 70 anos da primeira edição, considerado livro de referência quando o tema é a fome e a miséria.

Para discutir o tema, entrevistamos a filha de Josué de Castro, a socióloga e professora na UFRJ Anna Maria de Castro, para quem o mérito do pai foi defender a desnaturalização da fome, enquanto José Raimundo Sousa Ribeiro Junior, mestrando em Geografia na USP, faz uma releitura da obra de Josué de Castro para falar sobre o drama da fome no Brasil de hoje. Por sua vez, o professor João Roberto Maia, da Fiocruz, destaca na obra Vidas secas o drama do nordestino miserável e a tragédia social do Nordeste, como uma das expressões máximas da situação apartada dos pobres no Brasil, e a pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz Rosana Magalhães acredita que “a fome expressa a natureza da desigualdade, o perfil do Estado e as expectativas em relação ao desenvolvimento no país”. Já o pesquisador do Ibase Francisco Menezes acredita que “comprometer a capacidade de alimentação de um povo é ameaçar sua soberania”.

A edição desta semana ainda traz uma entrevista com o professor André Zago, da Unisinos, sobre a crise no mercado financeiro internacional, e outra com o filósofo Marcelo Dascal, sobre a questão da autonomia humana.

O futuro do ódio, de Jean-Pierre Lebrun, psicanalista francês, livro apresentado por Mario Fleig, professor da Unisinos, é o livro da semana. Lebrun descreve, na entrevista publicada nesta edição, a especificidade das modalidades de ódio na pós-modernidade e apresenta suas hipóteses sobre as novas formas clínicas.

O filme Linha de passe, de Walter Salles e Daniela Thomas, é comentado por André Dick.

Do poeta Danilo Bueno, nascido em Mauá, São Paulo, publicamos dois poemas inéditos.

A todas e todos uma ótima leitura e uma excelente semana!

 

ERRATA:

Na entrevista "Teresa de Ávila. Mulher plenamente humana e toda de Deus", realizada com a Profa. Dra. Lúcia Pedrosa de Pádua, docente na PUC-Rio, e publicada na 273ª edição da revista IHU On-Line, de 15-08-2008, consta que a professora é coordenadora do Centro de Teologia e Ciências Humanas (CTCH), da PUC-Rio. A redação pede desculpas pelo equívoco, considerando que Lúcia é docente do Departamento, mas a coordenadora e decana é a Profa. Dra. Maria Clara Bingemer.

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