Edição 214 | 02 Abril 2007

Ciclo de Filmes e Debates - Trabalho no cinema

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Discutir aspectos do filme A agenda (L’emploi du temps), de Laurent Cantet, drama francês lançado em 2001. Essa é a atividade que acontece nesta quarta-feira, dia 04-04-2007, dentro da programação do Ciclo de Filmes e Debates – Trabalho no cinema. O responsável pelos comentários, a seguir, do filme é o do Prof. Dr. Fábio Alexandre Moraes, da Unisinos. Fábio Alexandre é psicólogo, especialista em saúde mental coletiva (ESP-RS), mestre em Psicologia Social e Institucional (UFRGS), docente e atual coordenador executivo do Curso de Psicologia da Unisinos.

IHU On-Line - De que maneira o cinema vem tratando o tema trabalho?
Fábio Alexandre Moraes -
Desde os Tempos modernos , de Chaplin , o trabalho é retratado no cinema como algo penoso, com pessoas submetidas ao movimento das máquinas, ao tempo cronometrado e a locais insalubres. Também traz, com certa freqüência, o tema da escravidão, forma abjeta de submissão do corpo ao “trabalho”, ou a forma de atividade humana que se restringe ao sofrimento e a tortura. Ao mesmo tempo, o cinema também retrata a ociosidade, a vida sem trabalho dos ricos e poderosos. Na verdade, acredito que o cinema mostra a divisão que, de forma leiga, fizemos no mundo do trabalho, na sua relação com o poder. Além disso, mostra aqueles que, para sobreviver, se submetem a qualquer coisa, e os donos dos meios de produção, os quais pouco ou nada trabalham. Mas há filmes (dramas e documentários), alguns difíceis de serem encontrados, que aprofundam o tema, contextualizando suas histórias na organização do trabalho em dado momento histórico, no problema da imigração, no impacto das novas tecnologias, no processo de subjetivação possibilitada por esta atividade humana, no desemprego e nas lutas por melhores condições laborais. 

IHU On-Line - Como o cinema pode ajudar nesta questão?
Fábio Alexandre Moraes -
Justamente quando se propõe a discutir essas questões que apontei acima. Imaginem o impacto que Tempos modernos causou quando, de forma absolutamente simultânea ao momento histórico em que foi produzido, mostrou, de forma contundente, as forças que atuavam sobre a mente e o corpo do trabalhador nas linhas de montagem. Não é por acaso que ainda voltamos a assisti-lo, revisando-o frente às novas pressões.

IHU On-Line - Quais as principais obras cinematográficas que retrataram bem o tema? Que filme você cita e por quê?
Fábio Alexandre Moraes -
Não sou um especialista da área. Por isso, busco a ajuda do professor Nelson Rivero e, juntos, pensamos nas seguintes obras: Tempos modernos, já citado, A classe operária vai ao paraíso ; Tudo ou nada ,  Nós que aqui estamos por vós esperamos (documentário de Marcelo Masagão), Coisas belas e sujas , O corte e  A corporação . Citamos esses filmes porque retratam, em lugares e países diversos, questões contemporâneas do trabalho. Do sofrimento do trabalhador nas linhas de montagem, que ainda existem e alienam, passando pelo desemprego e as estratégias para suplantá-lo (Tudo ou nada), e, com certeza, o advento de uma nova matriz tecnológica que se por um lado amplia e facilita as possibilidades do sujeito humano, por outro irá condenar milhões à marginalização.

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