Edição 272 | 08 Setembro 2008

Mais leveza e menos dor para contar o cotidiano

close

FECHAR

Enviar o link deste por e-mail a um(a) amigo(a).

Graziela Wolfart

Para Fred Rossi, a Bossa Nova faz parte de um período responsável por um surto cultural do Brasil

O produtor cultural Fred Rossi, último empresário de Vinicius de Moraes, é dono de uma produtora de eventos que está há mais de 30 anos no mercado, organizando shows, eventos e projetos culturais diversos. No ano de 2003, Rossi criou um projeto chamado Anotações com Arte. Trata-se de uma coleção de livros-agenda que, a cada ano, homenageia um artista brasileiro. A primeira edição foi com Vinicius de Moraes e depois foram publicados livros-agenda dedicados a Chico Buarque e Tom Jobim. A Bossa Nova é o tema do livro-agenda 2008. Mergulhado nesse universo cultural, Fred Rossi concedeu a entrevista que segue, por e-mail, para a IHU On-Line, na qual ele afirma que a Bossa Nova, “na cultura brasileira, enriqueceu e valorizou a forma de escrever canções”. 

IHU On-Line - Quais as principais transformações que a Bossa Nova provocou na MPB e na cultura brasileira?
Fred Rossi
- Na MPB, despertou para harmonias sofisticadas e mais ousadia nas composições, com letras que sugerem mais leveza na forma de contar o cotidiano sem tanta dor. Na cultura brasileira, enriqueceu e valorizou a forma de escrever canções.
  
IHU On-Line - Como entender que, depois de 50 anos de existência, a Bossa Nova esteja ainda viva e levando o nome do Brasil de forma positiva para fora do país?
Fred Rossi
- O Vinicius de Moraes talvez respondesse “o belo fica” e acredito nisso! A partir da apresentação de diversos artistas bossa-novistas no Carnegie Hall de Nova Iorque, em 1962, a música brasileira passou a ser mais respeitada no mundo inteiro.
 
IHU On-Line - Como o senhor situa a criação da Bossa Nova no contexto desenvolvimentista de seu período histórico?
Fred Rossi
- Talvez ela não se situe apenas, mas faça parte de um período responsável por um surto cultural do país, representado entre outros, pelo Cinema Novo, Teatro Oficina, Teatro Brasileiro de Comédia, Poesia Concreta, Literatura e Artes Plásticas. Tivemos ainda a Copa Mundial, a Miss Universo Yeda Maria Vargas, os automóveis, JK, a construção de Brasília, revelando para o mundo a arquitetura de Oscar Niemeyer, Lúcio Costa e Burle Marx.
 
IHU On-Line - Qual tem sido o retorno do público em relação ao projeto Anotações com Arte? Qual a medida de sua gratificação em levar arte e cultura brasileira ao cotidiano das pessoas nos “livro-agenda”?
Fred Rossi
- O retorno pode ser traduzido no aumento de tiragens, que felizmente cresce a cada nova edição. A gratificação fica por conta dos e-mails, cartas, telefonemas, entrevistas etc. que recebo todos os dias parabenizando pelo projeto. Alguns, por saberem que tudo isso foi criado numa “noite insone”, afirmam que insônias também podem ser produtivas. Isso gratifica, renova e encoraja para as próximas edições.
 
IHU On-Line - O que o senhor guarda de mais marcante no convívio com Vinicius de Moraes e outros grandes nomes da Bossa Nova? Como era a relação entre Vinicius e Tom Jobim?
Fred Rossi -
Guardo a amizade, a alegria, o sonho e a gratificação por mais de 10.000 realizações artístico/culturais “ao vivo”. Do convívio com Vinicius, a lembrança feliz de uma relação não apenas “artista/empresário”, mas, sobretudo, de amizade. Sou muito grato a ele!

Quanto à relação entre Vinicius e Tom, acredito que o alto nível de cumplicidade como pessoas, amigos e parceiros permitiu que nos brindassem com tantas canções.

Últimas edições

  • Edição 552

    Zooliteratura. A virada animal e vegetal contra o antropocentrismo

    Ver edição
  • Edição 551

    Modernismos. A fratura entre a modernidade artística e social no Brasil

    Ver edição
  • Edição 550

    Metaverso. A experiência humana sob outros horizontes

    Ver edição