Edição 493 | 19 Setembro 2016

É preciso interrogar o pragmatismo político e a eficácia simbólica do tradicionalismo

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Vitor Necchi

Letícia Borges Nedel destaca que não se deve testar a “correspondência fática” entre o que é postulado pelos tradicionalistas e as práticas culturais de antigamente, mas entender a maneira como se processa o movimento na contemporaneidade

Em sua trajetória de historiadora, Letícia Borges Nedel pesquisa a formação e a atuação das elites culturais no Brasil, em especial no Rio Grande do Sul, investigando questões como a participação de intelectuais situados na periferia do processo de modernização da pesquisa social brasileira em processos de institucionalização de memórias e saberes locais.

Ela afirma que os intelectuais gaúchos foram consumidores da memória regionalista que criaram e “pagaram caro pelo compromisso que fizeram firmar entre a Historiografia e as razões de Estado”. Eles se preocupavam com o reconhecimento da brasilidade do Rio Grande do Sul e de suas próprias criações. Esse esforço decorria do fato de que havia uma suposição intrínseca “de uma ‘unidade ancestral’ não coincidente com a geografia política”. Letícia considera que a missão política desses intelectuais era hercúlea: precisavam definir uma “personalidade jurídica” regional, portanto brasileira, “para um personagem folk de origem fronteiriça e, nesse sentido, transnacional”.

Na entrevista apresentada a seguir, concedida por e-mail à IHU On-Line, a historiadora analisa o impacto do tradicionalismo sobre os intelectuais que se tornaram conhecidos como a geração da livraria do Globo. “Foi desagregador”, resume. Ela considera indispensável a separação entre o Estado e o Movimento Tradicionalista Gaúcho - MTG. No entanto, a legitimidade do movimento deve ser preservada: “As formas de expressão cultural do Rio Grande do Sul são muitas, e reduzi-las a um só estereótipo é tão antidemocrático quanto empobrecedor, mas condenar a existência do tradicionalismo enquanto tal é um ato de intolerância cultural”.

Ao se problematizar a identidade gaúcha e o tradicionalismo, “o filho bastardo da erudição regionalista”, ela faz uma ressalva: “O que se tem que fazer não é testar a correspondência fática do que dizem os manuais de cultura tradicionalista com as ‘verdadeiras’ práticas culturais de antigamente, mas interrogar o pragmatismo político e a eficácia simbólica do fenômeno tradicionalista na contemporaneidade”. 

Letícia Borges Nedel é doutora em História pela Universidade de Brasília - UnB, mestra em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ e licenciada em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS. Durante o doutorado, realizou estágio sanduíche na École de Hautes Études en Sciences Sociales - EHESS/Paris. Realizou estágio pós-doutoral no Centro de Pesquisa e Documentação em História Contemporânea do Brasil da Fundação Getulio Vargas - CPDOC/FGV. É professora do Programa de Pós-graduação em História Cultural da Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, onde coordena o Laboratório de Memória, Acervos e Patrimônio e integra a linha de pesquisa História da Historiografia, Arte, Memória e Patrimônio. Integra o Comitê Brasileiro para o Programa Memória do Mundo, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - Unesco, sediado no Arquivo Nacional, e o Conselho Consultivo do Museu Nacional de Imigração e Colonização, localizado em Joinville (SC). Entre 1991 e 1995, exerceu a função de assistente de coordenação no Museu Julio de Castilhos, no Rio Grande do Sul. Entre 2014 e 2015, foi membro da Comissão Gestora do Museu de Arqueologia e Etnologia Oswaldo Rodrigues Cabral – MarquE/UFSC, instituição da qual é vice-diretora desde abril de 2016. 

 

Confira a entrevista.


IHU On-Line – No século 19, quando ocorreram fatos determinantes para o entendimento que se tem da identidade gaúcha, o Rio Grande do Sul era um estado periférico, afastado geográfica e politicamente do centro do país. Naquela sociedade, que espaço e importância os intelectuais tinham em nível regional e nacional? 

Letícia Borges Nedel - A rigor, não me parece possível afirmar a existência de intelectuais no Rio Grande do Sul no século 19, ou seja, a existência de um grupo que se fizesse representar como tal, cuja autoridade fosse reconhecida pelo Estado e pelo corpo social, e que dispusesse de um espaço próprio de ação, não redutível (ainda que articulado) ao jogo político-partidário. Isso não havia. O que havia era um círculo muitíssimo restrito de notáveis, homens de letras, políticos que escreviam e cujos interesses e posicionamentos ditavam a pauta do debate cívico. 

Nesse contexto, as atividades ligadas à escrita estavam, de modo geral, imersas nas disputas eleitorais e decisórias, de modo que qualquer iniciativa de ordem “cultural”, como a fundação de uma academia de eruditos, por exemplo, estaria sujeita ao jogo faccioso da concorrência intraelites políticas. Isso fica bem evidenciado nas tentativas fracassadas que precederam a (tardia) criação do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul - IHGRS, em 1920.

Para haver intelectuais no sentido próprio da palavra, é preciso que se criem condições objetivas, ou seja, estruturas capazes de dar sustentação prática às atividades culturais e sustentação política para o grupo que disputa com outros o monopólio e a autoridade de nomeação dessas atividades, assim como dos critérios de validação das suas produções. É preciso, primeiro, uma certa diversificação de públicos, a existência de consumidores de cultura, o que, por sua vez, remete à ampliação do acesso à cultura escrita, além de espaços de formação e produção de conhecimento, editoras, instituições culturais, jornais etc. Diferentemente do que acontece na capital e nos estados do Norte, no Rio Grande do Sul isso é obra republicana. É no bojo da imposição de uma ordem constitucional castilhista (com as mitologias a ela correspondentes, como a do republicanismo inato do gaúcho,) que se cria o arcabouço institucional de gestão da cultura regional.

Nesse processo, a própria crise política entre liberais e republicanos (assim como as rupturas internas a cada legenda) abre espaço para a mobilização dos intelectuais — aí sim, autorrepresentados como tais, e alçados a porta-vozes da “região” (estou fazendo aqui uma paródia da expressão cunhada por Daniel Pécaut ). O problema, nesse caso, é que os critérios de validação dessa “cultura” (sintetizada pelas obras de autores consagrados como “tradutores” da cultura regional, mas não plenamente integrados ao panteão literário nacional) são ditados fora, e é isso o que perfaz a situação periférica em que atuam os produtores culturais do estado, mais do que a geografia ou o suposto isolamento imposto pela distância de Porto Alegre em relação à “Corte” poderia indicar.

Os intelectuais do Rio Grande estiveram permanentemente presos ao diagnóstico acerca das “origens” — portuguesa ou castelhana — do gaúcho porque estavam submetidos à lógica concorrencial das províncias pelo gradiente de representatividade nacional. O debate girava em torno dos métodos de superação dessa insularidade cultural, e como só quem estava interessado nesse debate eram os próprios intelectuais periféricos, reproduz-se o isolamento, o autocentramento dessa produção. Enquanto os intelectuais rio-grandenses se patrulhavam mutuamente, procurando nas atitudes “particularistas” dos pares adversários os culpados pelo não reconhecimento do regionalismo sulino frente ao regionalismo de outros estados, o Nordeste avançava, sem ter que se haver com a questão da fronteira (que aqui era central).


IHU On-Line – No processo de construção da identidade gaúcha, intelectuais, particularmente historiadores e escritores, tiveram papel protagonista. Qual a motivação? Eles agiram em confluência com o poder político? 

Letícia Borges Nedel - No Brasil, como no Rio Grande do Sul, a produção intelectual emana da política e dela extrai sua agenda. A História, como disciplina, assim como a literatura politicamente engajada da tradição gauchesca (que, diga-se de passagem, leva três bandeiras), fizeram esse percurso e foram, durante décadas (como ainda acontece muitas vezes) empregadas no confronto político direto. Dois pontos de inflexão são importantes aqui. Primeiro, a campanha republicana — e não me parece casual que uma obra aceita como marco fundador da historiografia sul-rio-grandense seja o libelo de Assis Brasil  ao centralismo entendido como sinônimo de regime imperial, onde aparece o lema centralização = desmembramento — e, em segundo lugar, as guerras civis de 1893  e 1923 . Veja que, na esfera intelectual, a bandeira seguiria a mesma da política: o federativismo. Transposta para o domínio cultural, a defesa desse princípio visava ao reconhecimento da participação gaúcha na vida intelectual do país. Os interesses eram, portanto, convergentes, embora não fossem redutíveis.


IHU On-Line – Intelectuais têm papel importante na construção da memória histórica. Como eles agiram no Rio Grande do Sul? 

Letícia Borges Nedel - A resposta a essa pergunta é longa. Para ser breve, e tendo em vista as respostas anteriores, diria que os intelectuais foram consumidores da memória regionalista que criaram e pagaram caro pelo compromisso que fizeram firmar entre a Historiografia e as razões de Estado. Em termos mais genéricos, a própria recorrência da preocupação entre os membros da comunidade intelectual sulina, com o reconhecimento da brasilidade do Rio Grande do Sul e de suas próprias criações, mostra, por trás das diferentes manobras de padronização do tipo característico do estado, a suposição intrínseca de uma “unidade ancestral” não coincidente com a geografia política. 

Assim, a missão política desses intelectuais era de fato hercúlea: eles tinham que definir uma “personalidade jurídica” regional — necessariamente brasileira, portanto — para um personagem folk de origem fronteiriça e, nesse sentido, transnacional. Aqueles intérpretes cosmopolitas das origens rurais do Rio Grande do Sul tinham que inventar um gaúcho suficientemente brasileiro para justificar a projeção política e cultural do estado, sendo que não apenas sua gênese remontava a um período anterior à conquista lusitana do território, mas até o nome o gaúcho compartilhava com os inimigos do império. A contribuição dos historiadores foi enquadrar o passado regional nos moldes da memória de uma independência não traumática da nação, assegurada pela guarda das fronteiras, tal como preconizado pelo IHGB. Os historiadores fazem da história do Rio Grande o capítulo militar da História do Brasil, e do gaúcho, o sentinela da nacionalidade. 

É interessante notar que enquanto no período 1880-1925 a literatura regionalista (e, dentro dela, o gênero da sátira gauchesca, a exemplo do Antônio Chimango ) era usada como meio de intervenção nas lutas políticas, os historiadores e literatos (que, geralmente, tinham sido ou eram editores dos jornais dos partidos) elegeram como interlocutores privilegiados a facção adversária no estado ou o centro das decisões nacionais. Depois que a geração iniciada nos anos 1920 consolida, nos anos 1930, a conquista de lugares próprios ao exercício intelectual (em que a livraria do Globo  terá um papel fundamental de sustentação da prática literária), à medida que aqueles intelectuais fundam instâncias específicas — mesmo que não totalmente “autônomas” de controle do acesso aos postos oferecidos pelo governo —, o interlocutor privilegiado nos textos passa da capital para as outras regiões que encarnam a diversidade brasileira. Há uma correspondência estreita desse deslocamento com a integração nacional dos mercados regionais de produção de bens culturais “autênticos” nacionais — e, principalmente, com a consagração dos modernismos no centro do país. Os intelectuais gaúchos redirecionam suas queixas sobre a “indiferença” para com o Rio Grande, do centro para as outras províncias (especialmente o Nordeste), justo quando ficam mais expostos à concorrência com elites dos estados na corrida pela caracterização da brasilidade.


IHU On-Line – Qual o impacto do regionalismo e do tradicionalismo nos intelectuais do Rio Grande do Sul?

Letícia Borges Nedel - O impacto do tradicionalismo sobre os intelectuais da chamada geração da livraria do Globo foi desagregador. As relações atritadas entre intelectuais consagrados e militantes eruditos do tradicionalismo se reproduziram ao longo do tempo, como mostram as críticas de verniz mais ou menos acadêmico lançadas a cada 20 de setembro às invenções rituais e narrativas do movimento. Não faz muito tempo, vi um “abaixo-assinado contra o tradicionalismo”. Considero indispensável que a relação do estado com a cultura regional seja laicizada, isto é: que se dê, como preza a res publica, a separação entre Estado e Movimento Tradicionalista Gaúcho - MTG. As formas de expressão cultural do Rio Grande do Sul são muitas, e reduzi-las a um só estereótipo é tão antidemocrático quanto empobrecedor, mas condenar a existência do tradicionalismo enquanto tal é um ato de intolerância cultural.

Feita essa ressalva e voltando à sua pergunta, acho que o Barbosa Lessa  tinha boas razões para reivindicar, nos anos 1980, a raiz erudita do tradicionalismo, que lhe fora negada pelos contemporâneos ao surgimento do movimento, isto é, pelos então representantes da “alta cultura” regional, como Augusto Meyer , Erico Verissimo , Dante de Laytano  e Moysés Vellinho , entre outros. O tradicionalismo, por ter-se transformado em um movimento de massas que transcende o ambiente restrito das academias de eruditos, representa uma ruptura no processo de transmissão cultural intraelites. Ele é o filho bastardo da erudição regionalista, e as razões para essa ruptura são muitas. Já no caso do regionalismo, não se pode falar de impacto porque não se trata de algo exterior à atividade intelectual exercida no estado; pelo contrário, o regionalismo é uma categoria total, ela é o filtro que define para os intelectuais uma episteme (a história regional), um cânone estético (o regionalismo literário) e um objeto do conhecimento (as propriedades intrínsecas ao território, extensíveis aos seus habitantes). Uma vez que o discurso regionalista é uma derivação lógica, histórica e política do nacionalismo, coloca-se aí o problema de hegemonia cultural. Tornamo-nos especialistas em barganhar com a diferença e unificar interesses em torno da suposta indiferença do Brasil para com o Rio Grande do Sul.

Na altura em que está a pesquisa sobre as formas de representação da alteridade social e cultural sul-rio-grandense, já não é mais o caso de insistir na contribuição que os intelectuais deram na conformação de uma identidade cultural brasileira para o Rio Grande do Sul. O que interessa, a meu ver, é compreender o papel catalisador exercido pela tensão entre centro e periferia nas formas de autopercepção e no processo de negociação das identidades sociais e profissionais dos autores, ou seja, dessa parcela da elite local a quem foi delegado o trabalho de seleção de atributos ancestrais distintivos do “povo gaúcho”; parcela que teve sua ascensão ao panteão literário nacional bloqueada por uma série de razões. 


IHU On-Line – Nos anos 1980, professores universitários dos campos da história e das ciências sociais tentavam mostrar que a identidade hegemônica do gaúcho era lastreada em um mito inventado. Talvez não faça mais sentido esta denúncia, posto que a sociedade encampou esta identidade. Do ponto de vista de uma perspectiva crítica sobre o fenômeno, o que caberia? Entender por que isso ocorreu? 

Letícia Borges Nedel - Sim, o que se tem que fazer não é testar a correspondência fática do que dizem os manuais de cultura tradicionalista com as “verdadeiras” práticas culturais de antigamente, mas interrogar o pragmatismo político e a eficácia simbólica do fenômeno tradicionalista na contemporaneidade.


IHU On-Line – Nas últimas décadas, quais foram os agentes mais eficazes na manutenção da identidade gaúcha preconizada pelo tradicionalismo? A mídia, os tradicionalistas, os sucessivos governos ou todos em conjunto?

Letícia Borges Nedel - Difícil responder a essa pergunta sem apelar à alternativa “D” — todos em conjunto —  e sem acrescentar uma outra: “E” — nenhum desses fatores tomado isoladamente seria suficiente para mantê-la.


IHU On-Line – Os valores e traços identitários estabelecidos pelo tradicionalismo incidem além dos ambientes próprios do movimento, por exemplo, em campanhas eleitorais, na publicidade e na distribuição de verbas públicas destinadas à cultura via renúncia fiscal. Na sua análise, esta influência tende a crescer? 

Letícia Borges Nedel - Sim, tende se não a crescer, a se consolidar. O tradicionalismo, surfando na evolução dos aparatos tecnológicos de transmissão cultural ao longo da segunda metade do século 20, disseminou seus princípios de ação e de visão de mundo para muito além dos ambientes originais das agremiações estudantis, dos batalhões da Polícia Militar, dos regimentos de cavalaria do Exército e dos CTGs. O tradicionalismo tornou-se um fato total, um sistema de crenças com alto poder apelativo, capaz de reger condutas e escolhas de milhões de pessoas, articulado a múltiplas esferas da vida social. Como sistema de crenças que é, ele funda uma moral, presentifica um passado mítico e pode ser estudado do mesmo modo como se estudam as religiões. 


IHU On-Line – Nos últimos meses, com o acirramento das disputas políticas no país, observaram-se falas nacionalistas sustentando pensamentos preconceituosos e conservadores. Em versão regional, o gauchismo cumpre papel similar a este tipo de nacionalismo?

Letícia Borges Nedel - Pode eventualmente cumprir um papel similar e geralmente cumpre, porque se trata de um tipo de discurso com grande potencial interpelativo (veja-se o regionalismo de socorro na França durante o governo vichysta ). Essa, no entanto, não é uma relação necessária, porque sendo a identidade um artefato muito plástico, passível de apropriações úteis a grupos e finalidades diversas, não se pode dizer que todo nacionalismo seja por definição xenófobo ou politicamente conservador. O revivalismo identitário pode funcionar em determinado contexto — como de fato vem ocorrendo — como argumento para a anulação de direitos ou inviabilização deles, mas também como reivindicação legítima de autonomia política, como no caso dos movimentos de descolonização, ou mesmo de valorização de subjetividades que representem as alteridades internas à nação, dentro de um parâmetro de representação multicultural.

A ativação discursiva da ancestralidade tem que ser analisada caso a caso, porque preconceito e xenofobia não são conteúdos “naturalmente” intrínsecos aos discursos identitários. Estes nada mais são do que arbitrários culturais. O que gera discursos xenófobos e conservadores não é o apego telúrico. É o medo. O discurso (excludente) da ancestralidade comum é usado muito mais como adorno ideológico, como meio de legitimação política dos grupos que se veem ameaçados em suas posições, do que como motivação última da sua mobilização política beligerante. É possível prezar a própria soberania sem apelar ao preconceito. Não tenho certeza se entendi a que exatamente você se refere com o gauchismo, mas acho que o mesmo vale para ele. Ou seja: as apropriações sociais da figura icônica do gaúcho têm um repertório discursivo suficientemente abrangente para abrigar versões “à esquerda” do regionalismo, como foi o caso do movimento nativista durante a redemocratização, ou das formas de apropriação de Sepé Tiaraju  durante a ditadura, e como é o caso também de toda uma vertente da gauchesca argentina identificada com agendas sociais como um Atahualpa Yupanqui , Mercedes Sosa  etc. O problema é que quando se fala em gauchismo e tradicionalismo, tende-se a reduzir o primeiro ao segundo e o segundo à versão xenófoba e cientificista da Carta de Princípios aprovada no 1º Congresso Tradicionalista Gaúcho, na década de 1950. ■

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