Edição 490 | 08 Agosto 2016

Veritas: a bandeira que deve guiar todo o conhecimento. Entrevista especial com Frei Carlos Josaphat

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Patrícia Fachin

"As características da Ordem Dominicana são condensadas em alguns tantos lemas solenes como 'Contemplação e Pregação', 'Contemplar e difundir a contemplação', 'Louvar, Bendizer e Pregar', visando valorizar o estudo, como exigência de base para realizar todos os objetivos da Família Dominicana", afirma o frei dominicano

No ano em que a Ordem dos Dominicanos  está celebrando o Jubileu dos 800 anos , também se tenta responder a uma “questão de base”, diz Frei Carlos Josaphat à IHU On-Line: “Como realizar essa presença e essa atividade no mundo, a serviço da Igreja, difundindo o Evangelho e contribuindo para modelos históricos de humanidade, inspirados pelos valores evangélicos, guiados pelos valores humanos, na diversidade dos países, das culturas e dos meios de comunicação modernos?”.

As linhas gerais que conduzem a essa resposta podem ser encontradas nas características da Ordem e no “lema sintetizado numa só palavra: ‘Veritas’, a Verdade, significando a verdade divina e a verdade em todos os campos do conhecimento e das atividades humanas. Isto significa praticamente buscar uma verdadeira competência em todos os trabalhos de apostolado, de ensino e de ação social e cultural no mundo”, frisa.

A verdade, explica, é como uma “bandeira que deve guiar todo o conhecimento, toda a vida, toda a atividade dos Dominicanos ”.

A ideia geral desse conceito, afirma o frade, “é que a verdade é a ideia de base, guiando toda vida humana, mais ainda toda existência cristã devendo marcar as ações e as relações das pessoas, das famílias, das associações e de toda a sociedade. Um simples ponto de partida para percorrer esse universo intelectual vem a ser a correspondência com a realidade que devem ter todas as formas do conhecimento, desde os sentidos, até a inteligência, a contemplação filosófica, teológica, mística. Devem conformar-se à realidade de modo que o ser humano, todo ser humano deve ter a ‘virtude’ do Estudo, da ‘estudiosidade’. Todo ser humano só será normal se tiver o estudo competente para guiar sua vida”.

Na entrevista a seguir, concedida por e-mail à IHU On-Line, Frei Carlos Josaphat relembra a história da Ordem dos Dominicanos, criada em 22 de dezembro de 1216, por São Domingos de Gusmão , na cidade francesa de Toulouse, e comenta a trajetória de alguns dos principais dominicanos que marcaram os 800 anos da Ordem, entre eles, Domingos de Gusmão e Tomás de Aquino , nos séculos XII e XIII, Bartolomeu de Las Casas  e Francisco de Vitória , nos séculos XV e XVI, e Marie-Dominique Chenu , no século XIX. Comenta ainda a participação dos dominicanos em vários momentos da história da Igreja, inclusive na Inquisição.

Frei Carlos Josaphat, mineiro, é teólogo dominicano, professor emérito da Universidade de Friburgo, Suíça, e Dr. Honoris Causa pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP.

Estudioso da obra de Tomás de Aquino, comentou as questões sobre a Justiça da Suma Teológica e, ao longo dos seus 95 anos, publicou diversas obras, entre elas, Vaticano II, a Igreja aposta no amor universal (com a colaboração de Lilian Contreira. Ed. Paulinas. São Paulo. 2013); Paradigma teológico de Tomás de Aquino (São Paulo: Paulus/EDT, 2012); Liberdade e justiça para os povos da América. Oito tratados impressos em Sevilha em 1552. De Frei Bartolomeu de Las Casas. Obras Completas (Vol. 2. Coord. geral da trad., introd. e notas de frei Carlos Josaphat. São Paulo: Paulus, 2010); Único modo de atrair todos os povos à verdadeira religião. De Frei Bartolomeu de Las Casas (Obras Completas. Vol. 1. Coord. geral da trad., introd. e notas de frei Carlos Josaphat. São Paulo: Paulus, 2005); La crise du choix moral dans la civilisation technique (Fribourg: Éditions universitaires; Paris: Éditions du Cerf, 1977); O sermão da montanha: manifesto de santidade cristã e de promoção humana (São Paulo, Duas Cidades, 1967).

Devem ser citados ainda, o livro Evangelho e Revolução Social. São Paulo: Livraria Duas Cidades, 1962, que incendiou a esquerda brasileira no inicio dos anos 1960, antes do Golpe Militar de 1964, e o recente Tomás de Aquino e Paulo Freire. Pioneiros da inteligência, mestres geniais da educação nas viradas da história. São Paulo: Paulus, 2016.

Frei Carlos Josaphat, em março de 1963, fundou o semanário Brasil Urgente. O jornal durou até 1º de abril do ano seguinte, quando foi fechado pelos militares. "Fascistas preparam golpe contra Jango!", dizia a manchete de sua última edição, a de número 55, publicada quando o fundador iniciava um exílio de 30 anos na França, de onde se transferiu para a Suíça, "por ordem do Vaticano, atendendo a pressões do núncio apostólico em Brasília. "Fora padre comuna", protestava uma pixação anônima na porta principal da Igreja de São Domingos, onde o frei Carlos Josaphat superlotava missas com suas homilias", segundo a informação publicada por Agência Estado, 08-11-2002.

Por sua vez, Paulo Freire e Frei Carlos Josaphat sentiram uma grande convergência nos projetos e nos ideais, de despertar a consciência e a militância em todo o povo brasileiro. Eles se encontravam no projeto de uma ética e uma pedagogia libertadora.

As informações são de Lilian Contreira e publicadas pelo portal da Editora Paulus.

Eles trabalharam juntos, em Brasília, na realização do Projeto de Educação de Jovens Adultos, para a alfabetização dos que viriam a ser conhecidos como Candangos, na linha, e sob o elã do que seria o “Método Paulo Freire”.

Em dezembro de 1962, Frei Carlos partiu para a França. Doutorou-se com uma tese sobre a “Ética da Comunicação Social e do Jornalismo” e fez um estágio no jornal Le Monde.

Permaneceu pouco mais de dois anos em Paris e foi nomeado professor na Universidade de Friburgo, na Suíça, onde começou a ensinar em janeiro de 1966. Exerceu o magistério universitário até junho de 1993. Saiu como Professor Emérito da Universidade de Friburgo, retornando ao Brasil, em 1994.

Durante estes 30 anos Frei Carlos tornou-se um escritor em língua francesa, publicando várias obras ou traduzindo em outros idiomas como, italiano, inglês, alemão e espanhol.

Chegou a fundar uma coleção bilíngue francês-alemão com o título de: Estudos de Ética Cristã. Hoje com mais de 100 volumes.

 

Confira a entrevista.


IHU On-Line - Quem foi Domingos de Gusmão? Pode nos falar sobre a importância dele na história dos dominicanos e sobre seu pensamento?

Frei Carlos Josaphat - São Domingos  (Caleruega/Espanha 1170-Bolonha/Itália 1221) emerge na história como um fiel servidor do Evangelho e como pregador, visando especialmente o povo, os mais pobres e deixados de lado na cristandade do século XIII. A Igreja estava muito ligada à aristocracia, à nobreza, à ambição do poder. E as autoridades eclesiásticas começavam a confiar nos meios de repressão dos hereges e dos infiéis em geral. É quando se funda a Inquisição, que tinha a vantagem de não condenar a esmo e indiscriminadamente esses adversários da ortodoxia e da hierarquia na cristandade. Mas julgava e condenava até mesmo à morte os hereges. São Domingos não quis de forma alguma apelar para os meios da violência e da severidade, mas, ele mesmo, e depois com seus discípulos, buscou abraçar um modo de viver mais simples e um modo de ensinar respeitoso da liberdade e em um estilo afetuoso e fraterno.

Ele é o fundador da Ordem dos Pregadores  — aprovada em 1216, cujos primeiros Capítulos Gerais se realizaram em 1220 e 1222, estabelecendo um modo rigoroso, mas bem democrático de viver e pregar o Evangelho. Essa opção pela pobreza evangélica tem uma importância extraordinária, porque ela encarnava o Evangelho, o ideal da santidade e do apostolado para uma quantidade crescente de discípulos. Assim se estabeleceram conventos de pregadores em toda a cristandade com uma rapidez e um zelo verdadeiramente notáveis.


IHU On-Line - Em que aspectos Domingos se diferencia de seu contemporâneo Francisco de Assis?

Frei Carlos Josaphat - São Domingos e São Francisco  são considerados como verdadeiros irmãos, empenhando-se com muita originalidade em libertar a cristandade dos desvios da ambição, do enriquecimento e do poderio da Igreja Medieval. São Francisco (Assis/Itália 1182 – 1226) foi admirado e seguido pela radicalidade evangélica da sua vida. Logo após a sua morte, multiplicaram-se as biografias do santo. Nelas, seus discípulos contemporâneos narram seus gestos extraordinários, como o gesto de dar tudo o que possuía ao seu pai ambicioso; chega mesmo a despir-se de suas vestes e jogá-las para ele diante do Bispo. Este lhe forneceu logo novas vestes e o acolheu nessa pregação pelas atitudes que impressionavam e atraíam o povo simples, ajudando-o a viver na fidelidade a Cristo. Lembravam todos eles Francisco beijando um leproso e no final de sua vida, trazendo em seu corpo as chagas de Cristo.

Portanto, na fraternidade de um grande amor a Cristo e de apego fiel a seus exemplos e doutrinas, Domingos e Francisco se diferenciam, pois Domingos, antes de fundar a Ordem Dominicana, passou pela Universidade, chegou a ser Cônego e Auxiliar imediato de seu Bispo, sendo desapegado mesmo dos livros que ele vendeu certa vez, para dar esmola aos pobres. Pode-se dizer que ele praticou uma espiritualidade mais intelectual, mais cuidadosa em observar, estudar e discernir o estilo de pregação. Seus discípulos admiravam suas “Nove Maneiras de Rezar” cada noite. E, ao mesmo tempo, eram sensíveis ao rigor da Teologia, dotada de um caráter universitário.

Domingos e Francisco são ambos seguidores do Evangelho, muito atentos às condições de vida e de progresso dos estudos na sua época, mas são bem diferentes no modo de viver e de difundir a espiritualidade cristã.


IHU On-Line - Quem foi Tomás de Aquino e qual foi sua importância para a ordem dos dominicanos e para a teologia? Pode nos falar um pouco sobre a história de Tomás de Aquino, sobre o que ele escreveu e estudou em termos filosóficos e teológicos?

Frei Carlos Josaphat - Tomás de Aquino  (Roccasecca/Itália 1224 ou 1225 – Priverno/Itália 1274) pertence à sua geração dos Dominicanos, aqueles que não conheceram pessoalmente São Domingos. Já havia uma certa tradição intelectual e espiritual na jovem Ordem Dominicana fecunda em alguns santos e mestres. O que permitiu uma formação muito harmoniosa e de grande qualidade para Frei Tomás. Ele representa na Ordem Dominicana o que foi São Boaventura  para a Ordem Franciscana. Teve como mestre um grande teólogo e pastor da Igreja, Santo Alberto de Colônia , chamado Santo Alberto Magno.

Esse grande Doutor iniciou Tomás de Aquino no que se pode chamar um novo paradigma teológico e filosófico na cristandade. Tratava-se, para eles, de harmonizar os domínios distintos da fé e da razão, de utilizar todos os elementos e as figuras da tradição filosófica grega, romana, judaica, islâmica. Não mantendo em justaposição estas correntes, mas unificando todo esse tesouro de doutrinas mediante o apelo a um grande filósofo, Aristóteles, cujas grandes linhas antropológicas, éticas, físicas, metafísicas, são aprofundadas e prolongadas em um novo modelo universitário.

Aí há uma diferença entre Tomás de Aquino e Alberto Magno de um lado, e São Boaventura e Alexandre de Hales , do outro lado. E, através da história, surge uma dupla tradição doutrinal, uma própria aos Dominicanos e outra aos Franciscanos, grandemente distinta e até certo ponto opondo uma corrente dominicana à franciscana.

Com Santo Alberto, Tomás de Aquino fala de Aristóteles como sendo “o filósofo” e o utiliza para estabelecer a dimensão intelectual bem rigorosa e abrangente de toda a sua doutrina. Comenta as Escrituras como os grandes mestres cristãos, mas torna-se singular pelo que ele chama “questão disputada”, isto é, o estudo bem preciso, bem definido, bem argumentado, de todas as grandes questões filosóficas e teológicas, incluindo os dados científicos daquela época. Assim ele elabora duas “Sumas”: uma Suma mais apologética, chamada “Suma contra os gentios”, e a maior síntese teológica da história cristã, a saber, a “Suma Teológica”.


IHU On-Line - De que modo Tomás dialogou com filósofos da tradição grega e com os orientais, como Avicena, por exemplo? Qual a influência de Avicena no pensamento tomista?

Frei Carlos Josaphat - Tomás de Aquino dialogou com todos os filósofos antigos que se introduziram na Idade Média, especialmente a partir do século XI, tendo o seu fulgor no século XIII. Em geral, esses filósofos tinham comentado os grandes mestres gregos, sobretudo Platão e mais ainda Aristóteles. Quando Tomás aborda uma questão, ele começa por inaugurar uma discussão com todas as correntes antigas do pensamento filosófico e também teológico que estavam presentes nas várias faculdades universitárias de sua época, sobretudo na Faculdade de Teologia.

Assim, ao tratar de questões antropológicas sobre alma, o conhecimento, sobre a afetividade, sobre a vontade e a liberdade, Tomás analisa as posições de Avicena, de Averróis, de Maimonedes, mostrando o que lhe parece justo e acertado em cada um desses autores. É um exemplo único na história do pensamento. Um autor que leva em conta as posições semelhantes ou muito diferentes dos seus predecessores. O rigor lógico de Santo Tomás vem junto com uma informação histórica que raramente, ou quase nunca, se encontra em um autor antigo ou moderno.

Portanto, a importância de Avicena no pensamento de Tomás não deve ser isolada, mas tem que ser situada na comparação dos autores de que acabamos de dar algum exemplo. A contribuição de Avicena é analisada em várias partes, em várias questões das diferentes partes da Suma Teológica. E é estudada em grandes tratados por historiadores das doutrinas.


IHU On-Line - Que relações estabelece entre Domingos de Gusmão e Tomás de Aquino? Há influências de Domingos no pensamento de Tomás? Quais?

Frei Carlos Josaphat - São Domingos, assim como envia os seus frades a pregar para o povo, igualmente os envia à Universidade para se formarem e, enquanto possível, exercerem um apostolado nas diferentes faculdades, sobretudo de Filosofia e Teologia. Tomás de Aquino é um realizador eminente desse ideal de São Domingos. Tomás foi um pregador no meio do povo simples em sua cidade de Nápoles, e igualmente um pregador universitário. Mas, sobretudo, ele foi um professor, seguindo as dicas de São Domingos, ensinando nas Universidades da França e da Itália e compondo obras teológicas insuperáveis. Pode-se dizer que Tomás de Aquino desenvolveu ao máximo as qualidades de inteligência e de cultura que constitui a dimensão teológica da mensagem cristã. Ele é, portanto, um discípulo muito especial de Domingos enquanto este deu toda a atenção ao surgimento do estudo e das universidades na cristandade medieval .


IHU On-Line - O que é e como surge a discussão sobre a Veritas? Como Domingos e Tomás abordam a questão da verdade? O que é a verdade para eles?

Frei Carlos Josaphat - Tomás consagrou logo no começo de seu ensino uma questão comportando vários artigos sobre a Verdade. É significativo que comece pela questão de base de todo o edifício do conhecimento. Por outro lado, na “Suma contra os gentios” e “Suma Teológica”, o Mestre trata da verdade em si mesma, da verdade na inteligência humana e da verdade divina. Ele distingue a verdade das coisas e a verdade dos conceitos, a verdade das noções, das ideias, e a verdade das palavras, das doutrinas, dos ensinos. A verdade é, portanto, uma noção de base de todo o sistema tomista. Tanto mais que Tomás recebeu da sua Ordem a “Veritas”, a Verdade como sendo a bandeira que deve guiar todo o conhecimento, toda a vida, toda a atividade dos Dominicanos.

A ideia geral é que a verdade é a ideia de base, guiando toda vida humana, mais ainda toda existência cristã devendo marcar as ações e as relações das pessoas, das famílias, das associações e de toda a sociedade. Um simples ponto de partida para percorrer esse universo intelectual vem a ser a correspondência com a realidade que devem ter todas as formas do conhecimento, desde os sentidos, até a inteligência, a contemplação filosófica, teológica, mística. Devem conformar-se à realidade de modo que o ser humano, todo ser humano deve ter a “virtude” do Estudo, da “estudiosidade” (analisada na parte ética da Suma Teológica de Tomás). Todo ser humano só será normal se tiver o estudo competente para guiar sua vida.

Nesse ponto, como mostrei em livro recente, há um pleno acordo entre Tomás de Aquino e Paulo Freire. Ambos, em épocas diferentes, se consagraram a despertar a consciência da humanidade para o valor singular da inteligência, do estudo, da consciência bem informada, crítica, bem como das necessidades do estudo para cada um e todos os seres humanos.


IHU On-Line - Quem foi Bartolomeu de Las Casas? Contam um fato curioso sobre ele, o de que sempre levava sua biblioteca consigo em todas as viagens que fazia. Que aspectos o senhor pode mencionar sobre o pensamento e a importância dele?

Frei Carlos Josaphat - Bartolomeu de Las Casas  foi um jovem sevilhano (Sevilha 1474-Madrid 1566) que se preparou de maneira mais perfeita para ser colonizador e ao mesmo tempo um catequista. Juntava ambição e religião, como acontecia com o conjunto dos espanhóis que partiam para a América. Aí chegando, aos 18 anos, em 1502, enriqueceu logo, escolheu ordenar-se Sacerdote para ter mais vantagens no seu trabalho em duas fazendas que seu pai lhe havia conseguido. É então um bom padre, no sentido da cristandade da época. Então se encontra com os Dominicanos que partem para a América e aí denunciam as injustiças e a opressão de que a população da América (os “índios”!) eram vítimas. Ele ouve e transmite a grande mensagem profética dos Dominicanos, pregando a igualdade humana e a necessidade de garantir todos os direitos para todos.

Depois de muita hesitação converteu-se a essa tese — fundadora e salvadora — dos Dominicanos precisamente quando acompanhava as forças militares invasoras de Cuba. Preparava a missa de Pentecostes e viu, proclamado na Bíblia, que ele “imolava os filhos de Deus diante do Pai, quando maltratava e escravizava os Índios agora na América”. A partir dessa conversão, sua vida se abre como um ângulo sempre mais aberto para a verdade, para a justiça, para a libertação do povo da América e para a defesa do seu território contra a corrupção e os estragos que os colonizadores causavam no Novo Mundo.

Tornou-se então um pregador, um pensador, um filósofo e um teólogo, compondo uns quinze grandes escritos. Ele merece o título de Santo Padre e Doutor da Igreja na América. Sua obra é, portanto, teológica, filosófica, histórica e ética, tanto pessoal, como social. Do ponto de vista doutrinal ele vai mais longe e mais fundo que Francisco de Vitória, e do ponto de vista da prática ele é incomparável, sendo o grande libertador da população da América e o mensageiro da igualdade entre todos os seres humanos.

Quanto ao episódio lembrado na sua questão, Las Casas, de fato, era um grande andarilho, ia e vinha pregando cercado de índios. Estes gostavam de acompanhá-lo, carregando os grandes livros do Missionário, e quando alguém dizia que Las Casas os sobrecarregavam, eles diziam: — tudo isso é nosso, são coisas que ele usa para nos defender. Era assim que eles consideravam os calhamaços daquele tempo, as Bíblias, os escritos de Tomás de Aquino e os muitos escritos da tradição cristã.


IHU On-Line - Quem foi Francisco de Vitória e qual foi a sua importância para Salamanca?

Frei Carlos Josaphat - Frei Francisco de Vitória  (?1492-Burgos/1546-Salamanca) foi um grande mestre dominicano que começou por estudar em seu país e em Paris, adquirindo uma imensa cultura, tendo uma informação bastante ampla sobre a situação e a história de seu país. Mas, o que o caracteriza é o que foi um grande teólogo, um professor eminente. É um símbolo o fato de os estudantes, no fim da vida dele, o carregarem, sentado na sua Cátedra, levando-o para dar a aula, em uma aclamação constante e jubilosa ao seu querido mestre. É considerado, a justo título, como o fundador do Direito Internacional. As suas Lições sobre o Direito, o Poder, sobre os Índios, constituem a mais profunda mensagem sobre esses temas, atualizados pelos Descobrimentos. Vê-se então a extraordinária importância da Universidade de Salamanca, atraindo para ela grande quantidade de estudantes e formando muitos discípulos. Como os teólogos famosos que atuaram no Concílio de Trento  (1545-1563).


IHU On-Line - Que relações estabelece entre Bartolomeu de Las Casas e Francisco de Vitória?

Frei Carlos Josaphat - Bartolomeu de Las Casas não frequentou a Universidade de Salamanca, mas acompanhou sempre o ensino de Vitória, mostrando ser um discípulo longínquo que recebia informações e anotações do grande Mestre salmantino. Sempre fala dele com muitos elogios, apelando para as doutrinas do Mestre de Salamanca no intuito de confirmar as próprias posições do missionário. No entanto Las Casas não hesita em criticar a falta de informação concreta sobre a população e a situação da América, lamentando que o grande professor de Teologia não tenha podido transpor os mares e conhecer a realidade do que eles chamavam “As Índias”.

Em resumo, pode-se dizer que teoricamente Vitória excede as elaborações de Las Casas. Mas essas são muito mais amplas, são insubstituíveis para se ter um conhecimento do que se passou e do que deveriam ser a colonização e a evangelização da América.


IHU On-Line - Em que consiste a defesa dos índios feita por Bartolomeu de Las Casas e por Francisco de Vitória?

Frei Carlos Josaphat – Vitória faz uma defesa teórica dos índios, considerando-os como seres humanos. Mas tem deles uma ideia diminuída, sofrendo a influência dos primeiros historiadores que depreciavam a população da América para justificar a sua escravização pelos colonizadores espanhóis. Ao contrário, Las Casas tem uma obra imensa sobre a Teologia da Evangelização e sobre a acolhida que se devia dar aos índios, sendo verdadeiramente único, indispensável para abordar os dados históricos e a verdadeira atitude doutrinal e prática que os cristãos devem ter em relação à população ainda não evangelizada.


IHU On-Line - Francisco de Vitória foi o primeiro a formular a afirmação de que os direitos humanos pertencem a todos os seres humanos, precisamente porque são humanos? Em que consiste o trabalho de Vitória sobre os direitos humanos? E de que modo ele argumentou e demonstrou por que os espanhóis não tinham o direito de fazer a guerra aos povos indígenas?

Frei Carlos Josaphat - Não é verdade que Vitória seja o pioneiro nesta matéria. Já os primeiros Dominicanos que vieram à América faziam uma declaração solene e profética dos Direitos Humanos aplicados aos Índios. A defesa destes não constitui uma característica primordial para Francisco de Vitória. Sua grandeza está na elaboração doutrinal dos Direitos Humanos, de seus fundamentos, dos critérios e modos de sua aplicação. Nesta perspectiva defendeu os índios e se opôs a que se fizesse guerra para submetê-los em vista de escravizá-los. Neste ponto foi exaltado por Las Casas, dado a importância e a estima que se dava ao Mestre Vitória na sua Universidade e no mundo universitário, ontem e hoje.


IHU On-Line - Que relações estabelece entre Bartolomeu de Las Casas, Francisco de Vitória e Suárez? O pensamento de Bartolomeu de Las Casas e de Vitória teve influência sobre o pensamento de Suárez? De que modo?

Frei Carlos Josaphat - Esses três teólogos são tidos como fundadores do Direito Internacional, que será laicizado e mais difundido no mundo secular por Hugo Grócio  (1583-1645).

Francisco de Vitória ensinava que a comunidade internacional deve ser composta por Estados soberanos, animados e estruturados pelo direito em todas as suas dimensões: pessoais, familiares, nacionais e internacionais.

A comunidade internacional deve, portanto, realizar e exprimir em leis e doutrinas a sociabilidade natural do ser humano. O que foi bem elaborado na Declaração dos Direitos Internacionais pela ONU só em 1948. Tendo na ONU e nessa Declaração a melhor expressão do que foi vislumbrado por Vitória e por Las Casas na aurora da modernidade, sem jamais ter se realizado plenamente.

Já no início do século XVII, surgiu a figura de Francisco de Suárez , teólogo jesuíta que retoma o projeto e as concepções de Vitória, condensado e prolongado, sobretudo, na grande obra de Suárez “Sobre as Leis e Deus Legislador”. Com Vitória, insiste sobre o dado fundamental: os países devem se afirmar e ser reconhecidos como Estados, realmente independentes e entre si solidários, constituindo uma sociedade internacional, dotada de um Direito que os regule e mantenha no respeito mútuo, numa fraternidade que reconheça as diferenças dos costumes e das tradições culturais.


IHU On-Line - Que releituras Frei Marie-Dominique Chenu faz da obra de Tomás de Aquino? Nesse sentido, como Chenu compreendeu o pensamento tomista e abordou as questões da modernidade a partir da teologia de Tomás de Aquino?

Frei Carlos Josaphat - Em um artigo do Dicionário do Concílio Vaticano II, mostrei como Chenu  publicou um livro em 1937 com o título “Uma escola de teologia”. Neste, ele explica o paradigma teológico que ele seguia e propunha na Faculdade de Teologia e Filosofia dos Dominicanos franceses. Era uma releitura histórica da tradição, especialmente de Tomás de Aquino, em vista de uma plena atualização da teologia em diálogo com a filosofia, as ciências e a cultura da modernidade. Trata-se de um paradigma teológico enraizado na Bíblia, na História da Igreja e da Civilização, o que será assumido com a sua autoridade suprema pelo Concílio Vaticano II.

O Padre Chenu dirigiu e orientou o meu trabalho, para a minha tese de Doutorado em Teologia, precisamente durante o Concílio Vaticano II. Segui o desenrolar do Concílio recebendo a orientação do grande Mestre e às vezes ajudando-o na busca de documentação para seu trabalho conciliar.


IHU On-Line - Qual era a proposta de Chenu para que o cristianismo fosse compreendido no século XX?

Frei Carlos Josaphat - A proposta desse grande Mestre e Apóstolo muito ativo era de uma revisão da tradição cristã e especialmente da influência exercida por Tomás de Aquino, visando salientar o que era positivo e mesmo essencial, nessa caminhada tradicional, prolongando em seguida esses valores com o mundo moderno no que ele tem de positivo e de negativo. Trata-se, portanto, de uma espécie de revolução cultural, espiritual, teológica e apostólica, o que será realizado a partir do Concílio e agora especialmente no pontificado do Papa Francisco.

Essa revolução na vida da Igreja, entendamos, na Igreja católica e nas diferentes igrejas cristãs, ia sendo inaugurada por movimentos espirituais, por comunidades de base e por uma extraordinária renovação da teologia, sobretudo na França, na Alemanha, na Bélgica e na Holanda. Assim a renovação da vida cristã e da teologia preparava a renovação carismática e total proposta pelo último Concílio.


IHU On-Line - O senhor tem informações se Chenu, ao participar de um seminário para a formação de padres operários na França, teve relação com esses padres operários? Em que consistia esse trabalho de formação dos padres operários?

Frei Carlos Josaphat - Sim. O Padre Chenu, desde o começo, até a supressão dos padres operários, sempre esteve em relação estreita, afetuosa e orientadora com os padres operários. Ele conversava com cada um e com o conjunto deles salientando com eles a contribuição positiva desse movimento sacerdotal, e ao mesmo tempo tornando-os atentos aos desafios e às dificuldades muito grandes mesmo que essa inovação tinha que enfrentar. Aliás, o Padre Chenu dava a mesma assistência a muitos movimentos de renovação no campo da liturgia, da teologia, da pastoral e da ação social. Poder-se-ia dizer que Chenu era uma espécie de orientador espiritual do que havia de mais profundo na renovação que o Concílio, na sua preparação, na sua celebração e na sua aplicação iria prosseguir.


IHU On-Line – Quais as contribuições e a influência de Edward Schillebeeckx para o Concílio Vaticano II?

Frei Carlos Josaphat - O Padre Dominicano Eduardo Schillebeeckx  (Bélgica 1914/2009) com Chenu, Congar , Lebret e alguns outros, forma uma equipe maravilhosa que colaborou com os Padres Conciliares enfrentando e esclarecendo as questões fundamentais tratadas por Vaticano II.

Schillebeeckx era o assessor da Conferência Nacional dos Bispos Belgas e Holandeses. Ele colaborou com os bispos na elaboração das grandes noções e posições do Concílio, tais como a noção profunda da Revelação Divina, da Igreja, da Comunhão dos fiéis, da Missão da Igreja, na Evangelização e na promoção social do mundo.

No dia 20 de julho, celebramos os cinquenta anos da morte do Padre Lebret, que propôs ao mundo a junção fundamental e urgente da “Economia e humanismo”. Secundado por uma imensa equipe de especialistas em todos os saberes técnicos e científicos traçou o plano de um urbanismo rigoroso e adaptado para cidade de São Paulo. Infelizmente não foi aplicado. Foi encomendado pelo Prefeito Vladimir Toledo Piza. Mas só foi entregue a seu sucessor, Ademar de Barros, em 1957, desaparecendo então sem deixar rasto.


IHU On-Line - Em recente conferência, Timoty Radcliffe  fez a seguinte piada: “Um dominicano e um jesuíta estavam conversando sobre qual era a maior ordem, a dos jesuítas ou a dos dominicanos. Sobre essa questão, o dominicano disse ao jesuíta: ‘Nossa ordem foi criada para combater os albigenses, e a dos jesuítas, para combater os protestantes’. E perguntou ao jesuíta: ‘Quando foi a última vez que você viu um albigense por aí?’” Como o senhor interpreta essa brincadeira?

Frei Carlos Josaphat - É deveras uma simples brincadeira. Os Superiores Gerais dos Jesuítas e dos Dominicanos conviveram e trabalharam juntos, em grande fraternidade, como verdadeiros pioneiros da reforma e da renovação da Igreja conciliar e pós-conciliar, apontando novos rumos para a humanidade, despertando até ressentimentos em certas autoridades apegadas aos limites do passado .


IHU On-Line - Como o senhor lê a presença da ordem dos dominicanos durante a Inquisição? De que modo os dominicanos participaram desse momento da história da Igreja?

Frei Carlos Josaphat - A Inquisição Romana foi fundada em 1234, portanto 12 anos após a morte de São Domingos. Mas já desde o tempo de São Domingos, os frades dominicanos tinham o que se chama um Teólogo do Papa e colaboram estreitamente com a Santa Sé no estudo e elucidação de grandes e graves problemas doutrinais e disciplinares.

Em uma parte, os dominicanos foram assumidos pelo Papa para serem Inquisidores. Eles em geral contribuíram para fazer da Inquisição um instrumento jurídico visando apreciar as responsabilidades dos acusados de hereges. Mas houve alguns exageros, sobretudo na Inquisição espanhola, fundada em 1478 pelos Reis Católicos, Isabel de Castela e Fernando de Aragão, e que foi muitíssimo influenciada pelos interesses econômicos e políticos e se tornou uma verdadeira catástrofe.

Figuras como Tomás de Torquemada  (Espanha 1420/1498) constituem uma triste sombra na história da Ordem de São Domingos. Infelizmente são os mais conhecidos e tidos como típicos desses tristes desvios.


IHU On-Line - Qual é o papel dos dominicanos no mundo hoje? Quais destaca como sendo as três grandes características da ordem?

Frei Carlos Josaphat - Neste ano estamos celebrando o Jubileu dos 800 anos da Ordem Dominicana e está sendo celebrado um Capítulo Geral para responder a esta questão de base: Como realizar essa presença e essa atividade no mundo, a serviço da Igreja, difundindo o Evangelho e contribuindo para modelos históricos de humanidade, inspirados pelos valores evangélicos, guiados pelos valores humanos, na diversidade dos países, das culturas e dos meios de comunicação modernos?

A Ordem Dominicana mantém Universidades em pontos importantes do mundo de hoje, por exemplo, em Roma, em Jerusalém, em Friburgo na Suíça (onde ensinei por 27 anos), em Bogotá, em Salamanca e em outros lugares marcantes. A Ordem conta com mais de 7 mil frades dominicanos e de 4 mil religiosas no mundo.

As características da Ordem são condensadas em alguns tantos lemas solenes como “Contemplação e Pregação”, “Contemplar e difundir a contemplação”, “Louvar, Bendizer e Pregar”, visando valorizar o estudo, como exigência de base para realizar todos os objetivos da Família Dominicana. Daí o lema sintetizado numa só palavra “Veritas”, a Verdade, significando a verdade divina e a verdade em todos os campos do conhecimento e das atividades humanas. Isto significa praticamente buscar uma verdadeira competência em todos os trabalhos de apostolado, de ensino e de ação social e cultural no mundo.


IHU On-Line - Nesta semana, o papa Francisco fez um discurso aos Frades Dominicanos. Como o senhor recebeu a mensagem do papa? Poderia comentar rapidamente o discurso feito por ele? 

Frei Carlos Josaphat - Saborosa surpresa do Papa Francisco. Ao terminar esse nosso diálogo, somos surpreendidos pela mensagem sucinta, graciosa e profunda do Papa Francisco, dirigida neste dia quatro, ao Capítulo Geral dos Frades Dominicanos.

Começa risonho em seu humor costumeiro: “Hoje poderíamos descrever este dia como 'Um jesuíta entre frades'. De manhã estou com vocês. E à tarde, em Assis, estarei com os franciscanos”.

E prossegue salientando dados e datas: “Este ano tem um significado especial para vossa família religiosa, pois se cumprem oito séculos desde que o papa Honório III confirmou a Ordem dos Pregadores. Por ocasião do Jubileu que celebram por este motivo, me uno a vocês em ação de graças pelos abundantes dons recebidos durante este tempo. Ademais, quero expressar minha gratidão à Ordem pela sua significativa contribuição à Igreja e por essa colaboração que, com espírito de serviço, desde sua origem até o dia de hoje, tem mantido com a Sé Apostólica”.

E pormenoriza especificando as características dos Frades Dominicanos: "este oitavo centenário nos leva a fazer memória de homens e mulheres de fé e de letras, de contemplativos e missionários, mártires e apóstolos da caridade, que tem levado o carinho e a ternura de Deus por toda parte, enriquecendo a Igreja e mostrando novas possibilidades de encarnar o Evangelho pela pregação, pelo testemunho e pela caridade: três pilares que garantem o futuro da Ordem, mantendo o frescor do carisma fundador".

O Papa se compraz em descrever o carisma singular: “Pois, Deus impeliu são Domingos a fundar uma 'Ordem de Predicadores', sendo a pregação a missão que Jesus confiou aos Apóstolos. É a Palavra de Deus que incendeia por dentro e impele a sair para anunciar a Jesus Cristo a todos os povos (cf. Mt 28, 19-20). O Pai Fundador insistia: 'Primeiro contemplar e depois ensinar'. Evangelizados por Deus, para evangelizar. Sem uma forte união pessoal com Ele, a pregação poderá ser mui perfeita, mui arrazoada, até mesmo admirável, mas não toca o coração, que é o que deve mudar. É também imprescindível o estudo sério e assíduo das matérias teológicas, como tudo o que permite aproximar-nos da realidade e colar o ouvido ao povo de Deus. O pregador é um contemplativo da Palavra e também o é do povo, que espera ser compreendido (cf. Evangelii gaudium, 154).”

Após bem esclarecer essa pregação dominicana pelas qualidades da Palavra evangélica, o Papa Francisco conclui, voltando com vigor ao essencial: “Por último, o pregador e a testemunha devem fundar-se na caridade. Sem esta, estarão expostos a discussões e suspeitas. São Domingos lançou um lema no início de sua vida, o qual marcou toda a sua existência: 'Como posso estudar em peles mortas (seus livros), quando a carne de Cristo sofre'. É o corpo de Cristo vivo e sofredor, que grita ao pregador e não o deixa tranquilo. O grito dos pobres e dos marginalizados desperta e faz compreender a compaixão que Jesus tinha pelo povo (Mt 15, 32).”

Como toda palavra que nos vem do Papa Francisco, essa Alocução merece ser lida e saboreada por inteiro. Resignemo-nos a citar sua conclusão:

“Queridos irmãos e irmãs, com um coração agradecido pelos bens recebidos do Senhor para vossa Ordem e para a Igreja, eu vos animo a seguir com alegria o carisma inspirado a São Domingos e que tem sido vivido com diversos matizes por tantos santos e santas da família dominicana. Seu exemplo nos impele a enfrentar o futuro com esperança, sabendo que Deus sempre renova tudo… e não falha. Que Nossa Mãe, a Virgem do Rosário, interceda por vocês e os proteja, para que sejam valorosos pregadores e testemunhas do amor de Deus.”


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Frei Carlos Josaphat - As respostas que demos sumariamente a estas questões podem ser aprofundadas pelos diferentes escritos meus, sobre a teologia, a eclesiologia, especialmente sobre a atividade apostólica e social que a Igreja deve exercer no mundo. Merecem destaque as publicações sobre Las Casas, bem como a edição de suas Obras em português. A isso se ajuntam os estudos e pesquisas em torno de Tomás de Aquino. A saber:

Lançamento na Bienal do Livro de São Paulo, em 27.08.2016: Tomás de Aquino e Paulo Freire. Pioneiros da Inteligência, mestres geniais da educação nas viradas da história. EDT/Paulus, São Paulo, 2016.

Vaticano II – Ver Verbetes em Dicionário do Concílio Vaticano II. PASSOS, João Décio, e SOARES, Afonso. Paulinas/Paulus – São Paulo, 2015.

Vaticano II: A Igreja aposta no Amor Universal. Paulinas. São Paulo. 2013.

Uma reforma evangélica na plena fidelidade criativa ao Vaticano II. In Francisco renasce a esperança. PASSOS, João Décio, e SOARES, Afonso. Paulinas, São Paulo. 2013.

Paradigma teológico de Tomás de Aquino. São Paulo: Paulus/EDT, 2012.

Ética Mundial, esperança da humanidade globalizada. Petrópolis: Vozes, 2010.

Frei Bartolomeu de Las Casas, Espiritualidade contemplativa e militante. São Paulo: Paulinas, 2008.

Este livro, além de ser uma introdução à vasta obra lascasiana, sublinha o sentido e o alcance da espiritualidade de Las Casas.

 

Leia mais...

- A atualidade “incandescente” do Reino de Deus e do Reino dos Fins. Entrevista especial com Frei Carlos Josaphat, publicada no site do IHU em 04-05-2013.

-Pacem in Terris”. Os 50 anos de uma encíclica e a dimensão social do Evangelho. Entrevista especial com Frei Carlos Josaphat, publicada no site do IHU em 24-04-2013.

- O salto qualitativo de João XXIII: uma síntese da ética social, Entrevista especial com Frei Carlos Josaphat, publicada na revista IHU On-Line, nº 360, de 09-05-2011.

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