Edição 478 | 30 Novembro 2015

O genocídio dos povos indígenas. A luta contra a invisibilidade, a indiferença e o aniquilamento

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Redação

Em pleno século XXI, mais do que nunca o genocídio dos povos indígenas está em curso. A revista IHU On-Line desta semana, ecoando as informações, entrevistas e reportagens publicadas cotidianamente na página eletrônica do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, que reportam a sistemática dizimação dos povos indígenas, especialmente mais intensa no tempo presente, debate o tema com militantes da causa indígena, pesquisadores e pesquisadoras do País e também do exterior.
Foto da Capa: Laila Menezes, Cimi

Elena Guimarães, do Núcleo de Biblioteca e Arquivo do Museu do Índio/Fundação Nacional do Índio – Funai, analisa a maneira pela qual a racionalidade ocidental se transformou em um dispositivo de extermínio físico e cultural dos indígenas.

Lucia Helena Rangel, do Departamento de Antropologia da Faculdade de Ciências Sociais e do Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais da PUC-SP, observa que a falta de respeito com povos originários cultivada historicamente no Brasil culmina na solidificação de uma classe política inábil para tratar do indígena.

Oiara Bonilla, professora de Etnologia indígena no Departamento de Antropologia do Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, entende que a política indigenista brasileira é inábil não só por se apoiar no modelo desenvolvimentista, mas também por tomar essa como uma única forma política e econômica para manter um país.

O antropólogo e professor da Universidade Federal de Mato Grosso Aloir Pacini analisa a atuação do Estado Democrático de Direito brasileiro e assevera que o poder de Estado sempre esteve na mão do interesse privado e sua fúria desenvolvimentista.

Egon Heck, do secretariado nacional do Conselho Indigenista Missionário – Cimi, discute a relação entre o índio e o não índio, estabelecida desde o começo como expropriação, destituindo diferentes concepções de mundo. Tal relação, segundo ele, é hoje atualizada no genocídio.

O coordenador do Conselho Indigenista Missionário – Cimi-Sul, Roberto Liebgot, também aborda o caráter histórico. Observa os processos de violação dos direitos dos índios, dizimação da cultura indígena e sua relação com a realidade de hoje no sul do Brasil.

Egydio Schwade, veterano militante da causa indígena, atesta que nunca houve um interesse efetivo em incluir os povos indígenas na construção das leis que regem o país.

Raphaela Lopes, advogada que atua na organização Justiça Global, analisa que o Estado brasileiro tem condições de cessar o genocídio. Entretanto, opta por uma política que trucida povos originários.

A procuradora federal Thais Santi analisa a questão indígena desde a perspectiva da construção da usina hidrelétrica de Belo Monte. Para ela, a obra é a atualização do processo colonialista de destruição de povos e formas de vida locais.

Para o pesquisador e antropólogo argentino Guillermo Wilde, toda a questão se resume a um ponto: o desconhecimento sobre as lógicas indígenas. Ele reflete sobre os desafios de se conhecer e aceitar outras formas de vida.

O indigenista Sydney Possuelo também segue a mesma linha. Para ele, o genocídio de hoje tem origem na não aceitação de outras formas de vida e sua relação com a terra.

O inglês Chris Chapman, pesquisador da área dos direitos das populações indígenas da Anistia Internacional, afirma que o Brasil e todos os sistemas políticos do mundo sempre agiram de forma conflituosa com os povos originários.

Também podem ser lidas as entrevistas com Noeli Rossatto, coordenador e professor do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, e com Clemir Fernandes, pesquisador do Instituto de Estudos da Religião – ISER.

Noeli Rossatto analisa a obra de a obra de Joaquim de Fiori, mais precisamente a relação do franciscanismo com o joaquimismo, ou seja, da reformulação da relação entre a vida e a regra franciscana. Clemir Fernandes discorre sobre a assistência religiosa nos presídios brasileiros.

Por fim, Diego Pautasso, professor de relações internacionais da Unisinos, reflete sobre a  realidade chinesa do fim da política do filho único e seus novos desafios para o desenvolvimento e Bruno Lima Rocha, cientista político, analisa as recentes eleições presidenciais na Argentina.

A todas e a todos uma boa leitura e uma ótima semana!

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