Edição 462 | 30 Março 2015

HENRIQUE CORTEZ

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Henrique Cortez

Henrique Cortez é jornalista especializado em temas socioambientais, consultor e editor do portal EcoDebate e da revista Cidadania & Meio Ambiente.
Foto: Acervo Pessoal

Creio em...

Ao que parece, as crises cuidadosamente alimentadas na segunda metade do século XX explodiram agora, no século XXI. Muitos desafios se apresentam neste novo século, com destaque para as mudanças climáticas, aquecimento global, hiperconsumo, esgotamento de recursos naturais, crise alimentar, refugiados ambientais, ultraconservadorismo em ascensão, conflitos étnicos e religiosos, intolerância, etc. 

Ao mesmo tempo, dois grandes fatores de superação destas crises se desenvolveram no mesmo período: a universalização da educação e o acesso à informação.

As grandes transformações e avanços que tivemos nestes últimos 50 anos foram impulsionados por estes dois fatores. E também por isto, a universalização da educação e o acesso à informação são odiados pelos setores que estão na vanguarda do atraso.

Acredito, firmemente, que não encontraremos alternativas, para o que quer que seja, se não tivermos a educação e a informação como componentes centrais das discussões.

E, diante de tantas e tão ameaçadoras crises, mais do que nunca, precisamos avançar na educação e no livre acesso à informação. Novas mudanças, em direção a um outro mundo possível e necessário, virão, cedo ou tarde.

A primeira mudança será, evidentemente, na educação, que deve, além de ensinar, nos ajudar a compreender e assumir todas as nossas responsabilidades, individuais e sociais. 

Não há como negar que o acesso à educação de qualidade, a educação cidadã, é essencial para a formação da consciência crítica da realidade, com a qual podemos compreender melhor o mundo à nossa volta e agir pelo futuro que queremos.

Ninguém nasce intolerante, preconceituoso, racista, homofóbico, supremacista, antissemita, islamofóbico, consumista, etc. Estas são atitudes que aprendemos desde o berço, herdadas da intolerância, aberta ou camuflada, de nossos antepassados. Se não tivermos capacidade crítica de compreender nossos próprios preconceitos e superá-los, iremos, certamente, reproduzir o modelo, contaminando o berço de nossos descendentes. 

E, aí, a informação, somada à educação, cumpre um importante papel social.

Neste século, a realidade se transforma rapidamente. Adaptação, atualização e compreensão destas transformações são desafios cotidianos. Ao mesmo tempo, muitas pessoas estão optando pela alienação, pela informação descompromissada. 

Mas, é importante lembrar que alienação e consciência não andam juntas. Se formos sinceros, perceberemos que o problema não está na alienação de programas e matérias, mas na opção dos leitores e telespectadores. 

A sociedade precisa ter acesso à informação — toda e qualquer informação. As pessoas, diante das informações disponíveis, devem optar por qual conteúdo querem. Em certa medida, este é, simplificadamente, o conceito essencial da democratização da informação.

E, exatamente em respeito ao direito de informação, a mídia de consciência deve esforçar-se por sobreviver e demonstrar à sociedade que nossa existência cumpre um relevante papel social.

E, se isto for verdade, é nossa responsabilidade assumir um papel mais ativo no processo, valorizando a educação (com “e” maiúsculo) e motivando os leitores e telespectadores para uma compreensão mais crítica da realidade. 

A sociedade tem direito a optar pela informação alienante e descompromissada, mas nós não temos direito à omissão.

Educação e informação, por maior que seja a nossa alienação, nos levarão à compreensão de que teremos o futuro que fizermos por merecer. Nem mais, nem menos.

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