Edição 442 | 05 Mai 2014

Jacques Le Goff e a reinvenção da história

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Márcia Junges e Ricardo Machado

Professor Igor Teixeira faz um resgate das principais obras do historiador francês e traça um perfil da produção intelectual de Le Goff

No dia 1º abril, morreu, em Paris, o historiador francês Jacques Le Goff, aos 90 anos. No ensejo das homenagens e reconhecimentos pelo trabalho realizado na área da história, campo em que se dedicou ao longo de toda sua trajetória profissional e se tornou reconhecido, a IHU On-Line entrevistou por e-mail o professor Igor Teixeira, que aborda a importância do pensamento de Le Goff. “Herdeiro de temáticas e de abordagens realizadas por Marc Bloch, um dos fundadores dos Annales, Le Goff apresentou uma série de análises sobre aspectos variados da sociedade medieval. A obra na qual essa contribuição é significante, por exemplo, é Para um novo conceito de Idade Média (Lisboa: Estampa, 1995). Ali encontramos estudos sobre a relação tempo e trabalho; trabalho e sistemas de valores; cultura erudita e cultura popular; e sobre a chamada antropologia histórica”, explica Igor Teixeira. 

“De um modo geral, o conjunto da obra de Le Goff lançou luzes sobre o estudo do imaginário, da ampla utilização de expressões literárias como documentação importante para o estudo do período medieval e sobre a produção de conhecimento na Idade Média. Ao abordar temas como Os intelectuais e evidenciar métodos de leitura, análise, conteúdo dos curricula universitários e suas despesas, esse autor problematizou a ideia da Idade das Trevas, abandonando-a em prol de uma Idade Média na qual existiam, sim, muitas guerras, miséria e fome, mas também afirmando que Platão e Aristóteles, por exemplo, não passaram despercebidos entre os séculos V e XV”, analisa o entrevistado. “Muitas vezes, pensa-se que na Idade Média as pessoas eram mais ‘ignorantes’ e que acreditar em santos e em demônios era mais comum. Porém, o papa que mais efetuou canonizações foi João Paulo II”, complementa.

Igor Salomão Teixeira é graduado em História pela Universidade Federal de Viçosa – UFV, mestre e doutor em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS. Realizou estágio de doutorando na École des Hautes Études en Sciences Sociales - Groupe d'Anthropologie Scolastique, entre 2009 e 2010. Atualmente é professor Adjunto de História Medieval no Departamento e no Programa de Pós-Graduação em História da UFRGS.

Confira a entrevista.

IHU On-Line - Quem foi Jacques Le Goff?

Igor Teixeira - Jacques Le Goff nasceu em Toulouse no dia 1º de janeiro de 1924. Faleceu em Paris no dia 1º de abril de 2014, aos 90 anos. Historiador de formação, dedicou a maior parte de sua carreira acadêmica aos estudos sobre a Idade Média. Exemplo disso é seu primeiro livro, publicado em 1956, Mercadores e Banqueiros na Idade Média (São Paulo: Martins Fontes, 1991), e um dos seus últimos livros, publicado em 2011, À procura do tempo sagrado: Jacopo de Varazze e a Legenda áurea (este sem tradução para o português — No original: A la recherche du temps sacré. La légende dorée de Jacques de Voragine. Paris: Perrin, 2011). Recentemente foram traduzidas duas obras desse autor: A Idade Média e o Dinheiro (Rio de Janeiro: Record, 2013) e Homens e Mulheres da Idade Média (São Paulo: Estação Liberdade, 2014). O autor também publicou uma série de estudos mais relacionados à teoria e metodologia da história, como o bastante conhecido História e Memória (Campinas: Editora da UNICAMP, 1990), e seu último livro, É realmente necessário separar a história em tiras? (Faut-il vraiment découper l’histoire en tranches? Paris: Le Seuil, 2014), sem tradução para o português até o momento. Le Goff atuou também de forma institucional ao presidir, após Fernand Braudel , a sexta seção da École Pratique des Hautes Études, atual École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS), destino de muitos pesquisadores brasileiros nas áreas de História, Filosofia e Ciências Sociais .

 

IHU On-Line - Qual é o contexto do surgimento dos Annales , o que são eles e qual é a sua importância para a historiografia?

Igor Teixeira - Após a Primeira Guerra Mundial e a localização de muitos jovens pesquisadores em universidades fora dos grandes centros, gerou-se uma intensa colaboração e reflexão sobre a história e seus métodos. Marc Bloch  e Lucien Febvre  desde 1920 tentavam, em diálogo com outros colegas de Estrasburgo, fundar uma revista. Essa negociação teve fim em 1929, quando a editora Armand Colin, de Paris, adotou a proposta. 

Na base da proposta da revista estavam: a) interdisciplinaridade; b) a relação importante e indissociável entre passado e presente — que fundamentava a noção de história problema; c) o imperativo do conhecimento indireto sobre o passado, que transmite a ideia de construção e que, por isso, o historiador devia estar atento às condições, elementos e problemas que podiam ser objeto de história. A partir da noção da história como “ciência dos homens no tempo”, houve uma multiplicação do que poderia ser estudado em trabalhos de historiadores. 

Nos primeiros tempos da revista também houve certo distanciamento da história política, classificada muitas vezes como história tradicional, que daria conta apenas da “evolução” das instituições. Como indicava o título original do periódico, o foco estava na história econômica e social. A revista Annales d’Histoire Économique et Sociale mudou de nome algumas vezes de sua fundação à década de 1990. Atualmente sob o título de Annales. Histoire, Sciences Sociales, é publicada pela École des Hautes Études en Sciences Sociales, antiga VI seção da École Pratique des Hautes Études de Paris .

Como indicado anteriormente, Jacques Le Goff foi um dos criadores desse centro autônomo de altos estudos. Também foi um dos diretores da revista dos Annales. Tratava-se de uma direção “colegiada”, descentralizada, como nas duas “gerações” anteriores, a saber, a de Bloch e Febvre e a de Fernand Braudel e Charlez Morazé . Le Goff, juntamente com André Burguière , Marc Ferro , Emmanuel Le Roy Ladurie  e Jacques Revel  comandaram uma reorientação dos interesses da revista. Segundo Christian Delacroix , François Dosse  e Patrick Garcia, a chamada terceira geração dos Annales, a partir de 1968, marca uma aproximação acentuada com a antropologia e com a ideia de uma temporalidade mais lenta. Para esses autores, há uma orientação nítida para temas do cotidiano, como casamento, batizado, nascimento e morte. Essas abordagens também passam a ser vistas como processos de mutações lentas . E essa é uma das características marcantes da chamada história das mentalidades.

 

IHU On-Line - Quais são as peculiaridades e a originalidade de sua “história das mentalidades”?

Igor Teixeira - A principal característica em torno da noção de mentalidade — da qual Jacques Le Goff foi, talvez, o porta-voz mais proeminente — é a sua imprecisão conceitual. Nos anos 1960, os historiadores envolvidos no projeto da revista Annales procuraram se distanciar das abordagens marxistas, que consideram a luta de classes como foco privilegiado de análise.

Em importante texto, o próprio Jacques Le Goff afirmou que se tratava de uma “história ambígua” . Porém, essa ambiguidade foi duramente criticada na medida em que se pretendia analisar o que os homens e as mulheres de uma sociedade pensavam em comum sobre diferentes aspectos. Essa história das mentalidades, ao mesmo tempo em que jogava luz sobre as crenças, a psicologia e os sonhos — que provocou amplo eco na produção historiográfica posterior, até os dias de hoje, sob novos nomes como história das práticas e das representações, imaginário, “nova história”, “história cultural”, “nova história cultural” — era acusada de acabar com as diferenças entre grupos sociais, entre as classes .

 

IHU On-Line - Em que sentido os estudos de Le Goff renovaram a visão que tínhamos da Idade Média?

Igor Teixeira - O legado de Jacques Le Goff na renovação dos estudos sobre o período medieval está diretamente relacionado às duas perguntas anteriores. Herdeiro de temáticas e de abordagens realizadas por Marc Bloch, um dos fundadores dos Annales, Le Goff apresentou uma série de análises sobre aspectos variados da sociedade medieval. A obra na qual essa contribuição é significante, por exemplo, é Para um novo conceito de Idade Média (Lisboa: Estampa, 1995). Ali encontramos estudos sobre a relação tempo e trabalho; trabalho e sistemas de valores; cultura erudita e cultura popular; e sobre a chamada antropologia histórica. Nas duas primeiras partes há uma interessante reflexão sobre como Jules Michelet  (1798-1874) abordava o período medieval. Mas destaco dois capítulos sobre o tempo: “Na Idade Média: Tempo da Igreja e tempo do mercador” e “O tempo do trabalho na crise do século XIV: do tempo medieval ao tempo moderno”. Igualmente importantes são os capítulos sobre “Cultura eclesiástica e cultura folclórica na Idade Média: São Marcel de Paris e o Dragão” e “Os sonhos na cultura e a psicologia coletiva do Ocidente medieval”. Esse historiador também circulava de forma singular entre obras de síntese e divulgação, como A civilização do Ocidente Medieval (Bauru: Edusc, 2005) e Heróis e Maravilhas da Idade Média (Petrópolis: Vozes, 2011), e estudos extremamente densos e, até mesmo, de difícil compreensão em uma primeira leitura, como a biografia de São Luís. 

De um modo geral, o conjunto da obra de Le Goff lançou luzes sobre o estudo do imaginário, da ampla utilização de expressões literárias como documentação importante para o estudo do período medieval e sobre a produção de conhecimento na Idade Média. Ao abordar temas como Os intelectuais e evidenciar métodos de leitura, análise, conteúdo dos curricula universitários e suas despesas, esse autor problematizou a ideia da Idade das Trevas, abandonando-a em prol de uma Idade Média na qual existiam, sim, muitas guerras, miséria e fome, mas também afirmando que Platão  e Aristóteles , por exemplo, não passaram despercebidos entre os séculos V e XV.

 

IHU On-Line - Quais foram os temas fundamentais sobre a Idade Média a respeito dos quais Le Goff se debruçou?

Igor Teixeira - Le Goff estudou praticamente tudo sobre a Idade Média ocidental. Alguns temas de forma mais aprofundada, outros, nem tanto. Na sua vasta produção bibliográfica identificamos, então, abordagens e análises sobre economia, religião e religiosidades, cidades, corpo.

Em todas essas obras podemos destacar um especial interesse do autor em relação às produções literárias e teológicas. Inclusive, segundo o próprio Le Goff, seus livros preferidos eram Os intelectuais na Idade Média (Rio de janeiro: José Olympio, 2006) e O nascimento do purgatório (Lisboa: Estampa, 1995). E, talvez, nesse aspecto, estejam as principais contribuições do autor aos estudos medievais. As ideias sobre mentalidade e imaginário, por exemplo, se destacam nas discussões entre especialistas, tanto para criticar quanto para desenvolver aspectos indicados por aquele historiador. Dessa forma, além das obras já mencionadas anteriormente, podemos indicar, como elementos interessantes da diversificada análise que o autor realizou sobre o período medieval, os seguintes livros: A civilização do Ocidente Medieval (2005); Para um novo conceito de Idade Média (1995); São Luís (Rio de Janeiro: Record, 1999, obra que, segundo o autor, foi a que mais apresentou obstáculos para a realização da pesquisa e confecção do livro); e a mais recente, em língua portuguesa, A Idade Média e o dinheiro (2013).

 

IHU On-Line - O que ele queria dizer com “Longa Idade Média”?

Igor Teixeira - A tese da longa Idade Média está diretamente relacionada ao conceito de mentalidade, ou, no mínimo, à forma como Jacques Le Goff entendia a passagem e a transformação lenta e a longa duração dos processos históricos. Entrevistas e reflexões desse autor foram reunidas no livro Uma longa Idade Média (Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008), publicado no Brasil. As entrevistas foram publicados na revista L’Histoire, entre 1980 e 2004.  Nessa série de declarações, Le Goff afirma explicitamente que as datas que são fixadas para marcar o início e o final dos períodos históricos prestam um desserviço à reflexão. O autor reforça o argumento repetido por inúmeros historiadores de que a Idade Média nasceu do “desprezo” dos humanistas e renascentistas dos séculos XV e XVI.  No entanto, para Le Goff, a Idade Média só acabou com a Revolução Francesa. Essa reflexão sobre o tempo e os processos históricos na longa duração, é, portanto, um traço característico do conjunto dos estudos desse historiador. A tese da longa Idade Média também pode ser verificada na obra de Jérôme Baschet , a saber, A civilização feudal: do ano mil à colonização da América .

 

IHU On-Line - Quais foram suas descobertas a respeito do purgatório na Idade Média?

Igor Teixeira - Le Goff afirmou ao historiador brasileiro Hilário Franco Júnior  que o livro O nascimento do purgatório é um de seus favoritos . O livro é dividido em três partes e considera uma ampla relação entre os homens e o além. A originalidade desse “terceiro lugar”, que é o purgatório, está, dentre outras coisas, na constituição de uma nova relação entre os vivos e os mortos. Para criar esse novo lugar, a igreja cristã realizou amplas reflexões teológicas, litúrgicas e pastorais. Isso, por si só, já foi importantíssimo, pois boa parte do desenvolvimento filosófico entre os séculos XII e XIII veio a partir da necessidade de caracterizar o purgatório. Por exemplo: Qual o lugar para cada pecador? Quanto tempo purgar? Como seriam as penas? E o que fazer com os que viveram antes do cristianismo? Para responder a essas perguntas, teólogos criaram categorias de pecados (carnais, veniais). Os sete pecados capitais ganham, nesse período, uma formulação mais elaborada. Um clássico da literatura ocidental nasceu e se consolidou a partir dessa proposição. Estamos falando da obra A Divina Comédia, de Dante Alighieri (São Paulo: Atena, 1955).

 

IHU On-Line - Historiador renomado, Le Goff era, também, atento ao mundo no qual vivia. Como se dava seu diálogo com os tempos em que vivia?

Igor Teixeira - Le Goff produziu, desde 1966, o programa Les Lundis de l’histoire para a rede France Culture. O programa de rádio colocava o Jacques Le Goff historiador, dos livros, da erudição, em uma situação ainda incomum à maioria dos historiadores, que é falar para um público mais amplo que o da academia. Nesse programa são tratados assuntos atuais na pesquisa histórica, entrevistas com autores de livros e debates temáticos mais específicos . Mas, além disso, Le Goff dirigiu e publicou uma série de obras que tinham como função e finalidade divulgar o conhecimento sobre a Idade Média . Em relação a temas atuais e à importância do entendimento dos processos históricos, na obra As raízes medievais da Europa (Petrópolis: Vozes, 2006), o autor questiona se a identidade europeia teria se constituído em torno de raízes cristãs. A principal questão que motivou Le Goff nessas reflexões foi a possibilidade de entrada da Turquia na União Europeia. Entrada com a qual o historiador não concordava .

 

IHU On-Line - Em entrevista à revista IHU On-Line em 2006, Le Goff afirmou que Roma exerceu um papel paradoxal para o surgimento da Idade Média, pois era seu alimento e paralisia. Quais são os nexos que permanecem desse legado romano da Idade Média até nossos dias?

Igor Teixeira - Vou responder a essa pergunta a partir do meu objeto de pesquisa, a saber, o culto aos santos . Considerando o cristianismo como um fenômeno dos tempos romanos e que progressivamente o chamado Império Bizantino — ou, simplesmente, Império Romano (porque entendiam-se como continuadores de Roma e não necessariamente algo diferente do que acontecia no Ocidente) com sede em Constantinopla — incorporou essa crença universalista e monoteísta como parte de sua expressão política, podemos, então afirmar que o cristianismo é um legado romano. Aliado a isso, as recentes canonizações de Frei Galvão , Padre Anchieta  e os processos de Nhá Xica  e Odetinha  trouxeram à tona, no Brasil, uma série de manifestações sobre a crença em milagres e nesses seres excepcionais, que são os santos. Mais recentemente, ainda, a canonização de João Paulo II  e João XXIII  mostram fortemente o exercício do poder dos papas e sua influência direta na crença dos fiéis. 

O culto aos santos sempre existiu no cristianismo. Temos acesso a essa crença a partir de inúmeros indícios do passado trazidos à luz da arqueologia, das imagens e das hagiografias — relatos sobre vidas de santos . Os mártires das primeiras perseguições romanas são até hoje importantíssimos na estrutura dos cultos católicos. Por volta do século XI a Igreja passou a instituir a necessidade jurídica de um processo para a averiguação da chamada fama de santidade atribuída a homens e mulheres, principalmente, nas proximidades de seus locais de morte e sepultamento. O processo de canonização é, então, contemporâneo do momento no qual o direito romano era “redescoberto” no Ocidente e também da compilação/elaboração do que ficou conhecido como Código de Direito Canônico. Através desse instrumento, os papas deixavam evidente que a responsabilidade e o poder de reconhecer quem poderia ser cultuado como santo era uma prerrogativa do pontífice.

Com o tempo foram sendo instituídas as diferenças entre santos e beatos, veneráveis, servos do senhor... etapas que passaram a ser exigidas até a canonização. Da primeira “instância”, a saber, a de “servo do senhor” à última, a saber, a canonização, dois milagres passaram a ser considerados itens indispensáveis. Muitas vezes, pensa-se que na Idade Média as pessoas eram mais “ignorantes” e que acreditar em santos e em demônios era mais comum. Porém, o papa que mais efetuou canonizações foi João Paulo II. Isso pode ser explicado, por exemplo, como uma tentativa da Sé Apostólica a enfrentar as constantes perdas de fiéis para os movimentos neopentecostais. Um indício desse fenômeno é a reabilitação na Igreja da figura do Padre Cícero , importantíssimo no culto popular no Nordeste do Brasil. Essa reabilitação ficou a cargo do então cardeal Joseph Ratzinger  (papa Bento XVI entre 2005-2013), atual Pontífice Emérito de Roma. O atual papa, Francisco, no dia 27 de abril de 2014, exercendo essa prerrogativa papal, canonizou João XXIII com apenas um milagre reconhecido e não explicado pela ciência. 

Concluímos, então, que, embora a distância temporal que temos atualmente em relação ao período medieval — e geográfica, porque não tivemos período medieval na história do Brasil —, o cristianismo é um legado romano portador de elementos que estruturam até hoje a forma como boa parte da nossa sociedade contemporânea lida com o sobrenatural e com o sagrado. Além disso, o exercício do poder do papa — ter o direito/poder de canonizar alguém mesmo quando não é obedecida a regra para tal — é um elemento que não pode ser negligenciado. A diferença é que, na Idade Média, esse poder foi constantemente colocado em xeque, tanto por membros da própria Igreja — vide as constantes nomeações de papas e antipapas tão comuns nos séculos finais do período medieval — quanto por reis e imperadores, como atestam as excomunhões e, até mesmo, o “sequestro” de um papa pelo rei Filipe, o Belo, da França em 1303. Atualmente, não se tem tanta proeminência nesse tipo de contestação, mas não podemos negar à Igreja Católica um lugar importante na configuração do mundo contemporâneo.

 

Leia mais...

- Roma, alimento e paralisia da Idade Média. Entrevista com Jacques Le Goff na edição 198 da IHU On-Line, de 02-10-2006.

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