Edição 460 | 16 Dezembro 2014

Santa Teresa e a revolução espiritual feminina

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Márcia Junges e João Vitor Santos /¬ Tradução: André Langer

Giselle Gómez apresenta uma leitura da mística de Teresa de Jesus pelo olhar feminino, capaz de transformar a experiência de religiosidade de todos os gêneros

“(Teresa de Ávila) Viveu a ousadia de ir além dos espaços assinalados às mulheres, atrevendo-se a converter-se em mestra de espiritualidade.” É dessa Santa Teresa que Giselle Gómez fala em entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line. Giselle revela a face revolucionária da mística, que subverte toda a lógica hierárquica — seja dentro ou fora da igreja — de uma época. Porém, traz à tona ainda a Teresa feminista. É ela quem revela que do lugar da mulher também se pode alcançar Deus. Que Ele está presente desde a divina vocação da mulher de gerar a prole até as tarefas menos nobres que lhe cabem, como limpar o chão que os varões e toda a família pisam.

A entrevista ainda ilumina um conceito de mística para facilitar o entendimento dessa relação da história de vida de Teresa. “A mística é uma experiência que ultrapassa a lógica do fenômeno porque está intimamente relacionada com a lentidão do tempo. O fenômeno é algo rápido, se dá como de repente; a experiência faz parte de um tempo lento e cotidiano”, explica a entrevistada. “Posso afirmar que pronunciar a palavra ‘mulher’ com consciência profunda de nossa própria identidade supõe uma aprendizagem unida ao processo de passar da dependência à liberdade, que se constrói através da superação de condicionamentos psicológicos, sociais, culturais e religiosos. Teresa viveu este processo”, complementa.

Por fim, a história que apresenta fala de uma militante que não se restringe a ensinar que a mulher tem um lugar de adoração e que podem sim alcançar o que os homens buscam. Giselle ainda mexe no sentimento dos varões, mostrando que todos — de todos os gêneros — precisam viver um pouco da mística de Teresa de Ávila. “A pessoa é chamada a viver este mesmo processo de transformação e identificação com Cristo, que supõe mudanças radicais e que implica passar da morte à vida, até chegar a perceber tudo o que acontece ao modo de Deus”, sustenta.

Giselle Gómez é integrante Companhia de Santa Teresa de Jesus. Nasceu na Nicarágua e estudou Psicologia e Teologia. Atualmente vive em Roma e faz parte da Equipe Geral da Congregação, que é responsável pela área de formação. Também acompanha o caminho dos leigos no Movimento Teresiano Apostólico - MTA e faz parte da Comissão Geral da Família Teresiana de Henrique de Osso.

Confira a entrevista.

IHU On-Line - Em que sentido se pode falar de um renascimento da consciência da mulher a partir do legado místico de Teresa de Ávila?

Giselle Gómez - Em primeiro lugar, o que entendemos por mística? Às vezes, imaginamos que consiste nos fenômenos plasmados em tantas obras artísticas. Mas não é assim; a mística é muito mais do que isso. A mística é uma experiência que ultrapassa a lógica do fenômeno porque está intimamente relacionada com a lentidão do tempo. O fenômeno é algo rápido, se dá como de repente; a experiência faz parte de um tempo lento e cotidiano. São João expressa isso maravilhosamente bem: “O que ouvimos, o que vimos com nossos olhos, o que contemplamos e o que nossas mãos apalparam” (1 Jo 1,1).

Em segundo lugar, constatar que nós, as mulheres, por um lado, tivemos que reproduzir o sistema para sobreviver e, por outro, aprendemos a resistir e a realizar desejos transcendentes. À medida que fomos nos fortalecendo em nosso sentido de autonomia e autoidentidade, nossa maneira de nos situarmos impacta de maneira positiva a nós mesmas e os outros.

Dito isto, posso afirmar que pronunciar a palavra “mulher” com consciência profunda de nossa própria identidade supõe uma aprendizagem unida ao processo de passar da dependência à liberdade, que se constrói através da superação de condicionamentos psicológicos, sociais, culturais e religiosos. Teresa viveu este processo. Ela foi capaz de ouvir a si mesma, de aprender a confrontar-se com aquilo que supõe a mudança e de ir construindo outra maneira de ser mulher, até chegar a sustentar afirmações com relação ao papel das mulheres que, por serem consideradas inadequadas, foram censuradas em vários de seus escritos.

Quando a consciência de uma mulher renasce, como aconteceu com Teresa, influi nas pessoas que a cercam, gera uma ação coletiva, uma onda expansiva que brota de uma fonte interior, de um centro espiritual que recria a vida. Espelhar-nos nela nos convida a renascer. Não se trata de imitá-la, mas de descobrir a possibilidade de nos compreendermos através da sua vida e da sua palavra. E, ainda, despertar as nossas próprias potencialidades para forjar histórias criativas, autoliberadas e libertadoras. E dali tornar possível um mundo mais humano e mais divino. Mas, diga-se de passagem, isto é válido também para os homens, embora você tenha me perguntado somente sobre o renascimento da consciência da mulher.

 

IHU On-line - Em que medida ela rompe padrões e “desobedece” a ortodoxia esperada das mulheres de sua época, seja dentro da sua família, quando responde ao seu pai, e dentro da própria Igreja, quando transgride as normas estabelecidas?

Giselle Gómez - Teresa fez muitas opções que implicaram em sair do estabelecido. Poderia dizer muitas coisas. Esta pergunta dá para fazer uma tese, mas ressalto algumas coisas por seu especial significado:

Sendo jovem, como você bem diz, desobedece ao seu pai quando vai para o convento. Em uma sociedade na qual as mulheres tinham que aceitar o marido indicado pelos pais ou o convento indicado por eles, ela decide por si mesma entrar em um caminho que a levaria a descobrir o melhor dela mesma e a implicar-se nos movimentos históricos da realidade de seu tempo.

Já sendo monja, adentra na experiência profunda da espiritualidade. Hoje, isso nos parece que não é tão difícil, mas não foi assim. A ortodoxia vigente permitia e aconselhava as orações vocais. Atrever-se a encontrar Deus no profundo era um perigo. Suspeitava-se de quem defendia que Deus poderia revelar-se à pessoa sem necessidade de uma mediação eclesiástica. A leitura da Sagrada Escritura era patrimônio dos eruditos. Era proibido traduzi-la para a língua do povo. Acreditava-se que o contato com a Palavra prejudicava as mulheres e os ignorantes. Portanto, ter “oração mental” era um atrevimento. Mais ainda, ensinar a outros este caminho. Teresa converte-se em mestra de espiritualidade, mas não apenas para suas monjas. Muitos de seus confessores converteram-se em seus discípulos. De fato, delatam-na à Inquisição, porque se atrevia a chamar o seu confessor de “filho”. Isso era considerado uma inversão da ordem natural, porque se acreditava que todo homem clérigo era superior a uma mulher, por ser homem e pelo poder sagrado. Quem era ela para atrever-se a semelhante coisa!

Em um dado momento da sua vida, sente a necessidade, junto com outras, de voltar às raízes do Carmelo. Não se sente satisfeita em um convento de mais de 100 monjas, no qual as relações não podem ser profundas, em um clima que dificulta a ajuda mútua para viver as exigências da fé. Em meio a uma oposição muito forte, funda um pequeno mosteiro no qual se possa realizar esse sonho. Uma vez validada a sua instituição, Teresa segue fazendo fundações em todo o território espanhol. Sai do âmbito do privado desafiando o lugar assinalado às mulheres, visita as suas monjas, acompanha-as, forma-as... Seu estilo de vida provoca a crítica das autoridades da Igreja, tanto que dela se diz que era “mulher irrequieta e andarilha, desobediente e contumaz, que a título de devoção inventava más doutrinas, andando fora da clausura, contra a ordem do Concílio de Trento e prelados, ensinando como mestra, contra o que São Paulo ensinou ordenando que as mulheres não ensinassem”. Poderia ter desistido, no entanto, segue em frente e sente-se confirmada pelo Senhor que lhe diz: “Diga-lhes que não se guiem por apenas uma parte da Escritura; que olhem outras, e vejam se poderão porventura atar-me as mãos”.

 

IHU On-Line - Teresa é reconhecida por seu papel como reformadora e fundadora de conventos. Como esse “novo estilo de vida” dos mosteiros se relaciona com a mística e a espiritualidade de Teresa?

Giselle Gómez - Teresa quer que suas irmãs acreditem verdadeiramente que não estão “ocas por dentro”, que são mulheres habitadas por Deus. Nisso consiste a formosura e a dignidade da pessoa. Sua maneira de viver nos novos conventos vai conduzindo as irmãs a fazer a experiência desta verdade até que Deus fique impresso em suas entranhas. Para isso, elas têm que se dispor a entrar em si mesmas, passear por seu castelo interior no qual há muitas moradas situadas não de maneira linear, mas antes em forma de espiral. É um itinerário espiritual que supõe, como a palavra entranha, um caminho dinâmico que implica o conhecimento pessoal e o conhecimento de Deus, em Jesus de Nazaré, até familiarizar-se com sua maneira de ser e de agir de forma que se dá um processo de transformação n’Ele.

Para utilizar uma de suas comparações, trata-se do processo do bicho da seda, que se envolve nele mesmo em um casulo feito com os seus próprios fios de seda e chega a converter-se em borboleta. A pessoa é chamada a viver este mesmo processo de transformação e identificação com Cristo, que supõe mudanças radicais e que implica passar da morte à vida, até chegar a perceber tudo o que acontece ao modo de Deus. Todo este caminho do verme convertido em borboleta aponta para sair da autorreferencialidade para a entrega gratuita. A vida nova expressada na borboleta indica que a pessoa viveu um processo de cura transformadora, impulsionada e sustentada por Aquele que habita na morada principal, e que a animava a viver para servir.

 

IHU On-Line - Para além dos êxtases, cujo grande expoente está imortalizado pela estátua de Bernini, qual é a contribuição de Teresa de Ávila para a dimensão cotidiana da fé e da obra? Qual é a novidade da trajetória mística de Teresa de Ávila?

Giselle Gómez - Na história de Teresa pode-se palpar que Deus irrompe no humano de múltiplas maneiras. Ela nos ajuda a redescobrir outras dimensões da espiritualidade que foram emudecidas e que apontam para uma mudança na maneira de compreender a vida e de situar-se na história. Podemos descobri-lo em sua simbologia que ela chama de “comparações grosseiras”, porque sua experiência ultrapassa a eloquência de suas palavras. Por isso é capaz de dizer, no auge da sua experiência espiritual, que a razão de ser da união profunda com Deus (experiência do casamento espiritual) é que nasçam obras.

Por isso dirá também, de maneira mais coloquial, essa frase tão conhecida: “também entre os puncheros  se encontra o Senhor”. Neste sentido, o mundo doméstico, esse espaço tradicionalmente designado às mulheres, converte-se em uma fonte importante para sua expressão simbólica da experiência de Deus.

Encontrar Deus entre os puncheros implica também que Marta e Maria, que tradicionalmente foram separadas pela dicotomia ação-contemplação, andarão juntas. Esta expressão converte-se no grito de Teresa para reconciliar o que significam estas duas mulheres no itinerário espiritual, como vislumbrando o que séculos depois afirmaria a teologia feminina: que as duas figuras não são dicotômicas, mas protótipos de dois estilos de comunidades na Igreja. Para Teresa, estas duas mulheres são ícones inseparáveis que ultrapassam qualquer dualismo e se convertem em transparência de uma mesma realidade: uma vida integrada no amor.

A espiritualidade de Teresa passa pela ética. Ela nos recorda que no centro da experiência mística está a consciência de ser família humana e que, como dirá o seu discípulo João da Cruz, “à tarde te examinarão no amor”. “Ser deveras espirituais”, como ela mesma diz, supõe um processo de libertação do egocentrismo e sair da autorreferencialidade para assumir, a partir de Deus, uma atitude de responsabilidade social, de compaixão para com todos os seres humanos e a criação.

Sua maneira de viver a mística na vida, a dimensão cotidiana da fé, como você diz, conecta-se com a nossa sede de algo mais, com a necessidade profunda de encontrar respostas para as perguntas mais autênticas da vida e para o sentido da existência humana. Com o desejo, não sempre explícito, de tocar o Mistério que habita toda a realidade. Por isso nos convida a entrar no mais profundo de nosso ser e a partir dali acolher a profundidade da vida e a responsabilidade histórica que supõe.

 

IHU On-Line - Em que medida Teresa abre um novo caminho na Igreja em crise?

Giselle Gómez - Em Teresa nos encontramos com uma mulher que sabe situar-se e tomar postura em meio à turbulenta Igreja de seu tempo. Ela oferece sua palavra movendo-se em um delgado fio entre obediência e transgressão e aprende a resistir com a carga de sentido que esta palavra tem hoje (Processo de criação. Criar e recriar, transformar a situação, participar ativamente do processo, como disse Foucault ).

Teresa permanece em fidelidade criativa em meio a um clima de suspeitas até poder dizer no leito de morte: “Dou-vos muitas graças por me haverdes feito filha de vossa Igreja e que acabe eu nela. Enfim, Senhor, sou filha da Igreja”. Muitas vezes espiritualizamos esta frase e lhe damos um significado reduzido, como se a fidelidade de Teresa tivesse sido assentir a tudo acriticamente em nome da fé, também entendida de maneira simplista. Nada mais distante de seu posicionamento. Teresa era uma mulher “espiritual” com tudo o que isso implicava no século XVI. Viveu a ousadia de ir além dos espaços assinalados às mulheres, atrevendo-se a converter-se em mestra de espiritualidade, em escritora e fundadora, em líder de um movimento de reforma de mulheres e de varões. Teve uma profunda capacidade de assumir o risco que supunha o fato de que a consideravam contaminada pelo fenômeno do “iluminismo”. Conseguiu captar o poder da palavra para produzir processos de transformação em pessoas e instituições. Suas cartas são um eloquente testemunho deste convencimento.

Por isso, espelhar-se nela pode ser uma janela para o que você chama de “um novo caminho em uma Igreja em crise”. Provavelmente, se vivesse hoje não faria exatamente o mesmo que fez no século XVI. Mas também hoje seria uma mulher de atitudes em nosso mundo e em nossa Igreja. Teria em pouco sua vida, ou seja, as consequências que significaria dar a entender uma só verdade das muitas que Deus lhe revelava. Diria aos que governam o mundo e a Igreja que não é possível consentir as coisas hoje consentidas, como ela mesma escreve no Livro da Vida (São Paulo: Cia das Letras/Penguin Books, 2010).

 

IHU On-Line - Como se dava a instauração por Teresa de Ávila de comunidades de mulheres pobres, orantes e iguais, em uma sociedade hierarquizada e preconceituosa como aquela de seu tempo?

Giselle Gómez - Já antes lhe dizia que em um dado momento da sua vida ela sente a necessidade, junto com outras mulheres, de voltar às raízes do Carmelo. Não se sente satisfeita em um convento superpovoado que dificultava a autenticidade e a profundidade nas relações, que não propiciava a ajuda e o acompanhamento mútuos fundamentais para uma vida de fé e que se baseava em um modelo hierárquico, estamental , que estabelecia diferenças entre ricas e pobres, nobres e plebeias, assim como na sociedade da época.

Teresa de Jesus tinha origens judaico-conversas, com tudo o que isso significava de exclusão na Espanha de seu tempo. Algumas das primeiras monjas de seu novo convento, São José, assim como ela, formavam parte da linhagem dos conversos. Sabiam o que implicavam os pleitos para a obtenção dos certificados de fidalguia para poderem ser aceitos honrosamente na sociedade. Em 1574, foi introduzido o “Estatuto de Limpeza de Sangue”, que dificultava a inserção na sociedade e na Igreja daqueles que tivessem sangue impuro por descenderem de judeus ou muçulmanos.

Ela nunca falou de sua linhagem judaica, mas estava empenhada em conseguir a igualdade, mesmo que fosse dentro dos muros do seu convento. Ali não havia criadas, nem iletradas, nem escravas. Nos novos conventos jamais se pedirá o Estatuto de Limpeza de Sangue. Para Teresa não contam nem a limpeza de sangue nem a fidalguia, nem era necessário provar a igualdade das pessoas. Diante de Deus todas são iguais.

Por isso, não admite iletradas, criadas nem escravas. Também não aceita maneiras de tratar que indiquem um status superior. Nunca mais usará o título de “Dona”. Impressiona constatar que, nesta nova etapa, deixará de ser Teresa de Cepeda y Ahumada e se converterá em Teresa de Jesus. Também suas companheiras mudam seus sobrenomes civis. Entre elas, o importante era a dignidade de serem filhas de Deus. Por isso pode dizer que em seus conventos “...todas hão de ser amigas, todas hão de se amar, todas hão de se querer, todas hão de se ajudar...”.

 

IHU On-Line - Quais são as principais inspirações que sua trajetória oferece para as mulheres da contemporaneidade?

Giselle Gómez - Poderíamos resumi-las em algumas afirmações simples:

"Teresa nos convida a conhecer a nossa riqueza interior, o que ela, como já disse, chama de “formosura e dignidade” da pessoa. Somos habitadas pelo Deus da vida. Nunca estamos sozinhas. Mas para descobrir esta verdade, faz-se necessário a solidão. Esse espaço no qual nos encontramos com o que realmente somos.

Teresa nos desafia a honrar o valor da convivência, da comunidade, da construção conjunta, da mútua credibilidade, da cumplicidade para tornar possíveis os sonhos e fortalecer-nos nas dificuldades que temos que enfrentar.

Quem faz parte da Igreja, ela incentiva a tomar postura em meio às dificuldades atuais e a buscar estratégias alternativas. Ela assumiu com coragem críticas e julgamentos, teceu relações de cumplicidade, convenceu os seus confessores para que não colocassem obstáculos ao que ela experimentava como desejo de Deus. O que isso significa para nós hoje?

Outro ponto importante é sua maneira de se relacionar com os varões e de viver a liderança com eles. Às vezes é discípula e em muitas outras vezes é mestra, filha e mãe; consulta e aconselha; é irmã e amiga. Ela promove uma nova maneira de relação entre varões e mulheres, na qual é possível viver a ternura e o carinho, a companhia e a solidão, a cumplicidade e as alianças para tornar possível o sonho de Deus na história.

Teresa também nos fala de um modo de viver a liderança e o reconhecimento da autoridade de cada mulher. A cultura patriarcal de seu tempo (e também a nossa em muitas ocasiões) negava a autoridade legítima às mulheres, já que só pertencia aos varões. Esta maneira de pensar era passada por osmose à mentalidade feminina e obstaculizava muito o reconhecimento da autoridade em cada mulher. Teresa favorece espaços nos quais as mulheres aprendem a reconhecer-se autoridade mutuamente. Isto continua sendo um desafio para nós, reconhecer-nos mutuamente a autoridade.

Você pergunta sobre o que Teresa oferece às mulheres atuais. À exceção deste último tema, sobre a autoridade feminina, tudo o que eu disse é aplicável também aos varões. Inclusive, com alguns matizes, este último ponto também é válido para vocês, porque também representa um desafio o reconhecimento da autoridade das mulheres."

 

IHU On-Line - E qual é o seu principal legado e atualidade em um tempo como o nosso, marcado pelo retorno ao sagrado e pela radicalização do ateísmo, por outro lado?

Giselle Gómez - Sua certeza de que tudo está habitado, as pessoas, a realidade, a vida. Tudo está povoado de presença. E por isso sua convicção de que Deus convida a todos, não importa se o sabem ou não. Todas as pessoas têm sede de vida, de sentido, de encontro... Nessa sede está Deus, quer o saibamos ou não. Ela o sabe, por isso convida a entrar, a peregrinar para o interior. Muitas pessoas em nosso mundo sentem este desejo, embora não saibam ou não acreditem que Deus o colocou nelas. À medida que entram, encontram algo, alguém... uma voz interior que impele a escolher a vida. 

Seu legado está plasmado em suas obras e em suas cartas. Ter tido a ousadia de escrever, preservou a sua memória e a sua mensagem.

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