Edição 236 | 17 Setembro 2007

Editorial

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IHU Online

Energia para quê e para quem? A matriz energética do Brasil em debate

Para garantir o abastecimento de energia no País, são propostas construções de novas hidrelétricas, de usinas nucleares e o aumento de energias renováveis, como a solar e a eólica. Com o objetivo de discutir a atual composição da matriz energética nacional, a IHU On-Line desta semana conversou com alguns especialistas e trouxe o tema para o debate.

Antes de se pensar em possibilidades para diversificar a matriz energética, é necessária uma discussão aprofundada com a sociedade, aconselha o jornalista e ambientalista Washington Novaes. Segundo ele, as alternativas propostas podem trazer benefícios e malefícios para a população. Já para o professor Heitor Scalambrini Costa, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), as mudanças na matriz energética devem levar em conta “uma profunda transformação nos padrões atuais de produção e consumo”.

Por outro lado, o professor Geraldo Lucio Tiago Filho, da Universidade de Itajubá, diz que Brasil representa “o terceiro maior potencial hídrico no mundo, cerca de 260.000 MW”. Sendo assim, ele explica que o País sempre precisará construir grandes centrais hidrelétricas. O engenheiro Roberto D’Araujo compartilha da mesma opinião e enfatiza que “não há fonte alternativa que vença essa opção”. Segundo ele, “o padrão de consumo é subproduto do debate sobre que estilo de crescimento queremos, e não o contrário”.

Para falar sobre a possível construção de uma hidrelétrica na Foz do Chapecó, em Santa Catarina, a IHU On-Line entrou em contato com Gilberto Cervinski, membro da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Cervinski fala sobre a realidade da construção das hidrelétricas e as conseqüências das obras para as populações ribeirinhas. Segundo ele, “no Brasil, em média, a cada 100 famílias atingidas por barragens 70 não recebem nenhum tipo de direito, ou seja, grande parte delas acaba sem terra, sem casa e sem trabalho”.

O matemático e professor da Unicamp Gilberto Jannuzzi afirma que o Brasil pode desempenhar um papel inovador e competitivo no cenário internacional. Ele destaca a biomassa como um dos “elementos em que temos vantagens”, e ressalta a importância de desenvolver tecnologias de ponta para que a energia gerada através deste recurso seja “utilizada em outros lugares pelo mundo afora”. Ricardo Baitelo, coordenador do Greenpeace Brasil, aposta no mesmo caminho e diz que outras opções de energias renováveis, como a eólica e a solar, podem aumentar o potencial energético brasileiro.

De acordo com o professor Juan Plá, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o estado gaúcho “tem condições de produzir combustíveis em larga escala, tornando-se um exportador de álcool e biodiesel”. Para ele, a zona rural tem grande potencial para viabilizar este projeto. 

Uma debate sobre Hobbes, Heidegger e Agamben é o tema da entrevista com Fabrício Carlos Zanin.

Cidade dos Homens, de Paulo Morelli, é o filme da semana.

A todas e todos uma ótima leitura e uma excelente semana!

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