Edição 259 | 26 Mai 2008

Editorial

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IHU Online

Nanotecnologias: possibilidades incríveis e riscos altíssimos

Você já imaginou que um dia a ciência poderia lhe dar todas as explicações de como o ser humano funciona e até mesmo criar mecanismos e tecnologias para que ele se auto- modificasse? Para compreender as surpreendentes mudanças que estão ocorrendo na era da técnica e repercutir o tema central do Simpósio Internacional Uma sociedade pós-humana? Possibilidades e limites das nanotecnologias, que ocorre na Unisinos nesta semana, a IHU On-Line entrevistou pesquisadores que analisam as incríveis possibilidades e os altíssimos riscos da revolução tecnológica contemporânea.

Para a pesquisadora argentina Maria Paula Sibilia, da Universidade Federal Fluminense (UFF), anuncia-se uma mutação antropológica: “a natureza humana deixou de ter limites fixos e rígidos. Agora é possível “reprogramar” suas características e funções, abrindo um horizonte para além do que costumávamos conhecer como “humano”. Os limites dessa definição estão sendo desafiados, com pesquisas que se propõem a “desprogramar” as doenças e o envelhecimento, por exemplo, visando a atingir a imortalidade. É assim como se abre um novo horizonte à nossa frente, inaugura-se uma era que alguns denominam pós-orgânica, pós-biológica ou, inclusive, pós-humana”.

Roberto Marchesini, pesquisador da Scuola di Interazione Uomo Animale – S.I.U. A., Itália, aposta na hibridação entre homens e máquinas como um processo positivo para garantir a alteridade humana. E acrescenta: “Devemos reconhecer que a nossa identidade de indivíduos nasce da contaminação com os outros”.

Ivan Amaral Guerrini, pesquisador da Universidade Estadual Paulista (UNESP), acredita que as respostas para as dúvidas do ser humano podem ser respondidas, através da Ciência. E atribui as nanotecnologias um grade potencial para que a humanidade possa “se conhecer e aprender a viver bem e em harmonia”. Embora perceba ambivalência entre as nanotecnologias, Elena Pulcini, professora de filosofia da Università degli Studi di Firenze, Itália, alerta que a obsessão pelo pode levar “a humanidade e o mundo vivente ao perigo de uma irreparável degradação, senão à extinção”.

Com um olhar crítico, Gilberto Dupas, economista e presidente do Instituto de Estudos Econômicos e Internacionais (IEE) pergunta: “Não estaria a espécie humana, regida pela lógica implacável do capital e do mercado, inventando uma maneira de abolir a si mesma, transformando-se em formas de vida e de inteligência pós-biológicas e digitais?”. Considerado o pai das nanotecnologias, Eric Drexler acredita que os benefícios das nanotecnologias superam os seus próprios riscos. “Os tipos de nanotecnologia que vemos hoje, e que estarão em laboratórios e fábricas pelos próximos anos, não apresentam nenhum perigo além da possibilidade de que alguns dos novos materiais sejam tóxicos. Isso requer estudo e regulamentação, um processo que está ocorrendo”, argumenta.

Contribuem também nesta edição, a partir de olhares e perspectivas diferentes, os seguintes pesquisadores e pesquisadoras: Solange Binotto Fagan, da Unifra, Ricardo Bentes de Azevedo, da UnB, Tarso Benigno Ledur Kist, da UFRGS, Adriana Pohlmann, da UFRGS, e Marise Borba, professora em instituições universitárias de Santa Catarina, que percebem grande potencial das nanotecnologias na área da educação e da saúde. Por sua vez, Ney Lemke, da UNESP, refletindo sobre as possibilidades dos motores biomoleculares, constata que “a nanotecnologia nos permite investigar experimentalmente as forças que organizam o mundo celular de forma direta, uma molécula de cada vez. As conseqüências do uso destes recursos ainda são inimagináveis”. A era do silício e a sua vitalidade e importância é o tema da entrevista com Israel Jacob Rabin Baumvol, da Universidade de Caxias do Sul.

Celebrando os 40 anos da realização da II Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano em Medellín, entrevistamos a teóloga italiana Silvia Scatena. Aliás, De Medellín a Aparecida: marcos, trajetórias e perspectivas da Igreja Latino-Americana é o tema do evento promovido pelo IHU e que inicia no dia 13 de junho. A programação pode ser consultada no sítio do IHU.

Lúcio Flávio Rodrigues de Almeida, professor da PUC-SP, analisa as lutas e os desafios do movimento social brasileiro e o poeta Tarso de Melo, de Santo André, apresenta o poema “Ready-made”, que lida com o bombardeio da mídia, cercada pelo vazio.

Saudando e acolhendo de maneira muito especial os/as participantes do Simpósio Internacional, vindos/as de várias partes do país e do mundo, desejamos a todos e todas uma ótima semana e uma excelente leitura!

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