Edição 221 | 28 Mai 2007

Dirson João Stein

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Aos 33 anos, Dirson Stein tem uma rotina repleta. Trabalha como laboratorista de apoio ao ensino no Biotério e no laboratório de Neurociências e também é um dos responsáveis pela manutenção dos equipamentos de microscopia do Centro de Ciências da Saúde. Além dessas atividades, ele também é caixa e garçom em uma pizzaria de São Leopoldo à noite. Dirson é técnico em agropecuária e graduado em Biologia e planeja no futuro fazer um curso de pós-graduação na área. Pai de dois filhos pequenos, ele aproveita as horas livres com a família, no sítio onde mora em São Leopoldo.

 

Origens - Nasci em Boa Vista do Buricá, município próximo a Santa Rosa, no Alto-Uruguai. Sou de uma família de cinco irmãos naturais e uma irmã adotiva.

Estudos - Eu vivi com minha família até os 11 anos, quando fui para o seminário dos padres. Na minha família, têm várias pessoas que freqüentaram o seminário. Tenho dois tios que são padres, então sempre recebi muito incentivo para freqüentar um seminário. Só podíamos visitar a família na páscoa, em férias de inverno e de verão, ou em ocasiões muito especiais. Recebíamos também visitas dos pais a cada dois meses, mais ou menos. Naquela época, eu era muito jovem e sentia muitas saudades da família, então depois de um ano e meio eu voltei. No seminário, além de cursar o Ensino Fundamental, tinha atividades de cunho religioso. Auxiliávamos também nas atividades agropecuárias do seminário. No primeiro ano eu adorava. Tinha piscina, futebol, atividades todo o dia, o que não havia em casa, mas depois desse tempo é que senti a saudade. Chorava de saudade de casa quase todos os dias. Minha mãe ficou um pouco triste, pois ela sempre quis que alguém da família seguisse o caminho religioso, mas, no final, acabou aceitando. Voltei para a escola e terminei o Ensino Fundamental no Colégio Barão do Rio Branco e no Colégio São José, em Boa Vista do Buricá.

Agropecuária - Cursei o Ensino Médio e Técnico em Agropecuária no colégio Presidente Getúlio Vargas, em Três de Maio. Como meus pais são agricultores, tive incentivo para seguir esta carreira. Gostava muito dessa área. No final do curso, fiz o estágio curricular em uma fazendo em São Nicolau, próxima à fronteira do estado. Na propriedade, eu ajudava na criação de gado e porcos e também na plantação. Depois de formado, trabalhei por um ano como técnico agrícola na prefeitura de São José do Inhacorá, responsável pela assistência técnica aos agricultores do município.

Alemanha - Por intermédio de um dos irmãos da minha mãe, consegui um estágio numa propriedade rural agropecuária na Alemanha. No início, tive dificuldade em razão da língua. Somos descendentes de alemães e meus pais sempre falaram o alemão. Já eu entendia muito bem o dialeto, mas falava pouco, respondendo quase sempre em português. Naquela região ainda se fala um dialeto muito particular, diferente do alemão clássico. Tive dificuldades de comunicação no início, mas, como não tinha outra opção, acabei me acostumando com a língua. Nessa fazenda, eu trabalhava junto coma família tirando leite, tratando os porcos e cuidando da produção. Estudava também um dia por semana em uma escola técnica. O convívio com pessoas de uma cultura diferente e muitas amizades foi o que levei para mim dessa viagem de quinze meses. Até hoje mantenho contato com eles. Também tive a oportunidade de conhecer diversos lugares na Europa durante essa época.

Oportunidade - Vim para São Leopoldo buscando novas oportunidades e deixei um currículo na Unisinos. Na primeira seleção não passei e fui trabalhar em Porto Alegre em uma imobiliária. Três meses depois, fui chamado para outra seleção e fui contratado. Comecei trabalhando no biotério. Não estava acostumado a trabalhar com animais de pequeno porte, no caso ratos e camundongos, mas gostei bastante. Criávamos animais para disciplinas dos cursos de Psicologia e Biologia. Buscávamos os animais no zoológico e trazíamos para a Unisinos, onde eles ficavam por, no máximo, três meses por semestre. Hoje, minha rotina é diferente do que era naquela época. Temos mais animais, que permanecem aqui o ano todo e são usados em pesquisas. Faço a limpeza das gaiolas, controlo o acasalamento e desmames. Não é um trabalho cansativo, mas ele exige uma atenção especial todos os dias.

Biologia - Comecei a graduação nos curso de Ciências Contábeis. Contudo, logo troquei para a Biologia, que tem uma relação mais próxima com o meu curso técnico. Demorei nove anos para me formar em razão do trabalho, família e também por questões financeiras.

Família - Conheci minha esposa, que também trabalha aqui, em uma reunião de integração de funcionários na Unisinos. Casamos depois de um ano de namoro. Moramos por um tempo com os pais dela em Canoas e depois mudamos para São Leopoldo. Temos dois filhos: João Henrique, de sete anos, e João Vítor, de dois anos.

Horas livres - Trabalho à noite em uma pizzaria, no caixa e como garçom. Trabalho de terça a sábado, e por isso acabo convivendo pouco com os meus filhos durante a semana. Os fins de semana aproveito com eles e com minha esposa. Moramos em um sítio, onde também tenho algum trabalho. Sempre que tenho uma folga passo esse tempo com eles.

Filme - Gosto de gênero de ação. Um filme que gostei muito foi Tróia, que mistura ação com o épico. Também gostei de Coração valente.

Música - Sou meio eclético, mas gosto muito de rock, nacional e estrangeiro.

Futuro - Meu plano para o futuro é continuar estudando e fazer um curso de pós-graduação na área da Biologia. Gostaria de trabalhar na área de neurociências ou na de fisiologia.

Sonho - O meu sonho é ter o meu negócio próprio, talvez na área comercial ou de prestação de serviços, mas ainda não tenho uma previsão de quando vou poder fazer isso.

Brasil - Vemos muita corrupção no país, até no alto escalão dos governos. Não sabemos que rumo isso vai tomar. Preocupo-me com o desinteresse dos políticos, pois isso pode desencadear no futuro uma revolta da população.

Unisinos - A Unisinos foi e ainda é importante na minha vida. Conheci muitos amigos e minha esposa aqui. Sou grato à Universidade pela oportunidade de trabalho e estudo que tive. Se não estivesse trabalhando aqui, talvez não tivesse tido a oportunidade de cursar uma graduação.

IHU - Conheço o trabalho do instituto através do trabalho feito nos eventos e palestras. É um trabalho importante, pois toca em questões de cunho social que afeta a todos nós.

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