Edição 532 | 18 Março 2019

Veganismo. Por uma outra relação com a vida no e do planeta

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O ex-Beatle Paul McCartney cunhou uma frase que se tornou célebre ao afirmar que, se os matadouros tivessem vidros em vez de paredes, as pessoas não comeriam carne. Muitos adeptos do veganismo acolhem essa como uma afirmação para indicar a violência que envolve os abates. Entretanto, ser vegano é mais do que não comer carne em razão da forma como os animais são mortos, é uma recusa a todo o sofrimento a que os animais são sujeitados não somente para a produção de comida, mas para qualquer bem de consumo. É também não humanizar os bichos, respeitando-os como parte de um projeto comum.

A revista IHU On-Line debate o tema nesta edição com especialistas de diversas áreas do conhecimento.

A antropóloga Ana Paula Perrota, professora na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ, observa que se recusar a consumir carne põe em xeque a própria ideia que se tem de humanidade, dada a relação que se estabelece com o alimento. Ela implica na busca de uma outra ética.

Frank Alarcón, biólogo, ativista e protetor dos Direitos dos Animais, ressalta a perspectiva política do veganismo. Segundo ele, esta opção “apresenta-se como um projeto de coerência entre discurso e prática, respeito com o meio ambiente e todos os seres sencientes no planeta”.

Alceu Luís Castilho, jornalista, que acompanha de perto as tensões geradas a partir da ideia de agronegócio, problematiza e defende que a preservação do planeta não deve se centrar apenas em questões de consumo. Para ele, é preciso combater as lógicas mercadológicas que expropriam os recursos naturais ao longo de toda a cadeia.

Neste ano, o tema também apareceu nas reflexões em torno da Quaresma, compreendido também como tempo de conversão. O próprio Papa Francisco foi convidado a adotar práticas veganas, conforme informa a seção ‘Notícias do Dia’, no sítio do Instituto Humanitas Unisinos - IHU .

Jéssika Oliveira, coordenadora da campanha Million Dollar Vegan no Brasil, organização que fez o desafio ao Papa, explica por que a campanha pelo veganismo foi intensificada nesse período. Ela própria, vegana, acredita que essa é uma forma de se conectar com a Terra.

O Movimento Católico Global pelo Clima - MCGC também aproveitou a Quaresma para chamar atenção sobre a relação entre o efeito estufa e a produção de carne. A jovem universitária Tainá Alves, que integra o grupo, é militante do veganismo e garante: essa é uma forma de conversão que nos coloca em conexão com os valores cristãos mais elementares.

O problema da falta de moradia também é pauta deste número. Uma reportagem faz um raio-X de quatro ocupações na cidade São Leopoldo - RS para, além de se confrontar com a realidade local, apreender esse que hoje ainda é um problema de primeira ordem no Brasil.

Por sua vez, Orlando Calheiros, antropólogo, e Ivana Bentes, professora associada do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFRJ, refletem sobre o evento Carnaval nos tempos complexos da contemporaneidade da sociedade brasileira. José Cláudio Alves, sociólogo, a partir da prisão de dois acusados do assassinato de Marielle Franco, disserta sobre a ascensão das milícias no Rio de Janeiro.

A todas e a todos uma boa leitura.

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