Edição 472 | 14 Setembro 2015

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Redação

A IHU On-Line apresenta seis notícias publicadas no sítio do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, entre os dias 07-09-2015 e 1-09-2015, relacionadas a assuntos que tiveram repercussão ao longo da semana

“O problema do Brasil hoje é que não se sabe para onde estamos indo”, constata assessor da Presidência

O assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, foi surpreendido em Washington pelo novo revés da presidenta Dilma Rousseff: o rebaixamento da nota de crédito do Brasil pela Standard & Poor’s. Garcia está na capital dos Estados Unidos defendendo exatamente a solvência de seu país diante das dúvidas pela crise econômica e os escândalos de corrupção que afetam o gigante brasileiro. Segundo o assessor, que participou da XIX Conferência Anual da CAF (Banco de Desenvolvimento da América Latina) sobre os principais desafios da América Latina, o PT precisa “refletir” sobre alguns “erros” cometidos e apurar “responsabilidades”. Mas afirma que o partido está sendo vítima de uma campanha “criminalizadora” que não condiz com a realidade.

A entrevista é de Silvia Ayuso, publicada por El País, 10-09-2015.

O PT deve fazer um mea culpa pelos casos de corrupção que estão sendo revelados?

Não, o mea culpa é feito pelas entidades religiosas, e nós não somos uma. Isso que as pessoas muitas vezes dizem, que o partido está acabando, não é verdade. O partido tem uma capilaridade social extraordinária. E os erros que possa ter cometido, alguns deles graves, e inclusive as responsabilidades de alguns de seus dirigentes não vão comprometer isso.

 

"Esta encíclica aponta para uma nova civilização"

Nascido em 1921, o francês Edgar Morin elaborou, sobretudo em torno da noção de 'complexidade' e todos os seus corolários também ecológicos, uma reflexão filosófica e sociológica transdisciplinar considerada por muitos como entre as mais fecundas das últimas décadas. Os seus numerosos ensaios, como os seis volumes da obra O Método, foram traduzidos para mais de trinta línguas. Em uma entrevista concedida a Antoine Peillon e Isabelle De Gaulmyn, publicada por La Croix e reproduzida pelo sítio do IHU, ele destaca que “Numa era do pensamento fragmentado onde os assim denominados partidos ambientalistas não compreendem a amplidão e a complexidade do problema, perdendo de vista a pertinência daquilo que o Papa Francisco chama "a casa comum", uma expressão já empregada por Gorbachov”.

 

Rebaixamento é resultado do desajuste do ajuste’, afirma Belluzzo

O ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda Luiz Gonzaga Belluzzo diz que houve um erro na condução da política econômica. Na avaliação dele, um dos motivos que levou o Brasil a perder o grau de investimento foi a crença do governo federal de que o ajuste fiscal traria de volta a confiança do setor privado.

A entrevista é de Luiz Guilherme Gerbelli, publicada no jornal O Estado de S. Paulo, 10-09-2015.

Como o senhor avalia a decisão tomada pela S&P?

Exatamente a tentativa de impedir o rebaixamento acabou determinando a decisão da S&P. Na verdade, a situação fiscal piorou depois do ajuste fiscal. A política monetária está contradizendo a tentativa de ajustar as contas porque piorou a relação da dívida/PIB. O déficit nominal também está piorando. Eu, na verdade, tenho muitas restrições em como as agências de risco se comportaram durante a crise (internacional). Elas se portaram muito mal. Cometeram barbaridades. Mas eu não tinha dúvida de que isso (o rebaixamento) iria ocorrer, pelos critérios das agências e pelo desajuste do ajuste.

Na avaliação do sr, o que foi esse desajuste do ajuste?

O desajuste do ajuste nasce da crença de que a confiança do setor privado seria recuperada fazendo o ajuste fiscal. Na verdade, foi produzido um efeito negativo sobre a expectativa do setor privado, sobre o comportamento dos balanços, das receitas esperadas, etc.

 

No MS, a questão indígena é um barril de pólvora prestes a explodir

Dois conflitos armados entre indígenas e fazendeiros eclodiram em menos de cinco dias no estado. A letargia do Judiciário e do Executivo é o principal indutor do confronto.

A reportagem é de Márcio Pellegrini e publicada por CartaCapital, 09-09-2015.

O estado do Mato Grosso do Sul viu eclodir, na semana passada, dois conflitos armados entre fazendeiros e indígenas Guarani-Kaiowá em um intervalo de apenas cinco dias, resultando em uma morte e diversos feridos. Os conflitos ocorreram a 160 km de distância, mas envolvem os mesmos atores e possuem as mesmas causas: a letargia do Judiciário e a omissão do Executivo na demarcação de terras indígenas. "Os índios estão esperando há anos por uma solução negociada com o governo federal, mas essa solução não chega e as condições de vida se tornam mais e mais degradantes", afirma Matias Benno, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) do Mato Grosso do Sul. Para ele, a situação no estado é "um barril de pólvora prestes a explodir". Atualmente, o Mato Grosso do Sul é um estado com forte vocação econômica para o agronegócio, setor que foi o principal motor da economia brasileira em 2014. A expansão do setor no estado, no entanto, esbarra em terras indígenas, cujas demarcações estão emperradas na Justiça há décadas. Estes dois elementos explicam o protagonismo do estado como palco dos piores conflitos envolvendo indígenas no Brasil. 

 

A reforma nas regras de anulação de casamentos do Papa irá recalibrar o Sínodo dos Bispos

Em seu mais recente movimento de reforma, o Papa Francisco emitiu dois novos documentos nesta terça-feira (8), tecnicamente conhecidos como “motu próprio”, cujos objetivos são o de tornar mais rápida, mais fácil e menos cara a obtenção de uma anulação matrimonial.

Na linguagem católica, uma anulação significa a decisão de um tribunal eclesiástico segundo a qual uma união entre um homem e uma mulher não foi válida por ter falhado em algum dos requisitos tradicionais (por exemplo: a falta de consentimento genuíno ou a incapacidade psicológica para assumir as obrigações).

A reportagem é de John L. Allen Jr., publicada por Crux, 08-09-2015. A tradução é de Isaque Gomes Correa.

Estas anulações são extremamente importantes no nível da prática religiosa. Isso porque os católicos cujas relações matrimoniais se romperam e que desejam se unir novamente com outra pessoa também na Igreja precisam, antes de tudo, obter uma anulação.

Não é por acaso que Francisco está fazendo este movimento pouco tempo antes de se iniciar o “Ano Santo da Misericórdia”, evento que ele decretou para começar no dia 8 de dezembro, no mesmo dia que essas mudanças passam a valer. Na terça-feira, o papa falou que esta decisão foi motivada por um desejo pastoral de aliviar a opressão causada pela “escuridão ou pela dúvida” no coração das pessoas em relação ao estado civil delas.

 

O pequenino afogado Ayslan Kurdi nos faz chorar e pensar

"Você não morreu, meu querido Ayslan. Foi viver e brincar num outro lugar, muito melhor. O mundo não era digno de sua inocência", escreve Leonardo Boff, teólogo e escritor.

Confiro um trecho do artigo.

O pequenino sírio de 3 a 4 anos jaz afogado na praia, pálido e ainda con suas roupinhas de criança. De bruços e com o rosto voltado ao lado, como quem quisesse ainda respirar. As ondas tiveram piedade dele e o levaram à praia. Os peixes, sempre famintos, o pouparam porque também eles se compadeceram de sua inocência. Ayslan Kurdi é seu nome. Sua mãe e seu irmãozinho também morreram. O pai não pôde segurá-los e lhes escaparam das maõs, tragados pelas águas. Querido Ayslan: você fugia dos horrores da guerra na Síria, onde tropas do presidente Assad, apoiado pelos ricos Emirados árabes, lutam contra soldados do cruel Estado Islâmico, esse que degola a quem não se converte à sua religião, tristemente apoiado pelas forças ocidentais da Europa e dos Estados Unidos. Imagino que você tremia ao som dos aviões supersônicos que lançam bombas assassinas. Não dormia de medo de que sua casa voasse pelos ares em chamas. Quantas vezes você não deve ter escutado de seus pais e vizinhos quão temíveis são os aviões não pilotados (drones). 

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