Edição 528 | 17 Setembro 2018

China, nova potência mundial

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Contradições e lógicas que vêm transformando o país

Compreender a China e sua ascensão no atual cenário internacional é o desafio de inúmeros analistas internacionais. Cada vez é mais evidente que as categorias ocidentais não servem para análises de uma realidade que, de tão múltipla e complexa, chega a parecer contraditória.

Na presente edição da revista IHU On-Line, professores e professoras, pesquisadores e pesquisadoras aceitaram debater a China como um ator importante no século XXI.

Martin Jacques, jornalista e analista político britânico, passou a viver na China e compreendeu: “A razão pela qual o Ocidente vem tendo tanta dificuldade em entender a China é que a mentalidade ocidental é a de pensar o mundo em seus próprios termos, tentar encaixar as coisas neles. A China não se encaixa aí”.

Gabriele Battaglia, também jornalista, fez um movimento similar e trocou a Europa por Pequim. Para ele, a China é uma “civilização introvertida”, mas que não se fecha em si mesma e busca na conexão com o mundo as possibilidades de atualizar e constituir de forma muito particular seu império.

O professor Elias Marco Khalil Jabbour, da UERJ, observa justamente as particularidades do “império Chinês” que, por mais contraditório que possa ser, se impõe sem ser imperialista. Para Andrea Fumagalli, professor da Università di Pavia, Itália, divisões do momento da Guerra Fria já podem estar superadas. Agora, capitaneado pela China, o mundo pode se dividir na disputa entre Norte e Sul. O professor no curso de Relações Internacionais da UFSM Júlio César Cossio Rodriguez também observa mudança no cenário internacional, pois vê na ascensão chinesa um processo de redistribuição do poder.

José Eustáquio Diniz Alves, professor da Escola Nacional de Ciências Estatísticas - Ence/IBGE, chama atenção para o fato de que a ascensão chinesa nesse novo cenário geopolítico leva o país a ampliar seus territórios. Valéria Lopes Ribeiro, professora no curso de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC, ao analisar o crescimento da China sobre países da África, identifica outra lógica do que a imposta no passado por nações europeias.

Michael Kelly, jesuíta australiano que vive na Tailândia, chama atenção para fatores que podem frear essa expansão da influência chinesa pelo mundo. Francesco Sisci, especialista na civilização e história chinesas, concorda que a China cada vez mais se volta para o Ocidente, mas destaca que ainda há muitas lacunas. Guilherme Wisnik, professor na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, analisa a hiperurbanização de um país que vem transformando aldeias de pescadores em cidades gigantescas, afetando a cultura local e a saúde do planeta.

Irene Chan analisa como a China soube se aproveitar de situações geradas a partir da crise financeira dos anos 2000. O professor da Universidade de Boston Eugenio Menegon afirma que o Partido Comunista, que capitaneia o crescimento do país, teme discussão e discórdia, bem como o exercício da escolha democrática dos cidadãos. E o professor Andrés Malamud analisa as relações comerciais entre China e países da América Latina.

No ano em que se celebra o centenário de Antonio Candido, os professores Luís Augusto Fischer, Walnice Galvão e Ian Alexander analisam o legado do sociólogo e crítico literário que marcou o pensamento brasileiro.

Também pode ser lido o artigo Cheetahs, Hippos, Mugabe e as eleições gerais de 2018 no Zimbábue, de Anselmo Otavio, professor de Relações Internacionais da Unisinos e pesquisador do Centro Brasileiro de Estudos Africanos - CEBRAFRICA/UFRGS.

A todas e a todos uma boa leitura e uma excelente semana.

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