Edição 445 | 09 Junho 2014

Trocas culturais como o mais importante legado dos megaeventos

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Luciano Gallas e Andriolli Costa

Para o sociólogo Francisco Rodrigues, legados intangíveis e intercâmbios culturais com os povos indígenas são os grandes marcos simbólicos da Copa do Mundo de 2014 nas regiões Centro-Oeste e Norte

A Ciência do Esporte possui toda uma linha de pesquisa voltada para estudar os legados dos megaeventos nas sociedades que os recebem. O conceito de legado, no caso, está vinculado a impactos positivos e negativos, de ordem econômica, sociocultural, ambiental, física, política e psicológica. No entanto, os pesquisadores gregos Kaplanidou e Karadakis, por exemplo, apontam que a literatura apresenta mais exemplos positivos, especialmente no caso das “estruturas intangíveis”.

E o que seria esta intangibilidade? Os autores destacam, entre outros, a regeneração urbana, a reputação internacional, o aumento de conhecimento, as trocas culturais e as experiências emocionais. É nesta linha que segue o sociólogo Francisco Xavier Freire Rodrigues, que ressalta a dificuldade de medir e quantificar a dimensão subjetiva dos impactos intangíveis. No entanto, frisa: “Talvez este seja um dos legados mais importantes dos megaeventos esportivos”. E continua: “Mesmo que todas as obras propostas pelos gestores públicos dos estados das regiões Norte e Centro-Oeste para a Copa do Mundo 2014 não estejam prontas, o que se percebe é que haverá legados tangíveis e intangíveis desse megaevento”.

Desde 2008, Rodrigues coordena a pesquisa Esporte e Diversidade Cultural em Mato Grosso: um estudo sobre o futebol entre os índios Umutina. Nesta entrevista, concedida por e-mail à IHU On-Line, ele aborda os impactos positivos da incorporação da cultura indígena nas “obras da Copa”, o futebol como mediador de algumas etnias, as manifestações e reações contrárias ao megaevento no Mato Grosso e os legados físicos e culturais do mundial em Cuiabá.

“Os povos indígenas terão a possibilidade de ampliar as trocas culturais e de reconhecimento internacional de suas culturas durante a Copa do Mundo 2014 em Cuiabá”. Ele completa: “Do ponto de vista simbólico, entendemos que se trata de uma excelente oportunidade”. Além disso, o sociólogo defende que, em termos proporcionais, a capital do Mato Grosso será uma das cidades mais beneficiadas pelo evento. “Estão dando um tom de modernidade para a cidade. Os transtornos conjunturais podem ser superados com a conclusão das obras”.

Francisco Xavier Freire Rodrigues é bacharel em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN, com mestrado e doutorado em Sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Atualmente é professor da Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT, lotado no Departamento de Sociologia e Ciência Política. Atua ainda no Programa de Pós-Graduação em Estudos de Cultura Contemporânea, na mesma universidade. Rodrigues é líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Esporte, Cultura e Sociedade – GEPECS.

Confira a entrevista.

IHU On-Line - A Copa terá algum impacto social, cultural ou estrutural para as comunidades indígenas da região Centro-Oeste?
Francisco Xavier Freire Rodrigues –
Considero que os possíveis impactos da Copa do Mundo 2014 para as comunidades indígenas de Mato Grosso, nesse caso, do Centro-Oeste, são de ordem/dimensão social e cultural, pois não vislumbramos qualquer impacto direto na dimensão estrutural das comunidades indígenas decorrentes desse megaevento esportivo. No entanto, quais seriam os impactos sociais e culturais que a Copa do Mundo 2014 poderá ter nas comunidades indígenas?

Primeiro, podemos dizer que na dimensão social temos a possibilidade de maior participação dos povos indígenas na preparação do evento. Seja como voluntários, como trabalhadores empregados na construção civil, e, portanto, envolvidos nas chamadas “obras da Copa” (obras de mobilidade urbana em Cuiabá/MT), na venda de artesanatos e objetos da cultura indígena. Teremos feiras de artesanato em Cuiabá não apenas na Casa do Artesão, mas na Feira Cultural que ocorrerá no SESI Papa, com venda de comidas, bebidas e artesanatos de diferentes etnias e comunidades indígenas.

Nesse caso, podemos dizer que se trata de um impacto social e econômico, mesmo que os valores prováveis não sejam ainda conhecidos. Fica patente aqui a possibilidade de aproximação entre a cultura ocidental e a cultura indígena, tendo o futebol e a Copa do Mundo como elementos mediadores dessas relações interétnicas. Mesmo assim, ainda se encontram movimentos indígenas que se manifestaram contra a Copa do Mundo, não podemos negar isso.

Outra dimensão a ser destacada é a questão da cultura. Se a cultura indígena está diretamente imbricada na cultura e na identidade regionais de Mato Grosso (e do Centro-Oeste), ao fazer parte das mostras culturais, artísticas e das feiras, espera-se que se tenha um impacto cultural para as comunidades indígenas em decorrência da Copa do Mundo.

Esse impacto pode ser entendido como um possível legado “intangível”, para lembrarmos H. Preuss  (2007) e K. Kaplanidou  & K. Karadakis  (2010), estudiosos dos megaeventos esportivos, o que não é fácil de medir, quantificar, pois entra numa dimensão mais subjetiva, das trocas culturais. Talvez, um dos legados mais importantes dos megaeventos esportivos. Os povos indígenas terão a possibilidade de ampliar as trocas culturais e de reconhecimento internacional de suas culturas durante a Copa do Mundo 2014 em Cuiabá, algo já iniciado no ano de 2013 quando da realização da XII edição dos Jogos dos Povos Indígenas em Cuiabá. Do ponto de vista simbólico, entendemos que se trata de uma excelente oportunidade.
 
IHU On-Line - Em termos gerais, qual é a relação do índio com os esportes e, mais especificamente, com o futebol?
Francisco Xavier Freire Rodrigues –
Os índios são apaixonados pelas práticas corporais e esportivas. Algumas delas com origem nativa, outras foram conhecidas e adotadas pelos indígenas por meio do contato com a cultura nacional. As atividades esportivas tradicionais mais conhecidas praticadas pelos indígenas são akô (corrida semelhante ao revezamento do atletismo, praticado pelo povo Gavião Parkatêjê e Kiykatêjê, do Pará), corrida de tora, Jawari, Kagot, Kaipy, Iwo, Ronkrâ, Zarabatana ,entre outros.

Em relação aos esportes que o chamado colonizador levou para as aldeias, podemos elencar o futebol, vôlei, futsal, remo, entre outros. No caso do futebol, é muito importante dizer que se trata de uma paixão, uma verdadeira “droga” que tomou conta das comunidades indígenas. Trata-se de uma realidade presente na maioria esmagadora das etnias indígenas. A respeito do futebol nas comunidades indígenas, temos alguns estudos importantes, tais como o de J. R. Fassheber  (Etno-desporto indígena: contribuições da antropologia social a partir da experiência entre os Kaingang ), o livro de Fernando Vianna , Boleiros do Cerrado: índios xavantes e o futebol (São Paulo: Annablume, 2008), e a nossa pesquisa Esporte e Diversidade Cultural em Mato Grosso: um estudo sobre o futebol entre os índios Umutina.

O futebol é um mediador cultural entre os povos Umutina (aldeia Umutina, município de Barra do Bugres/MT), pois permite estabelecimento de relações entre os indígenas e a população em geral. O futebol se tornou também um competidor, algo que estabeleceu relações conflituosas entre as diferentes gerações de índios na comunidade Umutina, pois os mais jovens são apaixonados por esta modalidade esportiva, afastando-se de outras lutas, práticas e esportes tradicionais indígenas. Os mais velhos reclamam desse possível monopólio do futebol. Estamos acompanhando a prática do futebol pelos Umutina desde 2008, em campeonatos de futebol amador realizados pelas prefeituras de Barra do Bugres e de Cuiabá, quando o time da aldeia Umutina é sempre convidado a participar.

Esta etnia organiza torneios na aldeia, convidando times de outras aldeias e dos bairros das cidades vizinhas. Os Umutina praticam o futebol (masculino e feminino), vôlei, basquete, pois dispõem de estrutura na própria aldeia. O futebol tem um enorme apelo entre os indígenas, sendo elemento fundamental da sociabilidade indígena e do lazer/entretenimento Umutina. Quase todos os jogadores indígenas têm seus times de coração para expressar o pertencimento clubístico.
 
IHU On-Line - É possível apontar alguma mudança na relação das comunidades indígenas com a Copa do Mundo, comparando-se a competição deste ano com as edições anteriores do evento? Ainda há espaço para aquele velho sentimento nacionalista que unia os brasileiros durante a Copa?
Francisco Xavier Freire Rodrigues –
Comecei a estudar a relação dos indígenas com o futebol muito recentemente, por volta de 2008, por isso, não tenho dados para afirmar se houve mudanças na relação desses povos com o futebol e com a Copa do Mundo. Mas observo que os índios continuam se vestindo de verde e amarelo, com as cores do Brasil, para acompanhar jogos (amistosos, Copa América, e agora Copa do Mundo), revelando o sentimento nacionalista e a brasilidade. Neste ano de 2014, o contexto me parece bem diferente, pois há um descontentamento da população de Mato Grosso com os gastos e investimentos nas obras de preparação de Cuiabá para sediar jogos da Copa (Arena Pantanal, Mobilidade Urbana, Centros de Treinamento, VLT, etc.).

De uma forma geral, a cidade está tímida no sentido de envolvimento com a Copa do Mundo. Ainda são poucas as bandeiras nas avenidas, casas e nos veículos. O clima da Copa está ainda chegando, mas de forma lenta. Os indígenas acompanham esse mesmo movimento. O sentimento nacionalista até o momento é bastante localizado, lento e tímido. O argumento apontado para não vestir a camisa da seleção brasileira é sempre a indignação com os elevados gastos, os atrasos (de 56 obras em Cuiabá, até agora foram entregues apenas 16) e os transtornos provocados pelas obras (desvios, buracos na cidade). Parece que a razão econômica (o cálculo) está predominando, o que não deixa muita margem para o surgimento da ordem simbólica (a lógica do nacionalismo) até o momento em Cuiabá.
 
IHU On-Line - No caso de ter havido mudança de sentimento dos brasileiros do campo e da cidade em relação à Copa, quais seriam suas causas?
Francisco Xavier Freire Rodrigues –
Parece que se trata mesmo do declínio da “Pátria de Chuteiras”. Mas são diversas as causas/fatores que podem ser elencados. A globalização do mercado futebolístico (a maioria dos nossos jogadores da seleção atua fora do país, o que os afasta do torcedor, não permitindo a criação de vínculos de identificação entre atleta e torcida); o destaque dado a outros esportes como vôlei, basquete e ginástica, colocando novas opções para o consumo esportivo por parte dos brasileiros; a relação obscura do futebol com a política; a questão da FIFA e a relação com o governo brasileiro desde o momento em que nosso país foi escolhido para sediar a Copa do Mundo 2014; elevação/aumento da escolaridade da população brasileira tem certamente tornado os indivíduos mais seletivos em termos de opções de lazer e de prática esportiva, bem como um eventual processo de politização da população; o uso político-ideológico do futebol pelos governos (Federal e Estadual); a qualidade das obras e os contratos firmados com empreiteiras para construção das obras da Copa em Cuiabá têm sido objeto de muita discussão; a influência da internet e das redes sociais como veículos de participação da população; e neste caso de 2014, em Cuiabá, o que mais tem afastado a população do “clima da Copa” são os atrasos e os custos elevados das obras (Arena Pantanal custou até o momento R$ 570 milhões), os escândalos recentes na política local (denúncias contra Governador do estado, Deputados e ex-Secretário da Copa), as manifestações políticas contra a Copa, a campanha pesada e sistemática da mídia contra os investimentos na Copa do Mundo e a verdadeira politização da Copa do Mundo 2014, associando diretamente as figuras da Presidenta e do Governador do estado de Mato Grosso com a Copa do Mundo 2014.
 
IHU On-Line - Que legados a Copa deixará para a população das regiões Norte e Centro-Oeste?
Francisco Xavier Freire Rodrigues –
Mesmo que todas as obras propostas pelos gestores públicos dos estados das regiões Norte e Centro-Oeste para a Copa do Mundo 2014 não estejam prontas, o que se percebe é que haverá legados tangíveis e intangíveis desse megaevento. Nos casos de Manaus e Cuiabá, as obras de reestruturação urbana que buscam melhorar o transporte e o embelezamento da cidade são indícios fortes de legados. Em termos proporcionais, Cuiabá será uma das cidades mais beneficiadas — trincheiras, viadutos, o VLT e a ampliação do aeroporto estão dando um tom de modernidade para a cidade. Os transtornos conjunturais podem ser superados com a conclusão das obras.

Além dessa dimensão urbanística, não podemos deixar de mencionar as estruturas esportivas, (Centros de Treinamento e as Arenas da Amazônia e do Pantanal). Um dos Centros Oficiais de Treinamento está sendo construído na Universidade Federal de Mato Grosso, o qual será administrado pela Faculdade de Educação Física da UFMT. São espaços/equipamentos esportivos de primeira qualidade que serão utilizadas pela população local (seja assistindo ou praticando esportes).

No entanto, é importante frisar que as referidas obras foram (estão sendo) construídas com elevados custos e com remoção de moradores de diversas regiões. O aumento do emprego temporário nas áreas do turismo e da construção civil é visível em Mato Grosso. Falando dos legados intangíveis, as trocas culturais e o reconhecimento internacional da cultura dos estados das regiões já citadas são consideráveis. A ideia é que se tenha um novo olhar para estas partes do nosso País, pois se trata de regiões importantes do ponto de vista cultural e econômico.
 
IHU On-Line - Que parcela destes investimentos teve origem na iniciativa privada? Qual é a percepção da população sobre o montante de gastos públicos com a Copa?
Francisco Xavier Freire Rodrigues –
Até o momento no nosso estudo sobre os investimentos na Copa do Mundo 2014 em Cuiabá/MT, não encontramos nas matrizes e nos relatórios do Tribunal de Contas do Estado nenhum dado que indique participação da iniciativa privada nos investimentos. Verificamos que o BNDES, a Caixa Econômica Federal, Infraero e os Governos Estadual e Federal são os responsáveis pelos investimentos na Copa em Cuiabá. O governo estadual terá maior participação.

Percebe-se que, dos recursos destinados à cidade de Cuiabá, a maioria é de responsabilidade do governo estadual, da Caixa Econômica Federal e do BNDES. Desses recursos, cerca de R$ 91,3 milhões serão destinados à reforma e ampliação do Aeroporto Internacional Marechal Rondon. Cerca de R$ 1,15 bilhão  será destinado às obras de Mobilidade Urbana e ao VLT. 

A respeito da percepção da população sobre os gastos públicos com a Copa, o que se constata é que atualmente existe um clima muito pessimista, pois além das cifras elevadas, o atraso nas obras tem gerado muita revolta da população. A maioria da população está revoltada com tudo isso. Diferentemente de 2011, quando realizamos uma pesquisa sobre a Copa em Cuiabá, quando havia uma parcela considerável de pessoas favoráveis e otimistas com os legados da Copa do Pantanal, esperando especialmente melhorias na mobilidade urbana, no transporte público, no nível de emprego e no turismo. Esse otimismo desapareceu em 2013. Temos que aguardar a realização da Copa para que se tenha uma visão mais ampla e complexa sobre esse megaevento e a respeito das percepções da população local.
 
IHU On-Line - A cidade de Cuiabá passou por alguma mudança estrutural ou simbólica para receber a Copa? A população tinha expectativas de que a cidade fosse transformada?
Francisco Xavier Freire Rodrigues -
São muitas as mudanças estruturais na cidade. Cerca de 56 obras no total, sendo que a maioria voltada para melhorar a questão da mobilidade urbana. As mudanças estruturais provocam mudanças na paisagem da cidade, nas manifestações culturais. No entanto, temos que frisar que as mudanças estão em andamento, pois muitos dos projetos do poder público em preparação de Cuiabá não foram encerrados. A construção de viadutos, trincheiras, novas avenidas e das praças esportivas (Arena Pantanal e COTs) são reveladoras de mudanças estruturais e simbólicas na cidade de Cuiabá.

Era grande a expectativa dos cuiabanos em relação à Copa do Mundo 2014, vendo nesta uma excelente oportunidade para modernização da cidade, impulso para o crescimento do turismo. A maior expectativa era com a mobilidade urbana, melhoria do transporte público, o VLT. A população está muito preocupada com os gastos públicos, com os atrasos das obras, transtornos causados pelos desvios e reabertura de ruas, etc. Está pessimista de uma forma geral.
 
IHU On-Line - Qual a extensão das manifestações do ano passado contra a Copa? Há expectativa de novas manifestações durante o evento deste ano?
Francisco Xavier Freire Rodrigues –
Foram manifestações importantes que ocorreram em junho de 2013 em todo o Brasil. No caso de Cuiabá, no dia 21-06-2013, cerca de 10% da população foi para as ruas protestar contra a corrupção e contra a Copa, de certa forma. Essa foi a maior manifestação que a cidade viu naquele ano. Mas foram diversas as manifestações organizadas pelos movimentos que tomaram as ruas do Brasil no ano passado. A internet e, de uma forma particular, as redes sociais contribuíram muito com essa mobilização.

Neste ano, já se tem conhecimento de diversos atos organizados pelo Comitê Popular da Copa contra os gastos e contra a Copa do Mundo da FIFA. Para o dia 13-07-2014, está agendado um evento denominado “Não Vai Ter Copa”, organizado por diversos movimentos sociais. A expectativa é que tenham manifestações nos dias de jogos da seleção brasileira e nos dias dos quatro jogos que serão realizados na Arena Pantanal. O clima é favorável para este tipo de manifestação.

IHU On-Line - O planejamento para a Copa de 2014 contempla a diversidade cultural do país? 
Francisco Xavier Freire Rodrigues –
A ideia de 12 sedes foi pensada no sentido de contemplar a diversidade cultural, étnica e regional do Brasil. Como sempre se verifica uma lacuna entre o que foi pensado e o que é efetivamente realizado, percebemos que a diversidade do nosso país poderia ser mais bem aproveitada e expressa. Grupos reclamam que não foram ouvidos na preparação da Copa 2014. Em certa medida, a diversidade cultural deverá ser contemplada com a Copa do Mundo 2014 no Brasil.
 
IHU On-Line - O que o futebol representa hoje para os brasileiros?
Francisco Xavier Freire Rodrigues –
São diversas as representações que temos do futebol. Para os mais fanáticos é otimismo, festividade, cultura, lazer, sociabilidade e oportunidade de expressão do nacionalismo, de pertencimento à nação. Representa a alma do brasileiro, o jeito de ser, de pensar e de driblar as dificuldades e angústias do dia a dia. O Brasil é conhecido como o país do futebol exatamente por essa paixão que o povo tem por este esporte.

Representa um grande negócio para os profissionais envolvidos na produção e exibição desse futebol-negócio. Para alguns brasileiros, o futebol continua sendo o ópio do povo, um instrumento de dominação política e ideológica, ou seja, espaço para reprodução da corrupção. Isso certamente tem motivado um conjunto de movimentos e organizações que são contra a realização da Copa do Mundo 2014 no Brasil.

Por ser uma modalidade esportiva e cultural multidimensional, o futebol permite a construção de diversos significados para os brasileiros. Vamos aguardar a realização da Copa do Mundo 2014 para podermos acrescentar ou retirar (dos nossos modelos teóricos) outros elementos do futebol como expressão da nossa gente.
 
IHU On-Line - Gostaria de adicionar algo?
Francisco Xavier Freire Rodrigues
– Considero prudente aguardar a realização da Copa para uma melhor avaliação. A Pesquisa que estamos coordenando atualmente pretende fazer uma etnografia no período da Copa, uma análise quantitativa dos investimentos públicos e entrevistas com a população acerca dos eventuais legados desse megaevento.

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