Edição 254 | 14 Abril 2008

Editorial

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IHU Online

Mídia livre? A democratização da comunicação

“Não consigo discernir o que vem a ser a dita ‘mídia livre’”, afirma o jornalista Pedro Luiz da Silveira Osório, professor de jornalismo na Unisinos. “Não acredito na idéia de mídia livre”, diz Antônio Fausto Neto, professor e pesquisador do PPG em Comunicação da Unisinos, pois, explica, “não há produção de conhecimento desconectada de interesses, de modelos de anunciação e de modos de falar”.

Já para Ivana Bentes, jornalista e diretora da Escola de Comunicação da UFRJ, uma das organizadoras do 1º Fórum da Mídia Livre, que se realizará na Universidade Federal do Rio de Janeiro, nos dias 16 e 17 de maio de 2008, explica: “preferimos o termo mídia livre, no sentido de caracterizar um horizonte de liberdade de expressão e diversidade de formação”. “A mídia livre deve ser plural, diversa, democrática, colaborar para construir uma sociedade melhor”, caracteriza Antonio Biondi, jornalista que participa do coletivo Intervozes. Na visão de Leonardo Sakamoto, jornalista da ONG Repórter Brasil, para que se tenha uma mídia livre, “é necessário ter leitores livres e produtores de informação”. Para ele, “a informação não tem apenas uma função social; ela tem uma função redentora. Informar liberta”. Daí que Ivana Bentes atesta que “mídia, jornalismo e comunicação são coisas importantes demais para ficar apenas na mão de profissionais. É algo que extrapolou o campo da profissionalização e diz respeito à constituição da própria radicalização do que chamamos de democracia. Assim, devemos pensar a mídia como um direito. Comunicar se tornou uma necessidade social; todos podem contribuir”.

Outros preferem falar da mídia alternativa. Bernardo Kucinski, jornalista e professor aposentado da Escola de Comunicação e Artes – Departamento de Jornalismo e Editoração da USP, constata que se, de um lado, “o jornalismo estrito senso se diluiu”, por outro, “a comunicação como um todo nunca esteve tão rica e diversificada no Brasil”. Para ele, a mídia alternativa tem um papel diferente da grande imprensa. “Ela faz um contraponto. Ela atua como consciência crítica dos próprios jornalistas e da sociedade”, complementa.

Mas o que é hoje, no Brasil, uma mídia livre ou alternativa?  Esta, entre outras, é a questão debatida nesta edição da IHU On-Line. Além dos jornalistas já citados, contribuem nesta edição, Alceu Luís Castilho, jornalista do Repórter Social, Laurindo Leal Filho, jornalista e professor da USP, Joaquim Palhares, diretor da Agência Carta Maior, Ricardo Noblat, jornalista e blogueiro e Sergio Gomes, da Oboré Editorial.
Independente das respostas encontradas, uma coisa é certa, segundo Bernardo Kucinski: “no jornalismo, tudo é contradição. Trata-se de um campo de disputa permanente pelas mentes e corações”.

Também nesta edição, Stela Nazareth Meneghel, que acaba de lançar o livro Epidemiologia: exercícios e anotações, comenta o filme 4 meses, 3 semanas e 2 dias, do cineasta romeno Cristian Mungiu. Segundo ela, “o filme é uma narrativa marcada pelo viés de gênero, abordando um tema capaz de nos mobilizar tão intensamente que nem todos conseguimos perceber o quanto ele constitui um dos pilares da dominação patriarcal em relação às mulheres”. Mardilê Fabre, gaúcha que mora em São Leopoldo e já trabalhou no IHU, é uma poeta que transita pelo verso livre, pelo soneto, até as formas orientais do haicai e do tanka. Nesta edição, ela nos brinda com alguns haicais e tankas inéditos.

A todos e todas uma ótima semana e uma excelente leitura.

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