Edição 478 | 30 Novembro 2015

A recusa do outro

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João Vitor Santos

Sydney Possuelo entende que a questão de fundo no histórico genocídio de índios brasileiros é uma só: a não aceitação de culturas e formas de vida que se distinguem das que conhecemos

Tentar entender a relação entre índios e não índios requer um exercício intenso de alteridade. O indigenista Sydney Possuelo entende que primeiro é preciso reconhecer que a sociedade ocidental historicamente não aceita aquilo que difere da sua forma de vida. “Você só respeita aquilo que entende, compreende e aceita. Quando não aceita, não respeita”, destaca. “Em alguns casos, na nossa sociedade, respeitamos o diferente ou o outro porque podemos ser procurados pela polícia ou ser processados. Não é pelo entendimento que nasce da compreensão, de saber lidar com o diferente”, completa. Assim, a figura dos índios passa a ser tomada como estranha, que entrava a lógica que conhecemos. Reverter essa perspectiva é buscar essa alteridade, e, recuperando Orlando Villas Boas, Possuelo pontua: “índio e não índio são humanidades diferentes”.

Na entrevista, concedia por telefone à IHU On-Line, o indigenista ainda faz uma aproximação com a política de Estado, em especial do Brasil, sobre os povos originários. Destaca, por exemplo, que é sempre uma política “de branco” para índios, e não exercícios de escuta e compreensão das necessidades das comunidades, já que muitas precisam apenas permanecer isoladas. Sobre a possibilidade de reconciliação com etnias originárias, enfatiza: “é possível, mas para haver essa harmonia nós teríamos de ter, dentro da organização do Estado do Brasil, homens com escopo totalmente diferente desses que habitam e vivem em função dos cofres públicos, e ter uma cultura de respeito ao outro, às leis”. Para ele, o resultado não seria uma recusa da forma de vida contemporânea do não índio, como se voltasse no tempo. “Poderíamos ser mais conscientes e solidários não só entre nós, mas também com aquele que é diferente de nós.”

Sydney Ferreira Possuelo iniciou sua formação em São Paulo, aos 17 anos, trabalhando com os sertanistas brasileiros Cláudio e Orlando Villas Boas. Foi nomeado presidente da Funai em 1991, onde trabalhou até 2006. Voltou sua gestão para a demarcação de terras, sobretudo dos Yanomâmi, e estabeleceu forte diálogo entre o governo e organizações não governamentais. Por mais de 40 anos, dedicou-se à causa dos povos indígenas isolados na Amazônia. Possuelo ainda continua os seus esforços na defesa de tribos isoladas através da ONG Instituto Indigenista Interamericano. Ele é também protagonista do livro The Unconquered: In Search of the Amazon's Last Uncontacted Tribes (publicado em português em 2013, pela editora Objetiva, com o título Além da Conquista), do jornalista Scott Wallace, colaborador da National Geographic. O livro é um relato da expedição de 76 dias, realizada em 2002, sob a liderança do sertanista brasileiro, com a finalidade de mapear os locais por onde a tribo isolada dos "flecheiros" transitava, nas terras demarcadas do Vale do Javari.

Confira a entrevista.

IHU On-Line - Como compreender as disputas entre índios e não índios? Por que há tanta resistência às diferenças culturais dos povos nativos?

Sydney Ferreira Possuelo - O que está por trás de tudo é o bolso, a mais valia, é a economia e dinheiro no bolso. As pessoas, o Estado, os grupos, os bancos não entendem absolutamente nada com relação ao índio ou qualquer outro grupo que ameace ou seja obstáculo para a concretização de seus desejos de expansão e de ganhar e vender mais. Não vejo como dificuldade de entender as culturas de povos originais. Na verdade, não entendem porque não querem. No fundo, o que está em jogo é a ganância exacerbada de todos nós, do mundo branco e sua mais valia, lutando contra grupos que não têm dinheiro, não têm escrita, etc.

As forças são de uma disparidade incrível, é Golias e Davi . Só que o nosso Davi não tem nem bodoque. Se ampliar e demarcar terras indígenas não fosse visto como uma ameaça à expansão do agronegócio, ninguém estaria se importando. O conflito se dá na medida em que restringe a ação desenfreada dessa loucura de plantar em qualquer lugar para exportar tudo. E o índio, como a parte mais fraca, fica pendurado na corda.

IHU On-Line - Então, a maior ameaça ao índio hoje é a expansão agrícola?

Sydney Ferreira Possuelo - A agricultura é uma das ameaças. Mas tem ainda a visão política que está por trás disso, os interesses partidários, a construção de estradas, em que o Estado quer interligar A com B, e, claro, o agronegócio e as grandes propriedades de terras. Há vários interesses que de alguma forma incidem diretamente na vida dos povos indígenas. 

Quando os interesses divergentes são dentro da mesma etnia (ocidental), se vai à Justiça, são feitos estudos e muito mais. Quando é de uma maioria, de um país, contra povos indígenas, simplesmente se deixa de reconhecer o direito desses povos. Os índios sofrem muito mais, porque seus direitos não são reconhecidos e são deixados de lado. Veja o exemplo de Mato Grosso do Sul, com os problemas eternos que existem ali ; mas essa realidade, esse conflito entre índio e não índio, é espalhada no Brasil inteiro. O índio vive lá na sua terra, não ameaça em nada, não vem aqui nos ameaçar. Nós é que tomamos deles a possibilidade de sobreviver no seu meio ambiente.

Dentro da Funai , há processos que levam até 15 ou 20 anos para sair alguma decisão sobre a terra. Há terras demarcadas em Mato Grosso do Sul, e em outros lugares do Brasil, em que os índios foram postos para fora por fazendeiros. Acabam vivendo miseravelmente no entorno, enquanto os invasores estão lá, usando a terra. E não há uma força nacional e política que veja isso com bons olhos e trabalhe para que o índio restabeleça a sua terra. É falta de bom senso, de equidade, de Justiça. Os índios são postos para fora e morrem fora de suas terras.

IHU On-Line - Como avalia a política indigenista brasileira, especificamente nesses últimos anos de um governo dito de esquerda?

Sydney Ferreira Possuelo - De modo geral, o que se vê ao longo da história recente, não só no Brasil, mas em todos os países da América Latina e pelo mundo afora, é que os Estados não gostam dos povos indígenas. Em qualquer lugar que se vá, é possível perceber que os Estados sempre maltrataram os índios. Depois, tentaram consertar alguma coisa por pressões que vieram de várias partes, mas se mantém essa ideia de que os índios são um atraso para o desenvolvimento, um obstáculo para agricultura e por aí afora.

Quando eu era jovem, tinha tendências de esquerda, embora nunca fosse filiado a nada. Lembro, por exemplo, que a informação que tínhamos da União Soviética, naquele período, era de que os problemas das minorias étnicas que existiam dentro daquele país já tinham sido resolvidos; de que as esquerdas, com a profundidade de seus pensamentos e posição conciliadora, tinham conseguido resolver todos os problemas. Mais tarde, porém, fomos vendo que nada disso era verdade. Também tive a oportunidade de conversar com grandes líderes nacionais de esquerda, como Arraes , Brizola , e senti que eles tinham uma dificuldade muito grande em falar sobre etnia. Não falavam sobre etnias, sobre o negro ou o índio, falavam sobre o camponês e o operário, que são os que votam. Assim, conversar com esses líderes foi uma verdadeira lástima, pois pensei que teria a possibilidade de ampliar o conhecimento, mas não foi nada disso. Então, com raríssimas exceções, as esquerdas têm dificuldades porque são analfabetas em termos de povos indígenas.

Aqui no Brasil, realmente, os governos não gostam dos povos indígenas. Mas, essencialmente, a derrocada veio com o PT. A situação dos povos indígenas agravou-se muito mais, porque, ao mesmo tempo em que o governo se mostrava renitente conforme os governos anteriores, ainda uniu força muito grande com o agronegócio. Assim, acelerou-se o desmatamento, o que ajudou a criar os problemas ambientais que estamos vivendo, em nome, basicamente, dessa monocultura de soja. É nisso que o Brasil está empenhado, e essa visão econômica e política é extremamente nefasta aos povos indígenas.

IHU On-Line - Como analisa o trabalho da Funai desde a sua concepção até os dias de hoje? Quais os desafios de hoje se compararmos ao período dos irmãos Villas Boas ?

Sydney Ferreira Possuelo - Os desafios e o conflito são os mesmos: a questão fundiária, a saúde, a escolaridade, a falta de espaço dentro da sociedade. Com relação à Funai, é preciso que se diga que ela não é um órgão indígena, e sim um órgão de branco para, teoricamente, defender os índios. Ela fez coisas interessantes em algum momento, mas, depois, à medida que a cabeça da Funai e do próprio governo foram mudando, a situação foi piorando. E, claro, sempre piora para os índios.

O processo de desmonte da Funai começou há alguns anos. Há mais de 20 anos venho falando que o Estado Brasileiro tem um projeto de longo prazo para destruir a Funai. Não quer extingui-la, porque isso traria problemas, então ela vai sendo vagarosamente desmontada. O que é hoje a Funai? Absolutamente nada, não tem dinheiro para nada. Ela teve papel importante, assim como o antigo SPI  teve seus momentos de acerto. A Funai foi muito importante no momento das demarcações do Governo Collor , das quais eu participei. Mas as coisas são perenes, não há continuidade. E esse foi um momento excepcional, isso não é o normal e nem eu, que estava ali dentro, sei dizer ao certo o que houve para que o número de áreas de demarcação (muitas ainda com processos iniciados em 1910) dobrasse.

IHU On-Line - Gostaria que o senhor recuperasse mais as demarcações desse período, como a Yanomâmi . E de que forma essa experiência pode ajudar a se pensar num caminho para frear os conflitos, o genocídio que se vive, por exemplo, em Mato Grosso do Sul?

Sydney Ferreira Possuelo – São coisas diferentes, começando pelo tempo de cada um. O tempo da demarcação Yanomami  é agora, atual. Os processos de Mato Grosso do Sul são de decênios. Essa diferença temporal já é significativa porque as cabeças mudam, as legislações mudam, a política muda e geram essas consequências. De modo geral, também raramente encontramos magistrados com um olhar de Justiça para com os povos indígenas. Eles entendem mais que é preciso desmatar, plantar, que precisamos de emprego, de hidrelétrica, que podemos abrir e desfazer estradas, e por aí vai. Está mais dentro da nossa visão de mundo, do dito “homem civilizado”, do que da visão dos povos indígenas, que não acumulam bens, que nada interessa a não ser a vida cotidiana e o bem-estar de todos. 

Índios produzem homens melhores do que nós porque não vivenciam uma série de problemas em decorrência do acúmulo financeiro. O que não quer dizer que não haja problemas nas sociedades indígenas, há outros. Onde há humanos, há problemas. Mas, não tendo dinheiro no centro de tudo, já alivia a situação.

IHU On-Line - Como imagina que se possa fazer aproximação entre a cosmovisão da sociedade ocidental e das sociedades indígenas com o objetivo de respeitar os povos originários?

Sydney Ferreira Possuelo – Você só respeita aquilo que entende, compreende e aceita. Quando não aceita, não respeita. Em alguns casos, na nossa sociedade, respeitamos o diferente ou o outro porque podemos ser procurados pela polícia ou ser processados. Não é pelo entendimento que nasce da compreensão, de saber lidar com o diferente. É como dizia Orlando , índio e não índio são humanidades diferentes. Não são somente seres humanos que estão em momento ou estágios diferentes, mas uma diferença tão profunda que é impossível se aproximar.

Ontem, escutava rádio e o rapaz falava da ação do Congresso Nacional que, dizendo entender essa questão dos índios, está trazendo para si a tarefa de demarcar as terras. Esse é o tiro final nos povos indígenas. No Congresso dificilmente você vai encontrar um sentimento solidário para com os povos indígenas. E quando encontra, com esse pessoal mais ligado à ecologia e defesa ambiental, ao invés de tomar posição, eles ficam neutros ou desaparecem. Raramente encontramos aquela firmeza na defesa dos povos indígenas. Todos os poderes, de modo geral, estão voltados para nossa própria forma de vida. Então, nem Executivo, Legislativo ou Judiciário tem habilidade para lidar com a questão. Os povos indígenas sofrem na mão do Estado, na mão desses três poderes; hoje e ontem, sempre foi assim. Mas, voltando: se a demarcação passar para o Legislativo, vão começar a diminuir as terras, a não demarcar mais, e não tem ninguém que os defenda lá dentro.

IHU On-Line - Existe um caminho para fazer essas duas humanidades, índios e não índios, viverem em uma harmonia possível?

Sydney Ferreira Possuelo – Alguns países, depois de muito sofrimento de povos indígenas, conseguiram uma melhora, um entendimento melhor. Alguns povos vivem, dentro da Nova Zelândia, por exemplo, numa ordem que aqui é inimaginável. Outro exemplo são os Inuítes , no Polo Norte, no Noroeste do Canadá, que tiveram de volta 2 milhões de quilômetros quadrados com uma área muito rica em minerais. Mas, infelizmente, são casos pontuais. Essa relação com os povos originários, na maioria dos lugares, foi e é perversa.

Conhecemos e admiramos, por exemplo, a organização dos ingleses em diversos aspectos, projeção de valores e tudo mais, mas eles são também terríveis. A colonização inglesa fez o que fez na África, na América do Sul, na Índia. E o curioso é que no exemplo dos Inuítes, no Canadá, país de origem inglesa, eles superaram isso, e apesar de terem sido terríveis na colonização, foram os que deram passos mais rápidos com relação aos povos originários. Estamos muito atrás no que se refere à organização e ao respeito que existe entre, por exemplo, os Maori  e o governo da Nova Zelândia. Mas esses dois povos são muito pequenos, diante dos 300 milhões de indivíduos de povos indígenas e sociedades diferenciadas espalhadas pelo mundo.

Eu recordo esses exemplos para mostrar que estão aí e que aconteceram. Pergunto: é possível haver uma harmonia? É possível, mas para haver essa harmonia nós teríamos de ter, dentro da organização do Estado do Brasil — nos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário —, homens com escopo totalmente diferente desses que habitam e vivem em função dos cofres públicos, e ter uma cultura de respeito ao outro, às leis. Infelizmente, hoje, não temos nada disso, somos algo muito feio ainda, muito primitivo. Não são os índios os primitivos, somos nós.

IHU On-Line - O que o Brasil aprendeu sobre os índios a partir das incursões dos irmãos Villas Boas? Qual a contribuição deles e de seu grupo para a aproximação dessas duas humanidades tão distintas?

Sydney Ferreira Possuelo – O trabalho de Orlando e Cláudio  tem uma importância muito grande, mas foi específico dentro de uma área. A ação política deles se deu no Brasil central, onde havia condições especiais. As tribos que já estavam ali tinham contato entre si há uns 300 anos, constituindo uma organização diferente. Os Villas Boas tiveram a sensibilidade de olhar e perceber isso tudo de uma forma diferente e criaram assim o primeiro parque, que não é a primeira terra indígena, mas sim o primeiro parque nacional, chamado Parque Indígena do Xingu , o que foi um avanço.

Orlando implementou uma política que ele sustentou enquanto pôde e enquanto o Xingu se manteve bastante isolado, pois era preciso navegar muitos dias até chegar ali. Já por volta de 1940, chega o Correio Aéreo Nacional e se vai abrindo caminho com a Expedição Brasil Central . Começa a se concluir a conquista daquela região através da construção de estradas. À medida que foram abrindo estradas, surgiram mais possibilidades de navegação e mesmo novos aeroportos. Assim, a união que era mantida por Orlando ao redor da área do Parque foi sendo perdida. Antes disso, não entrava qualquer um no Parque Xingu. Mesmo os estudiosos tinham de apresentar os seus planos e os índios tinham de concordar. Não era aberto para que qualquer um chegasse e fizesse o que quisesse, até que houve esse “progresso” e o mundo chegou com mais força ao Xingu.

Tempo moderno e povos isolados

Uma vez que esses povos indígenas são contatados, não há mais retorno, e o tempo moderno vai chegando com mais força a esses povos. Antigamente, os povos que viviam isolados sofriam com aquela ideia que se tinha da necessidade de se fazer contato, ao espírito do Projeto Rondon . Com trabalho, em 1986 e 1987, conseguimos mudar essa política nacional para que o Estado não mais promovesse o contato com os povos indígenas, mas sim os respeitassem e os deixassem viver dentro de suas terras tradicionais. Terras essas que seriam demarcadas e com as quais não se teria mais contato.

Esses povos nunca precisaram de nós, e se os deixássemos tranquilos eles viveriam bem, em paz. Mas estão sofrendo cada vez mais por estarem apertados pelo cinturão de civilização que vai se aproximando perigosamente dessas áreas isoladas. O Estado deve delimitar o território deles para permitir que eles possam viver dentro de seus valores tradicionais. Aliás, a delimitação é para nós. É para que o branco, em suas andanças, encontre um limite para que paralise ali a euforia de mudar o mundo, construir barragens e fazer tantas coisas que destroem o meio ambiente de forma irresponsável. Não é que não se deva fazer nada, promover o desenvolvimento, mas se deve fazer pensando na responsabilidade com o planeta. E hoje ainda mais, pois o mundo está sendo globalizado e o sentimento de pátria passa a ser planetário. Não adianta tirar a fábrica que polui daqui e colocar lá no Sri Lanka.

IHU On-Line - O que podemos apreender com os povos indígenas para a nossa forma de vida ocidentalizada?

Sydney Ferreira Possuelo – Os valores deles são básicos e muito específicos dessa ou daquela etnia, numa concentração humana muito pequena, vivendo isoladamente e em grande distância da nossa sociedade. São valores tão diametralmente opostos aos nossos que é difícil comparar. Mas o que se apreende com eles é que essa sociedade indígena produz homens que possuem uma tranquilidade muito grande, diferente de nós. Você vê isso nas comunidades indígenas, pois eles não berram, não gritam, porque não precisam fazer isso. Aqui temos o barulho de nosso ambiente, nossas fábricas, cidades, carros e muito mais ruídos, o que nos faz berrar constantemente, em celulares ou conversando um com outro. Além disso, eles têm apego à família, amor aos filhos; pai, mãe, são todos muitos próximos, de forma suave e bonita como um elemento de família. Como aqui falamos que o berço da sociedade é a família, lá o berço também é a família, mas com muito mais amor e laço, de uma forma mais intensa do que a gente possa imaginar.

Não ter a mais valia — ocidental — não significa que eles sejam, como seres humanos, melhores. Somos idênticos, mas a constância de viver nessas comunidades, nesse isolamento, de tirar o seu sustento de suas próprias forças, faz deles seres com uma capacidade incrível de sorrir. Falo isso pensando nos povos isolados ou ainda nos primeiros contatos com nossa sociedade, pois depois tudo passou a ser contaminado pela mais valia do homem branco. Afinal, somos as mesmas matérias vivendo em posições diferentes. Se não fosse nossa vaidade e empáfia, se fôssemos mais simples e respeitosos, poderíamos não só viver em harmonia, mas também aprender muito com eles, sobretudo com relação à natureza. Com certeza, seríamos povos melhores; o mundo não mudaria tanto assim, não poderíamos voltar às cavernas, vivendo todos nus — não é assim que as coisas caminham —, mas poderíamos ser mais conscientes e solidários não apenas entre nós, mas também com aquele que é diferente de nós. ■

 

Leia mais...

- Índio e “homem branco”: duas humanidades diferentes que se encontraram em determinado tempo e espaço. Entrevista com Sydney Possuelo, publicada na revista IHU On-Line, número 257, de 05-05-2008.

- Um povo sacrificado em nome do progresso. Entrevista com Sydney Possuelo, publicada nas Notícias do Dia, de 31-10-2008, no sítio do Instituto Humanitas Unisinos – IHU.

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