Edição 488 | 04 Julho 2016

A memória do Ser em plena civilização científico-tecnológica. ‘Antropologia Filosófica’ de H.C. de Lima Vaz, 25 anos depois

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Redação

Há 25 anos, Henrique Cláudio de Lima Vaz publicava o primeiro volume da sua obra Antropologia Filosófica. O segundo volume foi publicado no ano seguinte, ou seja, em 1992. Segundo um dos pesquisadores entrevistados, “contrariamente ao modo de fazer Filosofia consagrado no Brasil, caracterizado por um conhecimento verticalizado de um determinado autor, Lima Vaz desenvolveu um pensamento filosófico com abrangência sistêmica”. Para a revista IHU On-Line, “a celebração dos 25 anos de publicação da sua Antropologia Filosófica serve para fazer a memória desse insigne cristão e democrata que amava profundamente o Brasil”.

A cultura contemporânea, resultante da transformação da razão greco-cristã em cálculo raciocinante e que engendra o mito da práxis absoluta na Modernidade tardia, “mostra-se avessa a experimentar os dilemas metafísicos fundamentais — o ser e o nada, o uno e o múltiplo, o ser e o poder-ser, o ser e o dever-ser, o ser e o devir — como dilemas existenciais que acompanham nosso modo de ser-no-mundo-com-os-outros na mediação da linguagem e abertos à plenitude de inteligibilidade do próton noetón”, argumenta Marcelo Fernandes de Aquino, jesuíta, professor e pesquisador do PPG em Filosofia e reitor da Unisinos. Segundo ele “a Antropologia Filosófica vaziana se eleva à Metafísica”.

Para Carlos Drawin, docente da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, pode-se falar em uma intersecção entre metafísica e ética em seus escritos. A Antropologia Filosófica expressa essa condensação.

Um mergulho na natureza humana pelo reconhecimento do Outro é a perspectiva abordada por Cláudia Maria Rocha de Oliveira, professora e pesquisadora na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia - Faje, em Belo Horizonte. Ela destaca que, para Vaz, o humano se constitui como ser a partir do reconhecimento de si mesmo, que se dá através da relação com o Outro e do transcendente.

Delmar Cardoso, diretor do Departamento de Filosofia e Coordenador da Pós-Graduação em Filosofia da Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia – Faje, reporta-se a um pensamento conjugado com a ação a partir do legado vaziano. Ele acredita que o maior desafio de um filósofo é articular o pensamento teórico com a ação concreta de refletir sobre o seu tempo. Para ele, essa foi sempre a busca de Vaz.

"Uma Antropologia Filosófica para compreender o “nosso tempo”. Assim o filósofo Marcelo Perine, docente na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP, analisa o legado da obra filosófica de Lima Vaz.

Para a filósofa Marly Carvalho Soares, da Universidade Estadual do Ceará – UECE, é preciso reconhecer a importância da obra de Lima Vaz no seu exercício de apresentar a complexidade dos saberes para o que ela entende como uma Antropologia Integral.

Por ocasião do Ano Jubilar da Misericórdia, instituída pelo papa Francisco, publicamos a reflexão que o filósofo Roberto Romano, professor na Universidade Estadual de Campinas – Unicamp tece na entrevista “Justiça e misericórdia: ‘O imperativo categórico kantiano serviu como guilhotina intelectual para cortar o divino misericordioso’".

Também podem ser lidas as entrevistas com Ivone Benedetti, autora do livro Cabo de Guerra (São Paulo: Boitempo, 2016) e com Ricardo Rabenschlag, graduado, mestre e doutor em Filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, acerca das tensões entre ciência e religião.

Por sua vez, Diego Pautasso e Bruno Lima Rocha, professores de Relações Internacionais da UNISINOS, analisam o Brexit, observando o que emerge, nos âmbitos políticos, econômicos e sociais, a partir do resultado do recente plebiscito realizado na Grã-Bretanha.

A todas e a todos uma boa leitura e uma excelente semana!

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