FECHAR
Enviar o link deste por e-mail a um(a) amigo(a).
Greyce Vargas
Andar na rua, fazer compras, passear no parque. Tudo é repensado quando, num país como o Brasil e, principalmente, numa sociedade conservadora como a gaúcha, sua opção sexual é vista pela maioria como diferente. Ser homossexual, apaixonar-se por alguém do mesmo sexo que o seu, quase sempre, é visto como algo errado. Se, por um lado, já pensamos na pós-modernidade, se já mudamos muitos dos nossos conceitos de vida, o conceito sexual ainda é retrógrado na sociedade. Que o digam Julia* e Maria*. Enquanto Maria não teve problema algum no trabalho e na família, Julia foi ameaçada no trabalho caso sua opção sexual fosse confirmada. Preferiu omitir. A opressão e a angústia são presentes na vida da maioria dos homossexuais, tratados geralmente como anormais. “Contar para minha família foi um alívio, pois ter a compreensão deles, dos mais próximos, principalmente, foi fundamental para que eu me sentisse bem comigo mesma”, contou-me Julia. Perguntei se, de alguma forma, elas precisam se preservar por causa da orientação sexual. “Sim, para manter o emprego e facilitar o convívio com pessoas preconceituosas muitas vezes temos que omitir situações e usar outros termos”, confessa.
Elas moram juntas há quase nove meses e preparam-se para fazer o documento que registra seu relacionamento como estável perante a lei. “Achamos que seja a única forma de assegurar nossos direitos em caso de separação ou morte, evitando, assim, transtornos com familiares e prejuízo para uma das partes”, diz. O documento não oficializa ou legaliza a união, mas é um registro legítimo com a intenção de reconhecer a união estável, sendo utilizado como prova material para fins jurídicos. Essa é, por enquanto, uma das poucas chances de assegurar, ao menos, os direitos civis mais importantes.